Sporting: o fabuloso destino de Alisson Santos
Alisson Santos chega hoje aos 23 anos em dia de jogo na Amoreira e agora vamos contar-lhe o fabuloso destino de um menino a quem a vida tem dado muitos presentes em diversas paragens do mundo. As histórias são contadas pela mãe, Aldia de Silva Almeida, cabeleireira em Vitória da Conquista (Brasil), progenitora protetora, mas a quem os destinos da vida ditam que tenha de comemorar o aniversário do seu mais do que tudo a 6800 quilómetros de distância. «Estive aí com o Alisson algum tempo, mas há três semanas tive de voltar porque tenho o meu negócio e profissão aqui e tenho de olhar por isto», desabafa.
23 anos não são, longe disso, sinal de uma longa vida, mas a história de Alisson já é repleta de peripécias e de vivências bem interessantes, a começar pelos locais onde viveu. O extremo destro que joga pelo lado direito nasceu no Brasil mas pouco tempo esteve por lá por força da profissão do pai. «O pai do Alisson, de nome Messias, também era jogador de futebol e estava a representar o Esperánce de Tunes, da Tunísia. Pouco tempo depois de ele nascer, fomos para lá», conta Aldia.
Alisson era muito novo pelo que não guarda memórias desses tempos, bem como do destino seguinte. «O Messias esteve seis meses no Al Ahly de Tripoli, da Líbia, e nós fomos viver para lá», recorda, referindo-se ao país que na altura era liderado pelo ditador Muammar Khadaffi. «A vida na Líbia era muito complicada, devido às muitas restrições impostas, principalmente às mulheres, religião. Praticamente não saia de casa com ele. Era bem diferente da Tunísia, onde havia uma liberdade bem maior», diz.
O pai Messias, entretanto, seguiu para a Finlândia mas para aí Alisson já não foi porque entretanto os pais separaram-se e hoje o jogador do Sporting ficou à guarda da mãe. Regressaram ao Brasil, mas por pouco tempo, uma vez que as dificuldades financeiras fizeram com que emigrassem de novo. Destino? Por estranho que possa parecer, Lisboa. «Vivemos cerca de dez anos no bairro de Alcântara, em Lisboa, e gostámos muito. Nessa altura, o Alisson ainda não jogava futebol federado. Gostámos muito e ainda há pouco tempo passámos por lá para matar saudades daqueles tempos. Quando estive em Portugal não trabalhava de cabeleireira mas de empregada doméstica, sendo que a minha patroa vivia em Telheiras, ali bem pertinho de onde é o estádio do Sporting. São coincidências da vida…», junta.
Após cerca de dez anos em Portugal, regressaram ao Brasil e o extremo ingressou no Vitória da Bahia, sendo cedido ao Náutico e ao Figueirense. A reentrada em Portugal deu-se no verão de 2024 pela porta do UD Leiria, mas bastaram seis meses para saltar para o Sporting. «Estar agora neste patamar é o realizar de um sonho que ele merece estar a viver porque é muito focado, dedicado e profissional», conclui.
TUNÍSIA QUER O EXTREMO, QUE SÓ PENSA NO 'ESCRETE'
Já aqui se falou que o extremo do Sporting passou um ano da sua vida na Tunísia, onde o pai Messias representou o Esperánce de Tunes, sendo que foi através do presidente deste clube que conseguiu a nacionalidade tunisina. Ainda envergou a camisola daquela seleção em duas ocasiões mas não mereceu ser convocado para a fase final do Campeonato do Mundo de 2002, disputado na Coreia do Sul e do Japão. Atualmente, a Tunísia está na liderança destacadíssima do Grupo H da zona africana de qualificação para o Mundial 2026, com 22 pontos em oito jogos, fruto de sete vitórias e um empate, mas o selecionador Trabelsi e a federação local estão sempre em busca de melhorar o conjunto nacional, no sentido de tentar fazer o esquecer a eliminação na primeira fase do Campeonato do Mundo de 2022 e foi nesse sentido que contactaram Alisson, conforme conta a mãe Aldia, mas o número 27 dos leões tem uma ideia fixa e está irredutível. «A federação tunisina já falou com ele para ele se naturalizar e jogar pela seleção mas ele não quer. Tem o sonho de jogar na seleção brasileira, no nosso escrete, e quem sabe se um dia não vai lá chegar», diz, esperançosa.
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