Todos pendurados no mercado, que é quem mais ordena
A noite de quinta-feira foi mais um de vários exemplos de como quase todos — ou pelo menos muitos — pressupostos podem mudar num instante quando as chamadas janelas de mercado de jogadores de futebol estão abertas.
Treinadores e jogadores do Sporting saíram do treino, pela manhã, com dois pontas de lança no plantel principal: Suárez, reforço, e Conrad Harder, promessa. Quando estavam quase a ir para a cama (presume-se), ficaram a saber que Harder, afinal, está de saída para França, em busca de uma titularidade que sonhou ter em Alvalade, depois de Gyokeres, mas todos perceberam que não seria fácil.
Acordaram, já esta sexta-feira, com a informação de que Ioannidis, desejo ardente há um ano, volta ao radar e desta vez parece que chegará mesmo ao plantel verde e branco.
Claro que há algo de caricatural nisto: naturalmente Rui Borges e Harder, pelo menos eles, saberiam perfeitamente que a hipótese de o dinamarquês sair estava de pé. Como Bruno Lage sabia (sabe?) que Akturkoglu teve mais de meio pé no Fenerbahçe, e só com a saída dele poderia Amoura vir para a Luz. O negócio terá empancado e de repente já toda a gente queria que o turco permanecesse, o que aliás faz todo o sentido dada a valia do jogador e aquilo que já mostrou de águia ao peito.
Entretanto, ainda no Benfica, percebe-se que o que faz mesmo falta é um criativo. Ainda sobram uns dias até ao fecho da famigerada janela, e muito poderá acontecer até lá.
O FC Porto, por exemplo, tenta mais um central polaco vindo de Inglaterra para tornar robusta uma defesa que na época passada foi várias vezes de papel.
Enquanto se tentam e não tentam novos jogadores, todos sabem que as outras janelas da Europa e do Mundo estão abertas — e algumas até fecharão mais tarde que a portuguesa (1 de setembro). Significa isto que pode haver surpresas em sentido contrário, ou seja: alguém contratar jogadores que já não seria suposto saírem. E depois escasseia o tempo para os substituir. E depois...
É assim a vida dos clubes, com acento tónico na dos treinadores: trabalham uma pré-época, iniciam uma época, ganham e perdem jogos, afinam estratégias, mas só mais de um mês depois sabem com o que realmente podem contar. Vivem, portanto, pendurados no mercado, para o bem e para o mal. Tem de ser assim? Se calhar tem. Mas nada haveria de mais justo do que fechar mercados antes de começar campeonatos.