Luis Suárez e Fotis Ioannidis são os dois pontas de lanças do plantel leonino - Foto: IMAGO
Luis Suárez e Fotis Ioannidis são os dois pontas de lanças do plantel leonino - Foto: IMAGO

Sporting: Gyokeres foi embora, mas ficaram os golos

Em Alvalade mora o ataque mais eficaz da Liga: 27 marcados (e o que tem sido desperdiçado...). Luis Suárez é o goleador, com Pedro Gonçalves e Trincão a dar uma ajuda

Mais do que a avaliação dos reforços que o Sporting contratou para a presente temporada, o grande desafio que todos apontavam ao leão era como sobreviver à perda de Gyokeres, que, é certo, deixou o seu nome escrito a letras de ouro na história do clube de Alvalade, alcançando números fantásticos nos dois anos em que jogou com a listada verde e branca. Concretamente foram 97 golos marcados em 102 jogos, com o sueco a juntar-se à lista de melhores marcadores da história do clube de Alvalade.

Cumprido praticamente um terço do campeonato já pouco se ouve falar de Gyokeres, ou melhor, da falta que o avançado sueco faz à equipa de Rui Borges, treinador que recebeu dois homens de ataque no último defeso. O colombiano Luis Suárez foi o primeiro a chegar, rotulado como sucessor do homem da máscara, o que por si só podia ser carga extra, mas o atacante depressa mostrou nervos de aço e pontaria afinada. O grego Ioannidis foi garantido no último dia do mercado de transferências de verão e apanhou o comboio leonino em andamento.

Certo é que tanto um como outro têm correspondido às exigências. Suárez é o segundo melhor marcador da equipa, com oito golos (sete na Liga e um na Champions), enquanto Ioannidis, com menos utilização, marcou metade. Pedro Gonçalves é o melhor marcador, com nove golos, e Trincão também surgem na lista de goleadores, com cinco, fruto do caudal ofensivo dos leões. É a equipa portuguesa com mais remates, enquadrados, dentro e fora da área, já para não falar das oportunidades falhadas e ainda dos pontapés de canto favoráveis. Afinal, a ausência de Gyokeres não tem sido notada.

A lógica do número 43
O Sporting já cumpriu 18 jogos oficiais em seis competições e no total foram marcados 43 golos: 27 na Liga, três na Taça da Liga, cinco na Taça da Liga e oito na Liga dos Campeões. No que a golos sofridos diz respeito foram 15 (apenas seis no campeonato nacional).

A BOLA falou com Luís Martins, profundo conhecedor da identidade leonina — foi coordenador técnico e treinador da formação do Sporting — que identificou as mudanças no leão versão 2025/2026.

Luís Martins esteve no projeto de arranque da Academia de Alcochete, foi coordenador técnico e treinador - Foto: A BOLA

«A qualidade do jogo não é a mesma, ou seja, acho que o Sporting está com o jogo mais coletivo. Tem essa virtude. Apareceram outros protagonistas, embora já fossem jogadores influentes, mas era o Gyokeres que monopolizava a finalização. Havia dependência dos jogadores em relação a Gyokeres. O momento ofensivo do Sporting era muito definido por aquele ataque à profundidade do Gyokeres e criação de finalização. Estes dois pontas de lança que o Sporting comprou, quer o Ioannidis quer o Luis Suárez, não são isso, embora o Ioannidis seja mais parecido com o Gyokeres nessa verticalidade do jogo, mas não são iguais. E temos a finalização a cargo de jogadores como o Pote, e o Trincão, que dá outra dinâmica», realçou o técnico a A BOLA.

Sistema de jogo mais adequado

Outro aspecto que Luís Martins apontou que contribui para o atual caudal ofensivo do Sporting é a alteração do sistema de jogo em que Rui Borges insistiu e consolidou, um 4x2x3x1 em detrimento do 3x4x3 de Ruben Amorim.

Dependência em relação a Gyokeres deu lugar a um jogo mais coletivo. Apareceram outros protagonistas, embora já fossem jogadores influentes, mas era o Gyokeres que monopolizava a finalização

«O sistema atual tem um ataque à profundidade centrado no jogador, alimentado por Pote e Trincão, que criavam assistências e agora fazem golos. Em termos de volume de jogo ofensivo este sistema de jogo é mais produtivo. Mas, claro, as questões do resultado são fundamentais. Se o Sporting ganhar com este sistema vai ser produtivo, se não ganhar, se não seguir os objetivos, concretamente agora com este jogo de qualidade, o Sporting não é primeiro», sublinhou.

Ainda no que ao ataque diz respeito, há jovens da formação a despontar, como por exemplo Salvador Blopa, que bisou ao estrear-se na equipa principal, na vitória por 5-1 diante do Alverca, em jogo da Taça da Liga, encontro em que além, recorde-se, além do avançado, Rui Borges lançou Flávio Gonçalves, Chris Grombahi, Rayan Lucas e Rodrigo Ribeiro.

Salvador Blopa foi o estreante e um dos heróis da noite em Alvalade - Foto: Miguel Nunes
Salvador Blopa foi o estreante e um dos heróis da noite em Alvalade - Foto: Miguel Nunes

«Os jogadores da formação são importantes para complementar quer o processo de treino quer depois ajudar a equipa A quando tem essas necessidades na competição. Mas, não há um jogador desde há três/quatro anos, tirando o Quenda e o Catamo, que seja regular e participativo nas prestações da equipa A. Os outros têm sido questão de aparição e desaparecimento e, na minha opinião, não são apostas sustentadas nem consistentes para o futuro, até que alguns que foram à equipa principal, entretanto, já saíram do clube», finalizou.

«Hjulmand está abaixo do rendimento esperado»

Morten Hjulmand é o totalista do plantel, com 1540 minutos em 17 jogos e até já marcou dois golos, mas os desempenhos do capitão têm estado sob escrutínio.

Morten Hjulmand foi o herói que salvou os leões de um empate nos últimos instantes - Foto: SPORTING CP
Hjulmand foi o herói que salvou os leões de um empate nos últimos instantes na visita ao Santa Clara - Foto: SPORTING CP

«Acho que o Hjulmand é um dos jogadores que está abaixo do rendimento esperado. Mais discreto porque assume mais a sua função de médio defensivo e menos de participação no ataque. Está com menos chegada e tem menos responsabilidade e participação naquilo que é o momento ofensivo da equipa. Acho também que é uma questão de pormenor de rendimento, foco, motivação. E, portanto, se calhar o Sporting ao perder um jogador deste que, na minha opinião, já pensa em sair, não há tanto mal ao mundo assim», realçou Luís Martins.

O treinador referiu-se ainda a dos jogadores do miolo, Morita e João Simões, este último que tem vindo a ganhar mais espaço na manobra da equipa leonina apesar dos seus tenros 18 anos.

«A Hjulmand falta-lhe ali uma muleta, digamos assim, um parceiro de meio-campo que seja regular, nesta altura é mais João Simões do que outro qualquer, mas não é ainda um jogador construído e que consegue colmatar aquilo que é a participação do Hjulmand no jogo. Portanto, ele até arrisca menos», concluiu.