«Tivemos grandes oportunidades de golo»: tudo o que Mourinho disse após derrota em Newcastle
— Que lhe diz este jogo sobre o nível da equipa e sobre o que ela progrediu desde que assumiu funções?
— Que me diz o nível desta equipa? Que me diz o nível do Newcastle também? Enquanto o resultado esteve aberto, e acho que até esteve aberto de um modo injusto, porque na primeira parte a equipa esteve bem no campo, os jogadores sentiram-se confortáveis num estádio com uma atmosfera que se fez sentir. O perigo que nos criaram foi obviamente nas bolas paradas e em tudo aquilo que era indireto na área, porque é difícil competir com uma equipa com esta fisicalidade, mas tivemos grandes oportunidades de golo, três ou quatro. Antes deles fazerem o golo, temos o remate lindíssimo do Lukebakio ao poste, portanto, reafirmo que na primeira parte o resultado não reflete em nada aquilo que foi o jogo. Na segunda parte sofremos um golo que não podemos sofrer, que é uma bola parada a nosso favor, onde inicialmente o nosso posicionamento para a transição é um posicionamento correto, mas onde depois cometemos erros na movimentação defensiva. E quando sofremos esse golo é quando vêm ao de cima as diferenças de caraterísticas entre uma equipa e outra. Há uma equipa que tem um motor de maior cavalagem do que a outra, uma equipa que tem muito mais intensidade, uma equipa que tem muito mais velocidade, como eu disse ontem [anteontem], penso que na conferência de imprensa, se não foi na conferência de imprensa foi a alguma TV, eles têm quatro alas rapidíssimos, não têm um nem dois, têm quatro, e quando mudas dois que entram ao minuto 50 e tal, 60, quando mudas um e depois mais tarde mudas outro, nós ali, ao perdermos o jogo compacto que tivemos na primeira parte, fomos expostos. Não temos capacidade a nível físico, e não me interpretem mal, porque não é dizer que a equipa está mal fisicamente ou que vem mal fisicamente do passado, é simplesmente ao nível das caraterísticas. Elanga, Barnes, Anthony Gordon, todos estes jogadores que eles têm são de uma velocidade e de uma intensidade que nós só podemos competir se estivermos compactos e organizados. Fazemos um golo antes deles, chegamos ao intervalo a ganhar, chegamos ao intervalo empatados, podemos continuar no mesmo tipo de organização. Depois, o segundo golo, psicologicamente, mata. Os jogadores sentiram muito o segundo golo e depois o jogo tomou outra direção, dura para nós.
— Quando faz a primeira substituição, o jogo está 1-0, está em aberto ainda, depois acaba por não mexer mais na equipa. Porquê?
— A mudança do Dedic é por lesão. Ao não ter nenhum lateral-direito de raiz no banco para entrar, tentei dar o Ivanovic ao jogo, que é um jogador rápido, que podia encontrar profundidade e continuar com o Aursnes a lateral, parecido com o Dedic em algumas coisas. Depois, não fiz mais nenhuma modificação porque, pensando, pensando e pensando, não consegui convencer-me a mim próprio que alguma modificação pudesse melhorar a equipa. Também acho que é muito injusto, nos últimos 10/15 minutos de jogo, a perder por 3-0, meter um jogador. Podia meter o Barreiro, injusto. Podia dar 10/15 minutos ao Ivan Lima, para um menino entrar a perder 3-0, injusto. Portanto, achei também que era injusto para os jogadores que estavam no banco fazer alguma modificação.
— Ontem [anteontem], disse que o jogo não era decisivo, mas está preocupado com as três derrotas em igual número de jornadas? Além disso, falou aqui da questão da velocidade e da intensidade, mas chegou a elogiar o plantel do Benfica quando estava no Fenerbahçe…
— Para mim, falar do plantel na sua especificidade é difícil. Prefiro manter-me coerente com aquilo que disse quando joguei contra o Benfica. Honestamente, também o disse para tentar desresponsabilizar um bocadinho a minha equipa de então e meter sobre a Benfica a responsabilidade como equipa de Champions, como equipa de maior poderio. Foi também um bocadinho com essa intenção. Há um jogador de quem eu gostava muito e que não temos cá agora, mas acho que tinha que acontecer da maneira como o meu anterior clube se meteu na situação do Kerem [Akturkoglu]. Tinha que acontecer. O Benfica não teria nunca condições para impedir um jogador que ganha X e que vai para casa ganhar cinco vezes X. Era uma situação completamente impossível para o Benfica de controlar. É um jogador que nos faz falta. Depois, no equilíbrio do plantel, o Manu e o Bah fazem muita falta. O Manu, felizmente, está perto de regressar. O Bah não tanto, mas são dois jogadores muito importantes no equilíbrio do plantel. Viram que o Bah podia ter perfeitamente jogado hoje [ontem] a lateral na esquerda ou quando o Dedic se lesionou podia ter entrado. O Manu, no meio-campo, com a fisicalidade dele, com o jogo posicional dele, podia ter-nos ajudado muito num jogo deste tipo. Portanto, faltam uns jogadores que fazem parte do nosso plantel. E depois, obviamente, como disse ontem [anteontem], e parece-me, segundo aquilo que me disse o Gonçalo [Guimarães, assessor de imprensa], alguns de vocês levaram para um lado que não era o lado que eu queria levar. Não foi uma crítica ao meu antecessor. Frisei aqui que não há dois treinadores iguais. Da minha parte, não há, não houve e nem haverá qualquer tipo de crítica a um ótimo treinador que o Benfica teve, que ainda por cima é meu amigo. Não tem nada a ver com isso, mas nós somos treinadores diferentes. E acho que para este tipo de jogo de Champions contra equipas muito poderosas, onde nós temos que ser muito organizados em campo e muito bem plantados em campo, são precisos jogadores que façam a diferença no último terço, são precisos jogadores que saiam de um bloco mais baixo para situações de contra-ataque. Eles fizeram três golos, eles que são uma equipa da Premier League a jogar em casa, fizeram três golos de transição. Para nós, é muito difícil fazer um golo em transição. Quando as equipas nos bloqueiam muito nas nossas saídas, é mais difícil para nós. Na primeira parte, tivemos capacidade para ter bola no terço ofensivo, plantámos ali com os três defesas e circulámos muito bem a bola, criámos boas situações, saímos de situações de pressão e encontrámos o lado oposto. A grande oportunidade do Lukebakio é uma jogada com o início no lado oposto, é uma jogada lindíssima. Mas este é o tipo de caraterísticas que nós temos.
— Trubin foi o melhor do Benfica? E como vê o facto de o capitão do Benfica, Otamendi, se ter recusado a falar no final do jogo ainda no relvado, tendo falado António Silva?
— Otamendi disse que preferia ir mais tarde, à zona mista, mais tranquilo, depois de descansar um bocadinho. Não sei se já foi ou se irá. Mas isso foi o que o Otamendi me disse a mim, portanto não há esse problema [iria mais tarde à zona mista]. Acho que o homem do jogo foi o Gordon. Da parte do Benfica, em função daquilo que foram os últimos 20 minutos, onde a equipa estava verdadeiramente em dificuldade, acho que sim, sem dúvida nenhuma, o Trubin foi o melhor.