Lourenço Pinto, ex-presidente da Assembleia Geral do FC Porto

Lourenço Pinto em confronto com a juíza: «O senhor está a raiar a má educação e desobediência»

Antigo presidente da Assembleia Geral repreendido ao prestar declarações

Foi tenso o depoimento de Lourenço Pinto, ex-presidente da Assembleia Geral do FC Porto, e que presidiu à ordem dos trabalhos na famigerada Assembleia Geral, que resultou nas agressões de alguns sócios dos dragões. O antigo dirigente começou por assumir conhecer «alguns dos arguidos» e explicou o porquê de não estarem jornalistas na Assembleia Geral. «A AG é privada e a Comunicação Social tem solicitar, com aviso prévio, entrada, mas há mais de 20 anos que não tem tido e entrada e como tal manteve-se privada. Não recebi nenhum pedido da Comunicação Social, nem esta em questão nem nenhuma dos últimos 20 anos. Fui a todas as assembleias do FC Porto desde 1962 e não é necessário constar de uma ata. A AG é privada e o presidente da AG tem o poder ou não de aceitar os pedidos da Comunicação Social», disse. 

E deu a sua visão do que sucedeu na reunião magna: «Ninguém me comunicou que não havia condições para a realização da AG. Isso é tudo uma atoarda.  A AG no Pavilhão começou muitíssimo bem e sem qualquer alteração. Falou Pinto da Costa, colocou em causa alguns dos estatutos e a AG sempre bem comportada. Não era uma missa, mas tudo normal...Depois falou Miguel Braz, que tinha sido indicado por uma lista contrária de PC. Foi apupado várias vezes, mandei calar várias vezes, e nessa altura verificou-se confusão na bancada norte. Cerca de 100 pessoas saíram para o ringue. O Henrique Ramos pediu o uso da palavra, houve reação da bancada quando se dirigiu às casas e à falta de capacidade das casas na votação. Foi várias vezes interrompido e quando acabou, foi para a bancada e provocou uma altercação que resultou num pontapé e num soco. Foi a primeira vez que vi uma altercação corporal numa AG e de imediato suspendi a AG. Piropos é normal, mas faltas de respeito e agressões não tolero», evocou o ex-presidente da MAG do FC Porto. 

O momento mais acalorado no Tribunal deu-se quando a juíza questionou o ex-dirigente por que razão não tinha suspendido a reunião magna mais cedo. «Se sabia que não ia haver votação, porque não decidiu suspender imediatamente a AG dado que o objetivo nunca seria concretizado, porque é que passaram do auditório para o pavilhão?», questionou a juíza, levando a uma resposta dura de Lourenço Pinto: «Francamente, fazerem esta pergunta a mim. Admiro-me que seja feita a mim. AG faço-as ainda a srª juíza não era nascida. Foi estratégia, entendi que não havia condições de votação, mas os sócios tinham o direito a reunir-se. Não era justo ter os sócios cá fora e serem mandados embora. Tem de haver carinho e respeito pelos sócios». A juíza insistiu. «Está a dizer-me que mesmo sabendo que não ia ser votado qualquer estatuto, a reunião passou para o pavilhão pelo direito à reunião dos sócios?», questionou, com Lourenço Pinto a atirar: «Eu não admito que o tribunal faça as perguntas e dê as respostas». E a juíza Ana Dias perdeu a paciência: «O senhor está a raiar a má educação com o tribunal. Está a raiar já a desobediência. Está no limite», ameaçou.

A ausência da PSP no recinto foi igualmente abordado. «Ninguém me comunicou necessidade. E também não me compete marcar o local da AG, isso é da competência do presidente do clube», frisou, negando ter sido contactado por algum elemento da PSP a comunicar-lhe que não havia condições de segurança para a realização da AG. «No meu entendimento nem seria possível usar o Dragão Arena, só tive conhecimento da disponibilidade do Dragão Arena às 21h30», disse. 

Lourenço Pinto assegura que os regulamentos foram cumpridos. «Há regulamentos a cumprir. A convocatória é clara. A AG ou começa com metade dos sócios do clube ou começa meia-hora depois com qualquer número de sócios presentes. Caso contrário era bicha, bicha, bicha e não se fazia nada. Eu não dei mais tempo para os sócios entrarem na AG, dei mais tempo para se permitir a organização do Dragão Arena», explicou. 

Questionado pela juíza sobre a lista de sócios credenciados que Lourenço Pinto enviou para a PSP, o ex-líder da MAG explicou a sua origem. «Os serviços do clube fizeram chegar à minha mão as informações que transmiti. Sócios, pessoas credenciadas para fazer a segurança. O número de credenciados não correspondia ao número de pessoas presentes. Era uma diferença abissal. Algo correu mal e a Polícia quis saber porque essa diferença causou problemas à Polícia. Fiz uma relação exaustiva dos credenciados, porque muitos do que lá estava violaram aquilo que estipulamos», salientou Lourenço Pinto, acrescentando que eram «cerca de 200 a 300» as pessoas que entraram sem estarem credenciadas.

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