Luis Suárez, Ionannidis e Hjulmand já marcaram na sequência de pontapés de canto - Foto: Sérgio Miguel Santos
Luis Suárez, Ionannidis e Hjulmand já marcaram na sequência de pontapés de canto - Foto: Sérgio Miguel Santos

Sporting: bola parada conta (muito) para a eficácia ofensiva

Suárez já marcou três, Hjulmand, Ioannidis e Geny Catamo também já fizeram o gosto ao pé após cantos. Fernando Morato é quem trabalha esses lances. Ex-leão Afonso Figueiredo rendido à equipa de Rui Borges

O caudal ofensivo do Sporting está a entusiasmar os adeptos, principalmente porque nos referimos à era pós-Gyokeres, que escreveu o seu nome a letras douradas na história verde e branca no capítulo reservado aos goleadores- Foram, recorde-se, 97 os golos que o homem da máscara assinou de leão ao peito em 102 jogos.

Esta época, com 27 partidas já cumpridas em todas as competições, a equipa de Alvalade marcou por 72 vezes, 46 desses golos foram em jogos da Liga, que conferem aos leões o estatuto de equipa mais concretizadora, sendo de realçar que 12 foram conseguidos na sequência de bolas paradas — meia dúzia após cantos (registo superior ao alcançado em toda a temporada passada), com Luis Suárez (Aves SAD e Rio Ave, 2) a finalizar esses lances por três vezes, imitado por Hjulmand (Santa Clara), Ioannidis (Alverca) e Catamo (Aves SAD).

Diga-se que os restantes foram livres laterais (Casa Pia e E. Amadora, 2) e outros tantos penáltis (Arouca e Moreirense, 2). Sabe A BOLA que, Rui Borges e a equipa técnica — é Fernando Morato que trabalha estes lances — olham para este momento do jogo como um fator extra para desbloquear alguns jogos em que o adversário dificulte a tarefa ofensiva, têm procurado evoluir nesse capítulo e o objetivo é continuar a diversificar e criar novos momentos, de modo a surpreender os adversários em contexto de bolas paradas.

E quem não se lembra do Cantinho do Morais? No estádio Deurne, hoje conhecido como Bosuilstadion, a dia 15 de maio de 1964. João Morais marcou golo, de canto direto, aos 19 minutos, dando a vitória ao Sporting frente ao MTK Budapeste, que, assim, conquistou a já extinta Taça das Taças.

«Muito mérito de Rui Borges»

A BOLA falou com Afonso Figueiredo, antigo defesa/extremo esquerdo, formado no Sporting, que se mostrou rendido à equipa.

Afonso Figueiredo

«Acima de tudo acho que se está a trabalhar bem e de maneira diferente daquilo também que se vinha a fazer. O Rui Borges finalmente está a fazer as coisas à sua maneira e, olhando para o plantel atual, se calhar tem mais soluções para jogar da forma que queria e tem potenciado imenso todos os jogadores que estão no ataque. E nas bolas paradas acaba por surpreender, porque os golos que têm acontecido, se repararmos bem, vê-se que são jogadas trabalhadas e que têm dado certo no jogo.»

E foi mais longe: «Criticava um bocadinho o novo sistema, porque foram anos a jogar noutro esquema e o Sporting jogava bastante bem, ou seja, era mexer em algo que funcionava. Mas, na verdade, hoje acho que já ninguém se lembra disso. Lá está, o futebol tem esta magia, e as coisas em correndo bem as piores ficam para trás. Há muito mérito do Rui Borges na maneira como o Sporting joga.»

Afonso Figueiredo recuou no tempo para falar no ADN leonino e na aposta que continua a ser feita nos jovens da formação: «Desde pequeno que ouvi dizer que o Sporting tinha das melhores formações do mundo. E ano após ano têm surgido jovens com muita qualidade. Penso que o Rui Borges neste sentido, em relação ao Ruben Amorim, dá mais oportunidades e liberdade aos jovens, vê-se que deixa todos muito à vontade, independentemente da idade deles. Substituir Gyokeres, Porro ou Nuno Mendes parecia difícil, mas o certo é que as contratações têm sido muito acertadas.»

Afonso Figueiredo de leão ao peito

E falou ainda sobre o homem do momento, Luis Suárez: «É um jogador completamente diferente do Viktor [Gyokeres], traz coisas diferentes ao Sporting, acho que não é um goleador como o Gyokeres, vejo mais essas características no Fotis [Ionannidis], por exemplo, mas é um avançado espetacular. Aliás, a mim faz-me lembrar muito o Liedson, que ainda é do meu tempo, porque é um jogador que está sempre ligado à ficha, é muito inteligente a ganhar faltas, a posicionar-se, e é um jogador de equipa, acho que por muito que as pessoas ainda tenham saudades do Viktor, o Suárez está a fazer esquecer um jogador que marcou uma era no Sporting. Falou-se também da idade dele quando veio, mas acho que hoje em dia o futebol não tem idades, nem para baixo, nem para cima, e os jogadores têm mostrado isso mesmo.»