Vingegaard: «Quase colidi com as barreiras de tão cansado»
A Bola del Mundo guardava para o fim a dureza e o espetáculo que uma grande Volta exige. Na penúltima etapa da Vuelta, Jonas Vingegaard reencontrou as sensações que lhe faltaram noutras chegadas em alto e atacou a pouco mais de um quilómetro da meta. Foi um golpe seco, certeiro, no qual o dinamarquês não apenas conquistou a vitória do dia, como selou a sua hegemonia na edição de 2025.
«Queria ganhar em Bilbau e também no Angliru, mas a Bola del Mundo também é muito especial. Para ser sincero, começo, enfim, a sentir-me um pouco melhor. Hoje, senti-me melhor do que nas anteriores chegadas em alto, por isso estou contente pela forma como as coisas me saíram e como a equipa se comportou nas três semanas. Valeu a pena esperar», declarou o virtual campeão da 80.ª Volta a Espanha, ainda marcado pelo esforço.
O bicampeão do Tour (2022 e 2023) foi o mais forte na montanha madrilena, deixando para trás todos os rivais nos derradeiros metros da subida. Na meta, impôs-se por 11 segundos ao colega de equipa Sepp Kuss e por 13 do australiano Jai Hindley (Red Bull-BORA-hansgrohe), terceiro no dia. João Almeida concluiu a etapa na quinta posição, a 22 segundos de Vingagaard.
«Não diria que me sentia confortável no ritmo que o João [Almeida] e o Jay [Vine] impuseram, mas percebi que ainda não estava no meu limite e que tinha uma boa oportunidade de ganhar a etapa. Houve um momento em que decidi que ia tentar e imediatamente consegui uma diferença. Os últimos metros foram incrivelmente difíceis, quase colidi com as barreiras de tão cansado», recordou, descrevendo a ousadia do ataque que decidiu a corrida.
Ao seu lado na geral, mas sem forças para segui-lo naquele último quilómetro, ficou João Almeida. O português da UAE Emirates parte para a última etapa a 1.16 minutos do dinamarquês e tem já garantido o segundo lugar, igualando o feito histórico de Joaquim Agostinho em 1974.
«Claro que ainda há a etapa de amanhã [domingo], mas habitualmente não há alterações. Esperemos que assim seja e que eu possa cruzar a linha mantendo a camisola vermelha», comentou Vingegaard, agradecendo também à sua Visma-Lease a Bike: «Sem os meus companheiros, não teria conseguido conquistar a Vuelta.», após o segundo lugar em 2023, atrás do colega norte-americano Sepp Kuss.