Toda a história da contratação de Suárez, protagonista anunciado no dérbi

Luis Suárez chega ao dérbi como protagonista anunciado. 127 dias após a sua estreia nos leões, curiosamente também diante do rival encarnado, na partida decisiva da Supertaça, no final de julho, na qual entrou aos 67’ — numa passagem de testemunho com Harder (que haveria de se despedir pouco depois...). Volvidos estes dias, o colombiano afastou desconfianças, varreu o peso da responsabilidade na era pós-Gyokeres, e chega à partida desta sexta-feira, na Luz, no seu melhor momento da época — quatro golos nos últimos três jogos —, transformando-se na referência de uma máquina ofensiva bem oleada que soma impressionantes 53 golos em apenas 21 jogos oficiais em 2025/2026.

Os dérbis têm história, rivalidade, imprevisibilidade. Um cenário perfeito para Suárez não só se afirmar como reforço, mas também como ídolo dos adeptos. Os 12 golos nas 20 partidas em Alvalade já cimentaram essa ligação com as bancadas, mas falta festejar num ambiente de pressão e intensidade. Como aquele que será vivido no dérbi. Aos 28 anos, após percurso preenchido em equipas sem exigência de títulos, este será o momento mais marcante da carreira.

Rui Borges sabe que, para ganhar na Luz, não basta controlar o jogo — é preciso alguém que transforme a dinâmica ofensiva da equipa em golos. E, nesta altura da época, poucos parecem tão preparados para o fazer como o colombiano que teve uma afirmação tão veloz que surpreendeu o próprio... treinador. Ele que, sabe A BOLA, acabou até por não ter papel decisivo na sua contratação. Assim que se percebeu de que a saída de Gyokeres seria uma inevitabilidade no verão, a estrutura de scouting ativou a procura num sucessor. O nome do colombiano surgiu de imediato e o namoro começou... seis meses antes da sua oficialização. Em fevereiro deste ano.

O nome foi proposto a Rui Borges pouco depois. O técnico validou o perfil e deu sinal verde para a contratação. Em boa hora. Encaixou que nem uma luva no renovado sistema do treinador e tem sido ele o elemento diferenciador do Sporting nos últimos meses. De resto, em relação a esse dérbi da Supertaça, apenas o colombiano deverá entrar no onze — em detrimento de Harder.

Oferecendo uma maior inteligência nas movimentações, faro de golo apurado, o camisola 97 — homenagem ao seu ano de nascimento — teve o simbolismo de um novo começo na carreira. Apesar de nomes como Trincão, Pedro Gonçalves, Quenda ou Geny Catamo, será Luis Suárez, de pé quente após bisar com o E. Amadora, a maior esperança dos adeptos leoninos para escrever história em mais um dérbi. O maior em solo nacional. Onde todos querem deixar marca que se irá perpetuar no tempo.

O Sporting foi o oitavo clube na carreira de Luis Suárez. Leones (Colômbia), Granada, Valladolid, Nastic, Saragoza, Almeria (Espanha) e Marselha (França) foram os emblemas que o colombiano defendeu. Contas feitas, como jogador profissional, somou 117 golos, quase todos eles nas divisões secundárias em Espanha.

Ainda chegou a jogar na principal liga espanhola, ao serviço do Granada, onde teve a oportunidade de esgrimir forças com gigantes daquele país. Nos leões já se estreou a marcar na Liga dos Campeões — na derrota com o Nápoles, por 1-2 — mas o golo ao Real Madrid, em 2021/2022, pelo Granada (derrota por 1-4) terá sido, provavelmente, um dos momentos mais mediáticos do avançado que agora pretende replicar no dérbi da Luz. Mas, desta vez, com maior peso e influência numa equipa que está na luta por todas as frentes e que vê neste jogo uma oportunidade única para atrasar um dos candidatos ao título...