«Cristiano Ronaldo sempre foi o comandante»
Hugo Almeida foi uma das pessoas mais próximas de Cristiano Ronaldo na Seleção

ENTREVISTA A BOLA «Cristiano Ronaldo sempre foi o comandante»

SELEÇÃO18.06.202401:00

Hugo Almeida vestiu a camisola da Seleção em 54 ocasiões, somou dois Europeus e outros tantos Mundiais, mas é em terras germânicas que é recordado como o ‘bombardeiro de Bremen’. Agora, do lado de fora, a trabalhar no Sepahan, do Irão, diz a A BOLA estar a torcer por Portugal num país especial para o ex-avançado que desejou: «Tragam o caneco!». E no final ainda recordou aquele episódio em que CR7 lhe chamou de comandante da equipa portuguesa

- Antes de falar das suas expetativas para Portugal gostava de lhe perguntar: como se vive um Europeu no Irão?
- O Europeu vive-se de forma intensa, como é lógico, apesar de não estar apesar de não estar no seio do nosso País, a viver o ambiente em si, as pessoas nas ruas, o que acontece por aí, aqui somos seis portugueses a viver, nesta equipa técnica, e vivemos tudo intensamente, com emoções, muita esperança de que Portugal comece com o pé direito e consiga trazer o caneco ou ir o mais longe possível neste Europeu.

- Não vai ter oportunidade para assistir a nenhum jogo?
- Infelizmente não terei essa oportunidade, uma vez que estou a trabalhar como adjunto de José Morais no Sepahan [Irão] e teremos de nos apresentar no dia 5.

Hugo Almeida vai estar atento ao percurso de Portugal na Alemanha

- Portugal quer voltar a fazer história num Europeu. Há quem diga que esta é uma das melhores gerações de sempre. Concorda?
- Sim… penso que Portugal tem uma geração muito, muito boa. Agora se será óbvio que possa ser uma das melhores gerações de sempre, não sei. Não o posso confirmar. O futebol mudou, as pessoas mudaram, muitas das coisas que se pensava a nível do futebol hoje em dia já é diferente. Atualmente temos jogadores jovens a aparecer muito cedo nos grandes clubes e seleções e antigamente isso era quase impensável. Mas que temos grandes jogadores, nas melhores equipas do mundo, temos. Somos um país muito pequeno e temos sempre jogadores no top-10 dos melhores do mundo.

A nova pele de Hugo Almeida que agora começa a carreira de treinador

- Aqui na Alemanha ninguém esquece o Hugo Almeida, especialmente aquele remate. É um país especial para si?
- Claro. Muito. Foi onde passei dos melhores momentos da minha carreira, onde me dei a conhecer como jogador, as pessoas começaram a seguir-me e admirar-me, fiz por aí uma grande carreira do qual me orgulho. Devo muito a esse treinador [Thomas Schaaf] no Werder Bremen e também à Bundesliga porque hoje sou reconhecido pela carreira que construí nessas cinco épocas [de 2006 a 2010]. Que Portugal seja tão feliz como eu fui na Alemanha!

- A expetativa é elevada. Acredita que Portugal pode voltar a uma final e repetir 2016?
- Penso que sim. Claramente. Apesar de existirem fortes candidatos, como a França, Inglaterra, Alemanha que joga em casa, a Itália que é campeã em título, Espanha que é sempre uma seleção muito difícil, penso que Portugal estará sempre neste lote de quatro, cinco seleções muito fortes e que são candidatas a vencer o torneio.

Atualmente temos jogadores jovens a aparecer muito cedo nos grandes clubes e seleções e antigamente isso era quase impensável. Mas que temos grandes jogadores, nas melhores equipas do mundo, temos. Somos um país muito pequeno e temos sempre jogadores no top-10 dos melhores do mundo

Hugo Almeida fala da experiência fantástica que teve no Werder Bremen na Alemanha

- O que é mais importante, numa prova como esta, pela sua experiência, para uma equipa ter sucesso?
- Existem alguns fatores decisivos. O primeiro, dos mais importantes, passa pelo momento individual. Porque é uma época longa, muitos jogadores contabilizaram mais de 50/60 jogos, é impossível não haver um desgaste. E para se ganhar numa prova destas é preciso saber como está o jogador fisicamente e emocionalmente. E depois como o grupo se sentirá como a equipa, porque uma seleção não trabalha diariamente, e no final, claro está, uma pontinha de sorte naqueles jogos que decidem tudo. Esses são os fatores englobados, como é lógico, na qualidade de cada jogador e seleção.

- Há alguma história que recorde dos Europeus de 2008 e 2012 em que participou?
- São sempre aquelas que guardamos para nós. Não gosto muito de partilhar porque englobam outras pessoas. É mais o companheirismo, o que fazemos nos tempos mortos, sempre em brincadeiras, sobretudo a jogar as cartas. Atualmente já não é bem assim, é mais Playstation [risos], a rivalidade só existe nesse tipo de jogos. Além de alguns momentos de treino, são as ligações mais fortes que se criam e ajudam a formar uma verdadeira equipa, boas camaradagens e grandes famílias. Isso é o que levo de melhor de todas as provas, Europeus ou Mundiais onde estive.

Hugo Almeida coloca Portugal entre as candidatas a vencer o Europeu

Sempre lembrado em Bremen

Contas feitas, Hugo Almeida representou 13 clubes na carreira, oito deles em países diferentes, mas é no Werder Bremen, na Alemanha, que é recordado por todos: 68 golos em 187 jogos. Um registo máximo na carreira do avançado, atualmente com 40 anos, que deixou os relvados em 2020 ao serviço da Académica.

A fotografia de Hugo Almeida de bigode e que motivou uma fotografia viral com Cristiano Ronaldo

Comandante de... Ronaldo

A fotografia tornou-se viral em 2014 aquando de uma viagem da Seleção para os EUA para preparar o Mundial. Cristiano Ronaldo ao lado de Hugo Almeida com este a aparecer com um novo visual de... bigode. CR7 partilhou a fotografia com a legenda. «Hoje vou ao lado do comandante», escreveu. Hugo Almeida recordou o episódio a A BOLA e deixou uma ressalva. «Ele é que foi e será sempre o nosso comandante. A Seleção depende muito do que ele faz», disse.

Na final da Taça do Irão

Hugo Almeida não vai poder estar presente no Euro-2024, na Alemanha porque estará em plena competição. O antigo avançado, que trabalha no Sepahan, continua a preparar o decisivo duelo da final da Taça do Irão, partida que está marcada para a próxima quinta-feira, na qual irá medir forças com o Mes Rafsanjan. Uma vitória, recorde-se, colocará a equipa iraniana, liderada por outro português, José Morais, na pré-eliminatória da Liga dos Campeões da Ásia, um dos grandes objetivos da temporada.