Tirar Adán seria um erro crasso...

Estamos, pois, perante um guarda-redes qualificado e maduro, perfeitamente capaz de dar a volta por cima aos erros que comete e com os quais, ao longo da carreira, aprendeu a conviver

A OS 35 anos, poucas coisas deverão impressionar Antonio Adán, guarda-redes do Sporting. Formado no Real Madrid, que representou durante 16 anos, dos sub-13 à equipa principal, o portero leonino teve ainda uma passagem relevante pelo Bétis de Sevilha (165 jogos), a que soma 112 pelos Sporting, apresentando ainda no currículo uma passagem esporádica pelo Cagliari e pelo Atlético de Madrid, onde Jan Oblak não lhe deu hipóteses de chegar à titularidade. Contas feitas, como sénior, do Real Madrid C ao Sporting, em 18 épocas, entre 2005 e 2023, Adán já fez 539 jogos. Estamos, pois, perante um guarda-redes qualificado e maduro, perfeitamente capaz de dar a volta por cima aos erros que comete e com os quais, ao longo da carreira, aprendeu a conviver. E esta parte é muito importante: numa posição tão específica como a do guarda-redes, em que cada falhanço é a morte do artista, quem não conseguir conviver (e superar) com o erro, não tem futuro. Aplica-se aqui, na perfeição, a frase de Ben Hogan (1912-1997), um dos maiores golfistas de todos os tempos, que dizia que «a pancada mais importante no golfe é sempre a próxima…»


Quanto a Antonio Adán, que realizou duas temporadas magníficas de leão ao peito, tem tido em 2022/23 (retirando desta equação o FC Porto-Sporting da primeira volta, em que atuou manifestamente inferiorizado fisicamente) alguns erros comprometedores e até surpreendentes num guarda-redes com a sua tarimba: dos mais visíveis, além da noite desastrosa em Marselha, um mais recente ao não afastar e querer agarrar a bola que deu o primeiro golo ao FC Porto na final da Taça da Liga, e o outro, frente ao Midtjylland, quando falhou o pontapé e ofereceu o golo aos dinamarqueses (embora o mérito do avançado egípcio Eman Ashour não deva ser desvalorizado).  Provavelmente, Adán deixou-se contagiar pelo desacerto geral da equipa, que não transmitia confiança e mostrava-se errática nos passes...


E agora, perguntarão os sportinguistas, o que deve fazer Rúben Amorim? Para mim, a resposta é simples. Manter a confiança no guarda-redes espanhol, e dar-lhe, de imediato, em Chaves e na Dinamarca, oportunidade de repor os níveis de confiança, na certeza de que, aos olhos dos companheiros, continua a ser um esteio da equipa. Estou certo de que Adán possui estaleca necessária para não se deixar abater por falhanços que já não têm remédio. Há que aprender com eles (e aprende-se até morrer…) e seguir em frente.