Rafael Brito e Samu disputam a bola. -Foto: CARLOS BARROSO/LUSA
Rafael Brito e Samu disputam a bola. -Foto: CARLOS BARROSO/LUSA

Só com a ‘lógica da batata’ o nulo poderia ser desfeito (crónica)

Equipas anularam-se e pouco criaram para mudar o destino. Com poucas oportunidades, golos só ilógicos. Gansos continuam sem vencer em casa, vimaranenses não festejam há três jogos

O nulo é o resultado lógico de um jogo com poucas oportunidades de golo e sem domínio absoluto de um sobre o outro. O Casa Pia continua assim sem vencer em casa nesta temporada em jogos para a Liga – mas não sofreu golos pela primeira vez - e o Vitória de Guimarães não ganha há três encontros, um na Taça de Portugal e dois no campeonato.

A entrada atrevida do Vitória não teve correspondência em situações de claro perigo para a baliza de Sequeira. Em 4x2x3x1, os minhotos chegaram-se à frente, empurraram os casapianos, mas não tiveram soluções para furar a defesa adversária, como provam as duas melhores tentativas de visar a baliza, ambas saídas de remates de fora. Gonçalo Nogueira (17’) atirou por cima em zona frontal e num livre Samú (32’) também não acertou no alvo.

Ao invés, o Casa Pia em 4x1x4x1, foi-se soltando e no ataque investiu pelos corredores, principalmente pelo esquerdo, com Livolant na condução. E criou perigo, quando o extremo francês (43’) fugiu na esquerda, cruzou rasteiro e Lebedenko antecipou-se a Oukili, quando o marroquino se preparava para finalizar. No minuto seguinte Livolant atirou rasteiro, com a bola a rasar o poste direito.

Os gansos também criaram perigo pelo flanco direito, quando Livramento cruzou para Oukili (50’), contudo a finalização saiu ao lado. E também nas bolas paradas, por José Fonte (56’), naquela que foi a melhor oportunidade do encontro: na sequência de canto de Conté, o central elevou-se e cabeceou de cima para baixo, valendo Castillo aos vimaranenses, defendendo por instinto. Nos descontos, o experiente defesa voltou a valer-se do seu bom jogo aéreo e tornou a cabecear para as mãos do guarda-redes.

E foi à vez que o bloqueio defensivo das duas equipas foi sendo ultrapassado. Num assomo dos minhotos, Gonçalo Nogueira (65’) teve o golo nos pés, desviando para fora em local privilegiado um remate de Telmo Arcanjo na sequência de canto, para no minuto seguinte Ndoye não dar a melhor direção a um cruzamento de Saviolo. E aos 88’ Sequeira defendeu a dois tempos.

Foi notória a dificuldade que as duas equipas sentiram em construir e por isso muito dificilmente o resultado seria outro, que não o nulo. A não ser que surgisse… sem lógica, como a da batata… E, com o tempo a escoar, até ficou a sensação de que o medo de errar nos últimos minutos - o que a suceder poderia ser fatal - foi sempre maior do que tentar inverter a rumo do jogo.

O melhor em campo: José Fonte
42 anos? Só no BI, porque o central corre e disputa cada lance como se estivesse agora a dar os primeiros passos no futebol. A boa leitura permitiu-lhe antecipar as intenções dos adversários, como aos 34' quando Miguel Maga já preparava o remate na área. Na frente também foi precioso nas bolas paradas: aos 56’ só não festejou, porque o instinto de Castillo impediu.

As notas dos jogadores do Casa Pia (4x1x4x1): Sequeira (6), André Geraldes (6), José Fonte (6), David Sousa (6), Abdu Conté (6), Rafael Brito (5) Larrazabal (5),  Renato Nhaga (5), Oukili (6), Livolant (6), Livramento (6), Cassiano (5), Miguel Sousa (5), Seba Pérez (5), Severina (-) e Nsona (-)

A figura do Vitória de Guimarães: Saviolo
O extremo belga de 21 anos tentou remar contra a maré coletiva de falta de ideias em encontrar o melhor caminho para a baliza dos casapianos e tentou agitar pelo flanco esquerdo, esticando os vimaranenses. Cruzou e não se cansou de o fazer, descobrindo sempre espaço para o fazer, mas não teve nos colegas a melhor correspondência na finalização.

As notas dos jogadores do Vitória de Guimarães (4x2x3x1): Castillo (6), Miguel Maga (5), Miguel Nóbrega (6), Abascal (5), Lebedenko (6), Gonçalo Nogueira (6), Mitrovic (5), Telmo Arcanjo (5), Samu (6), Saviolo (6), Oumar Camara (5), Strata (5), Diogo Sousa (5), Ndoye (5), Fabio Blanco e Miguel Nogueira (-)

O que disseram os treinadores:

Gonçalo Brandão, treinador do Casa Pia:

«Não entrámos bem, nos primeiros 15/20 minutos entrámos muito reativos e demorámos a perceber o que o Vitória estava a fazer. Conseguimos acertar e fomos crescendo durante o jogo. Fizemos um bom final de primeira parte e durante a segunda conseguimos encaixar bem, ter bons momentos com bola e crescer até ao final do jogo. É um resultado que se ajusta ao que foi o jogo. É um ponto e é a continuação do processo. Estamos a pontuar há três jogos no campeonato e é importante para a confiança da equipa. Queríamos ganhar, não conseguimos, mas acho que o ponto é justo. Temos vindo a ter um crescendo a nível exibicional, que também é importante, e é continuar a trabalhar. Os bons resultados vão continuar a aparecer.»

Luís Pinto, treinador do Vitória de Guimarães:

«São os resultados que ditam a justiça. Fomos a equipa capaz de estar mais tempo próxima da baliza adversária e as melhores oportunidades são nossas, não tivemos capacidade para concretizar e definir melhor. Na segunda parte, não foi tanto domínio. Foi menos bem jogado da nossa parte e menos pensado. Houve menos capacidade de entrar na estrutura adversária. Temos duas oportunidades flagrantes para fazer golo e não fizemos. Tento sempre, enquanto treinador e quando faço a preparação do jogo, que os últimos resultados não tenham influência porque temos sempre de dar uma resposta no jogo seguinte, quer ganhemos ou não. Se quando se ganha a forma de estar de uma equipa é completamente diferente, claro que é. Nesse sentido, acredito que chegou a uma altura do jogo em que senti que aquilo que foram os dois últimos jogos possa ter tido influência.»