Sporting: Rui Borges consegue tirar o melhor de Quenda e Trincão

Na sociedade o número 7 é muito simbólico, frequentemente associado à perfeição e completude, com muitas associações na cultura e história, na ciência, na natureza e por aí fora. No futebol é um número que carrega um legado, digno dos predestinados, os mágicos com a bola nos pés.

É um número carregado por Quenda, o novo 7 do Sporting, que não teve medo da maldição que remonta a 1996, quando Luís Figo, o mais histórico dono da camisola, deixou Alvalade. Desde então, quem herdou o 7 enfrentou os mais variados problemas, desde lesões e outros contratempos ou mera falta de qualidade para uma afirmação, e Trincão também o enverga, 17, é o dia de aniversário do pai, Gonçalo, tal como já explicou em entrevista a A BOLA.

Serve esta introdução para apresentar dois jogadores que estão a atravessar as melhores versões de leão ao peito, com Rui Borges também a ter mérito nisso.

Vejamos o caso de Quenda. Vendido ao Chelsea no ano passado foi acordado entre os clubes que permaneceria mais um ano em Alvalade. Muitas vozes se levantaram a pôr em causa o rendimento na corrente época e até é certo que o extremo de 18 anos não teve arranque promissor, mas foi sempre defendido pelo treinador, não só por palavras, como também na aposta em campo, justificando, assim, a confiança.

É que já vimos Quenda a jogar na esquerda, na direita e até ao meio (no jogo da Taça da Liga, frente ao Alverca) — e já afirmou que se for preciso também joga à baliza — e, diga-se, a resposta do 7 tem sido em crescendo, de tal forma que já superou os números alcançados na época passada — somou 3660 minutos em 54 jogos, marcou três golos e fez meia dúzia de assistências —, leva 1151 minutos nas pernas, em duas dezenas de partidas, marcou cinco golos e deu oito a marcar, sendo que diante do Club Brugge marcou e assistiu pela segunda vez esta época, depois de já o ter feito diante do Kairat Almaty, também em jogo da Liga dos Campeões.

«O Quenda vai ser mais de jogo interior do que exterior [relativamente a Catamo]. É diferente do Pote, mas já jogou na posição do Trincão. Demonstra bem a capacidade do miúdo, por alguma coisa já é jogador de um colosso europeu», disse Rui Borges, após o jogo com os belgas.

O Chelsea está atento à evolução do menino prodígio, recebe relatórios periódicos por parte do Sporting e faz análises próprias.

Trincão, na quarta época em Alvalade, já nada tem a provar. A qualidade do extremo de 25 anos é inequívoca, a importância que tem na equipa é cada vez maior e os adeptos há muito que se vergaram, isto depois do internacional português ter vivido várias etapas de leão ao peito.

É titular indiscutível e tem dado provas desse rótulo. Tem funcionado como desbloqueador e a sua veia matadora está a vir ao de cima. Em 2022/2023 conseguiu chegar aos 13 golos marcados numa época, o máximo que já conseguiu na carreira, e, diga-se, está bem lançado para superar essa fasquia: tem oito golos marcados (três assistências) e ainda faltam seis meses em competição...

A importância de Trincão na equipa e também no balneário é cada vez maior e a braçadeira de capitão está-lhe prometida, o que deve acontecer já na próxima época, com a forte possibilidade de Hjulmand deixar Alvalade.

Em curso estão as negociações de renovação de contrato, até 2030, que, tal como A BOLA oportunamente noticiou, conheceram impasse face ao valor do aumento salarial programado estar a separar avançado e Administração leonina. Contudo, nada que não seja atingível, com o ainda camisola 17 (é possível que passe a envergar o 10) a ser colocado no teto salarial do plantel. Sempre que tem sido questionado sobre o tema, Trincão mostra-se sereno, sem pressas, e com a certeza de que quer permanecer em Alvalade, no clube do coração, onde se sente bem.

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