Sporting: Felicíssimo dá continuidade ao ADN 'made in' Montijo
Eduardo anda, por estes dias, Felicíssimo. O apelido assenta que nem uma luva ao momento que vive no Sporting. Com o número 73 nas costas, o jovem médio, de 18 anos, estreou-se como titular da equipa principal no último jogo, na vitória frente ao Estoril (3-1), em Alvalade, dando, assim, continuidade a uma linhagem oriunda do Montijo que se impôs de leão ao peito.
O mais mediático foi Futre. Jogava com os amigos na rua onde cresceu, perto da Praça da República, até que Aurélio Pereira o pescou num torneio no Montijo. O resto da história já conhecemos, dono da mítica finta canhota, foi adorado nos quatro cantos do mundo. Antes dele, o extremo esquerdo Porfírio Tavares (1966/1967) e o lateral canhoto Celestino Martins, jogador importante na década de 60 que contribuído para a conquista do campeonato nacional de 1969/1970.
Seguiram-se o lateral-esquerdo Fernando Mendes, o guarda-redes Ricardo Pereira, o lateral-direito Cédric Soares e agora Eduardo Felicíssimo a representar a cidade da outra margem do rio Tejo no leão.
Zé Pedro, também nascido no Montijo, esteve igualmente ligado ao Sporting. Foi adjunto de Silas no comando técnico da equipa principal em 2019/2020. Em conversa com A BOLA revelou conhecer muito bem Eduardo Felicíssimo.
«Joguei com o pai dele [João Felicíssimo era guarda-redes] no Barreirense. Entretanto, o pai foi diretor do Alcochetense e foi lá, com ele a fazer parte da Direção, que terminei a minha carreira enquanto jogador e no final da época convidou-me para assumir e deu-me a primeira experiência como treinador principal. Conheço o Eduardo muito bem, tenho acompanhado a sua evolução. É um miúdo muito focado, com um potencial enorme. E, por isso, esperava a sua estreia, foi antes do esperado, mas com a capacidade de trabalho e potencial que ele mostrou, e com todo o crescimento que eu também fui acompanhando, acreditei que mais tarde ou mais cedo isso poderia acontecer», realçou.
«Um conselho? Que não se deslumbre»
«É mais um que está a aproveitar o seu momento, oriundo da minha localidade, o Montijo. Esteve na formação do Benfica e com a vinda para o Sporting e as prestações que tem tido ao longo do tempo era perceptível que isso poderia acontecer. Depois também da era Amorim em que se começou a apostar fortemente na formação, era bem provável que isso poderia acontecer, até porque vi grandes referências do Eduardo. É um sonho tornado realidade para ele, que seja uma das muitas das exibições que possa fazer na equipa A. Está muito bem entregue, a família é equilibrada e isso reflete-se muito na personalidade. É notório, foi sempre um miúdo muito focado e acredito que está no caminho certo. Um conselho que lhe posso dar? Que não se deslumbre e que continue a acreditar que é possível, mas, principalmente que não se deslumbre. O azar de uns é a sorte de outros e o Eduardo agora tem de aproveitar este momento que é dele», realçou o treinador.
«Um jogador que não inventa»
Fernando Mendes, o único jogador que atuou nos cinco clubes campeões nacionais, Sporting, Benfica, FC Porto, Boavista e Belenenses, também falou a A BOLA sobre o conterrâneo Felicíssimo.
«Eu e a maioria dos jogadores do Montijo começámos logo a trabalhar com os seniores. Enquanto ele acaba por tirar vantagem de uma situação que, infelizmente para o Sporting, não é agradável e ele soube agarrar esta oportunidade. Mas, já o tinha visto jogar na Youth League e constatei que tinha capacidades para mais tarde fazer parte do plantel», começou por dizer.
Sobre o desempenho no jogo com o Estoril, Fernando Mendes foi rápido na resposta: «É tranquilo, um jogador que não inventa muito e, apesar de não ser rápido em termos posicionais, é um jogador fiável, e não é fácil perante a situação do Sporting. É muito bom estrear os miúdos, mas em contextos diferentes, porque normalmente quando isso acontece é quando a equipa está bem, agora o Sporting, apesar de estar em primeiro lugar, está sem uma série de jogadores importantes e eles, miúdos, têm de substituir esses jogadores, que alguns têm idade para ser pais deles.»
E os elogios ao conterrâneo continuaram, com uma mensagem emotiva: «A tranquilidade que ele apresentou não é muito normal para um miúdo desta idade. Digo-lhe que honre o Montijo e, acima de tudo, que se honre a ele e que tenha capacidade e que consiga manter-se na equipa principal e que dê continuidade a alguns jogadores do Montijo que representaram quer Sporting, Benfica e FC Porto.»