Tática para jogo decisivo do Benfica na Champions: «Equilibrar nos ressaltos e não demorar a marcar»

O Benfica tem jogo decisivo para a qualificação na fase de grupos da Liga dos Campeões. Após três derrotas em mesmo número de partidas, os encarnados têm de vencer o Le Mans na quarta-feira (17h30) no Pavilhão Fidelidade da Luz para continuarem a ambicionar a continuidade nesta competição europeia. A mais recente das derrotas, há duas semanas, foi contra os franceses, por uma desvantagem 20 pontos (69-89), mas Norberto Alves, treinador das águias, considera que o resultado não reflete o que se passou no jogo.

«O marcador, no final, em França, não mostrou muito do que foi esse jogo, o nosso melhor nesta edição da Champions. Ao intervalo, estávamos a perder por uma posse de bola, e até ao final do terceiro período estivemos claramente dentro do jogo», começou por declarar o técnico, identificando o que a sua equipa necessita de melhorar: «O que nos mostram estes jogos com equipas deste nível – o Le Mans está em primeiro lugar na Liga Francesa -, é que é fundamental equilibrar a luta dos ressaltos com estas equipas que são mais altas do que a nossa. E depois, sermos mais verticais, aproveitar para marcar nos primeiros segundos do ataque. Em 5 contra 5 temos sempre mais dificuldades com estas equipas, com esta dimensão física, atlética».

Para Norberto Alves, é o jogo em Le Mans que lhe alimenta a confiança na vitória na partida caseira. «Queremos ganhar, vamos fazer tudo por isso. Vai ser difícil. Temos de dar o nosso máximo, e igualar os aspetos físicos é decisivo. Eles tiveram muito mais posses de bola do que nós».

O treinador, de 57 anos, tetracampeão com o Benfica, refere-se à principal diferença entre jogar na Liga portuguesa e na dos Campeões. «Apesar do campeonato ter subido muito [de nível] nos últimos anos, sentimos que mesmo quando temos maus momentos, por exemplo, como no último jogo com o V. Guimarães, conseguimos recuperar facilmente. Na Champions é mais difícil. Estes jogos exigem 40 minutos de concentração máxima. Porque nos três jogos que fizemos tivemos bons momentos, mas quando temos um mau momento e o prolongamos no tempo, pagamos claramente».

E reforça, concluindo: «Se fizermos isso, e pelo sentimos após no jogo em França, que claramente o resultado não traduziu o que se passou no jogo, as nossas probabilidades de vencer são muito maiores, e nós vamos fazer tudo por isso».

No apelo, já habitual, aos adeptos benfiquistas, para se deslocarem ao pavilhão da Luz em apoio da equipa, o treinador Norberto Alves refletiu sobre a cultura desportiva dos portugueses.

«Sei que, em Portugal, a cultura desportiva é muito à volta do futebol. É o único país que conheço, e já viajei para muitos do mundo, onde há relatos de futebol em direto em programas de televisão! No basquete, andebol, hóquei ou vólei, em Portugal, infelizmente, pagamos um pouco por esta cultura em que nos servem quase só um prato de desporto», analisou.

«Mas temos tido, aqui [na Luz], gente que gosta muito de basquete, que gosta muito das modalidades. O desporto é muito mais que apenas o futebol, e quero que as pessoas que gostam de basquete venham ao pavilhão, que apoiem a equipa. Nós daremos tudo o que temos, não vamos deixar nada para o dia a seguir», assegurou Norberto Alves.

«Os benfiquistas têm tido sempre um comportamento fantástico e exemplar com a nossa equipa, porque sabem o quão elevado é o nível desta competição [Liga dos Campeões]. Sei que vão estar cá outra vez a apoiar a equipa. Seria importante termos o pavilhão com muita gente».

E deu um exemplo: «No jogo de Le Mans, quando faltava uma hora e meia para o início da partida, quando chegámos ao pavilhão, já estavam filas imensas à porta…»

O segundo jogo da temporada com o Le Mans marca igualmente o segundo reencontro de Norberto Alves com Travante Williams em duas semanas. O internacional português foi lançado pelo treinador na época de 2017/18, na Oliveirense, no primeiro dos dois históricos únicos títulos de campeã nacional da equipa nortenha.

«Tenho uma relação fantástica com o Tony [como se refere carinhosamente a Travante e o diminutivo do segundo nome próprio do jogador]. Quando chegámos a França, ele veio logo abraçar-me. Tenho boas memórias dele. É um vencedor, é uma pessoa única. Temos muitas boas recordações dos dois anos em Oliveira de Azeméis. Depois ele mudou para outro clube [Sporting], mas também desse tempo temos boas recordações - nós, o Benfica», explicou Norberto Alves.

«Ele vai fazer tudo para ganhar, por foi assim que foi ensinado. Se não o fizesse, eu ficava até desiludido comigo próprio, porque não lhe tinha ensinado o que era preciso ensinar. Nós vamos fazer tudo para que, no fim, seja ele a ficar triste», acrescentou o treinador do Benfica.