Estoril-FC Porto, 1-2 Mora no Dragão um dos mais brilhantes diamantes do futebol português: as notas dos jogadores do FC Porto
Rodrigo, que até nem estava nos seus melhores dias, resolveu com magia um jogo que o FC Porto dominou, mas estava mais complicado do que era suposto. Que classe
MELHOR EM CAMPO: RODRIGO MORA (7)
Não estava a ser das tardes mais inspiradas que já tem tido. Deu-se sempre ao jogo, mas o Estoril foi conseguindo, de uma forma ou outra (muitas vezes em falta, é inevitável) travar a criatividade de Rodrigo Mora. Começou formalmente na direita do tridente ofensivo portista, deixando a esquerda para Pepê. Mas este trio foi muito móvel e todos eles foram recuando no terreno, de costas para a baliza, quer na sua zona de jurisdição quer nas dos companheiros. Menos inspirado e muito lutador, encontrou a chave do jogo justamente na meia esquerda. Aproveitou um belo passe de Alan Varela, correu por ali fora, deu de calcanhar para Francisco Moura, recebeu de novo já na área, simulou o remate de pé direito, sentou um adversário direto e aplicou-lhe uma esquerda indefensável. É um diamante e já nem sequer está em bruto.
5 Diogo Costa — Ainda bem que não estava aquele vento tão típico do Vale da Amoreira, caso contrário Diogo Costa ou morria enregelado ou teria de ter passado os 90 minutos a exercitar-se. À exceção de um ou outro cruzamento blocados com facilidade e de um remate de Guitane aos 49 minutos, só foi chamado a intervir no penálti contra o FC Porto (indefensável como qualquer penálti bem marcado) e em solicitações dos próprios companheiros. Sempre regular, apenas teve de mandar um charuto para fora na primeira parte.
5 Nehuen Pérez — Controlou com competência o pouco que teve para controlar. Aos 63 minutos quase marcou, na sequência de uma boa jogada de Fábio Vieira. Pareceu desgastado, com cãimbra aos 72 minutos, e viu amarelo aos 75 por uma falta sobre Fabrício.
7 Eustáquio — A jogar à Beckenbauer (na posição, calma!), foi incumbido de iniciar boa parte das fases de construção do FC Porto, subiu na maior parte do tempo para o meio-campo mas apareceu na área sempre que o novo estatuto formal de membro de uma linha de três defesas o exigiu. Errou um passe na segunda parte, de resto não se lhe notaram falhas. Está em pleno processo de afirmação.
6 Marcano — Cometeu, com imprudência, o penálti que deu a vantagem ao Estoril logo aos 12 minutos, mas torna-se mesmo muito difícil não ser imprudente nestes tempos do VAR, ainda por cima depois de a bola resvalar na própria coxa. Teve um pouco mais de trabalho para despachar que Nehuen e fê-lo sempre com a autoridade dos 37 anos, notando-se cada vez menos que foi obrigado a uma paragem bem mais longa do que qualquer profissional de futebol merece.
5 João Mário — Cumpriu, esteve até bastante em jogo, mas faltou-lhe alguma da centelha atacante que tantas vezes já demonstrou. E a equipa estava a precisar dela, sobretudo na primeira parte. Sabe ser mais acutilante e objetivo.
6 Fábio Vieira — Mais uma boa exibição portista na Amoreira. Foi sempre dos mais mexidos do meio-campo, tentou o remate, procurou alternativas e foi bastante fustigado por faltas, nomeadamente no primeiro tempo. Tem um belo remate aos 24 minutos e aos 63 ofereceu a Pérez, de bandeja, o que então seria o 2-1. Pareceu decair fisicamente com o andar da segunda parte.
6 Alan Varela — É uma formiga incansável, autêntico operário que entrega trabalho invisível aos olhos mais mediatizados e aos holofotes da fama. A quantidade de bolas que recupera e a forma como a maior parte delas segue direitinha para companheiros em transição defesa-ataque é muito relevante. Ficou tudo mais à vista aos 65 minutos, quando aproveitou o mau passe de João Carvalho e soltou Rodrigo Mora para a jogada do golo que decidiu a partida.
6 Francisco Moura — Cresce de jogo para jogo, entrando na reta final da época a justificar plenamente a aposta do FC Porto na aquisição dos seus direitos desportivos ao Famalicão. A tabela com Mora no segundo golo azul e branco coroou um bom final de tarde passado por Francisco no Estoril.
7 Samu — Cansou de ver. Da frente para trás para receber bolas e criar espaços para os companheiros, de trás para a frente para criar ele próprio os problemas à defesa canarinha, Samu não parou. O golo que marcou, de penálti, fez jus a tudo o que trabalhou durante os 90 minutos.
6 Pepê — É um desequilibrador, jogue na esquerda, no meio ou na direita. Teve momentos a roçar o sublime (aquele passe aos 10 minutos para um golo anulado a Samu...!). Mas é de intermitências — ora brilha de forma refulgente, ora se apaga misteriosamente, tudo isto numa hora e um quarto.
5 Gonçalo Borges — Ajudou a equipa a manter-se largos minutos na frente de ataque durante o período em que o Estoril queria procurar o empate.
5 André Franco — A segunda formiga da tarde, segurando o meio-campo nos tais 15 minutos finais que poderiam ter sido de maior pressão estorilista.
- Martim Fernandes — Competente na fase final do jogo.
- Deniz Gul — Esteve lá na frente, na reta final, a terminar o trabalho de desgaste já garantido por Samu.
6 Zé Pedro — Perguntar-se-á o leitor: como é que um indivíduo que entrou aos 90 minutos tem uma nota positiva e alguns dos outros que entraram antes nem direito a nota têm? Fácil de explicar. Dois minutos depois de estar em campo, o Estoril bateu um canto e Marqués estava com tudo para fazer o empate — só que surgiu Zé Pedro com um corte providencial de cabeça. Às vezes, menos é mais. Aqui foi certamente e valeu dois pontos.
Mais do mesmo, olhem para o Braga e cuidado com o Santa Clara.