Sporting: «Com Ruben Amorim teríamos feito grande Champions»
— Era uma prática comum, na altura, Ruben Amorim ligar aos jogadores que queria contratar. Foi ele que lhe ligou e falou consigo para ir para o Sporting no último verão?
— Bem... falei mais com o Hugo Viana. Com o Ruben talvez apenas uma vez e depois só quando já estava cá. É um treinador incrível.
— Porquê?
— Na verdade, aprendi muito em tão pouco tempo... Nunca tinha visto um treinador capaz de chegar tanto a um jogador. E isso é ótimo para nós. Penso que o facto de ele ter sido jogador o faz compreender tudo. E depois a sua forma de ser como pessoa. Na verdade, é incrível. Para mim, foi um dos melhores treinadores com quem trabalhei, sem dúvida. E em tão pouco tempo aprendi muito.
— A diferença era só na mensagem ou também na forma de trabalhar? Foi uma novidade?
— Sim, a forma de trabalhar... O Ruben tinha muita intensidade, não só nos treinos mas também na hora de pedir esforço máximo à equipa. Na verdade, isso para um jogador é muito bom, porque exige de todos e ele trata todos por igual. Nisso é parecido com o Marcelo Bielsa na seleção. Estou muito feliz de ter conseguido trabalhar com o Ruben.
— Naquelas primeiras 11 jornadas, todos diziam que o Sporting jogava quase de olhos fechados. Sentia isso no campo?
— Na verdade, sim. Eu cheguei na jornada 5 ou 6. E era incrível ver o funcionamento da equipa, como se entendiam os jogadores. E sabia que, no início, seria muito difícil entrar no automatismo que a equipa tinha, porque existiam jogadores que trabalhavam com ele há muito tempo. O trabalho que fizeram comigo, mesmo estando de fora, tenho de agradecer, pois fui bem acolhido e isso permitiu uma adaptação mais rápida. Quando Amorim foi embora estávamos invictos, em segundo na Champions, foi um trabalho incrível.
— Depois de tudo o que aconteceu, poderiam ter ido até um bocadinho mais longe na Champions?
— Sim, sim, sim, sem dúvida. Sempre podemos imaginar que depois de tudo o que aconteceu, se o Ruben estivesse, não tenho dúvidas de que teríamos feito uma grande Champions. Mas já está, são coisas que aconteceram e oxalá que agora cheguemos muito mais longe.
— Na altura da saída de Amorim falou-se muito que alguns jogadores poderiam ter ficado desiludidos por ele ter ido embora mais cedo do que aquilo que esperavam. O balneário sentiu isso?
— Era normal. Eu notei, sim, em muitos companheiros, porque era normal. É o que te digo. Quando tens um treinador muito bom, assim, não queres que vá embora. Quando choram tantos jogadores... Não tenho nenhuma dúvida de que muitos jogadores sentiam muito carinho por ele. E, sim, custou um pouco. Eu, como te digo... Era normal, entendível, por todo o carinho que os jogadores sentiam por ele.
— No caso especial do Maxi como se sentiu? Foi ele o responsável pela sua vinda para o Sporting...
— Para mim também, porque em todos os momentos, no pouco tempo em que trabalhei com ele, foi incrível, tinha uma vibração incrível com ele. Ele sempre estava de bem. É um grande treinador e encantou-me trabalhar com ele. Porque tanto os que jogavam como os que não jogavam estavam todos focados por um mesmo objetivo. E acho que isso, às vezes, não é algo tão fácil de se conseguir nas grandes equipas. Nem sempre as coisas se passam assim.
— Quando ele saiu, passados apenas 11 jogos, não se arrependeu de ter vindo?
— Não, longe disso. Ele tinha dado muito ao Sporting, muitos anos, e... bem, pensou também no seu futuro, numa grande oportunidade que tinha também para a sua família. E isso é muito respeitável.
— Está surpreendido com o começo difícil que está a ter em Inglaterra?
— Bem difícil... chegou a uma das melhores equipas de Inglaterra, do mundo. Vejo quase todos os jogos do Manchester United e acredito que agora, com muito mais tempo, vai realizar uma grande pré-temporada para entrar da melhor forma no próximo ano.
— Amorim enviou alguma mensagem ao grupo após a conquista do título?
— Não... neste momento já não está no nosso grupo, por isso...
— Já foi ala, extremo, lateral-esquerdo. Afinal, qual era o plano que o Sporting tinha para si?
— Bem, com Ruben Amorim era mais de extremo. Mas depois, mais tarde, surgiu a possibilidade de jogar com linha de quatro mas é o que sempre digo: a posição onde me sinto melhor é como ala, onde estou hoje, mas como extremo também gosto muito. Assim como lateral igualmente.
«João Pereira não foi culpado… foi toda a equipa»
— Já falámos no capítulo Ruben Amorim e depois chegou João Pereira. Porque é que as coisas acabaram por não correr bem?
— Não sei... na verdade ele não mudou muito a equipa. Sentimos muito a saída do Ruben e de um momento para o outro começámos a perder muitíssimos pontos, houve jogos em que nos faltou atitude e passou muito por aí.
— Falou-se muito na inexperiência do João Pereira...
— Não sei se foi isso, foi de tudo aquilo que vinha falando, mas o que sei é que é um treinador que faz parte deste bicampeonato. Não foi ele culpado, foi toda a equipa. Ele queria ganhar, nós também, e poderíamos ter feito muito melhor. Mas hoje somos campeões. Acredito que pode fazer grande carreira como treinador. Era muito aguerrido, tinha muita paixão como jogador, como treinador era mais calmo mas desejo o melhor para ele.