Schmidt, de opção a curto prazo a quebrar recordes de longevidade

18 anos. É esse o tempo que Frank Schmidt já está no comando técnico do Heidenheim. O alemão chegou em setembro de 2007 com 33 anos, inicialmente como uma solução a curto prazo, e é atualmente o treinador que está há mais temporadas consecutivas na liderança de um clube das melhores 10 ligas do mundo.

Nascido na cidade de Heidenheim, Schmidt fez mais de 100 aparências pelo clube antecessor, o Heidenheimer SB, pelo qual chegou ainda a ser capitão durante a subida ao quinto escalão. Foi lá que terminou a carreira de futebolista e aceitou o cargo de treinador-adjunto, no verão de 2007. No entanto, o despedimento do principal, Dieter Markle, seu treinador durante dois anos, levou-o a assumir o cargo... e de lá não saiu.

O técnico de, agora, 51 anos supera nomes como Diego Simeone no Atlético Madrid (13 anos e 9 meses), Pep Guardiola no Manchester City (9 anos e 2 meses), Jindrich Trpisovsky no Slavia Praga (7 anos e 9 meses), Mikel Arteta no Arsenal (5 anos e 8 meses) e Manuel Pellegrini no Betis (5 anos e 1 mês).

Para se ter uma melhor ideia de há quanto tempo Schmidt está no cargo... os outros 17 treinadores da Bundesliga, todos juntos, ficam atrás de Schmidt em dias no clube. 6.557 dias contra 5.590 dos seus adversários - Sebastian Hoeness no Estugarda (873 dias) é o mais próximo.

No ano passado, Schmidt quebrou o recorde do treinador com mais tempo de serviço por um só clube na Alemanha, destronando Volker Finke, ex-treinador do Friburgo entre 1991 e 2007, e ultrapassou a marca dos 700 jogos. O seu compatriota orientou 607 e teve uma pontuação média de 1.44 por jogo, comparando com os 1.64 de Schmidt em 711 (332 vitórias, 167 empates e 211 derrotas, portanto 1165 pontos alcançados - 1180 golos marcados e 897 sofridos).

O seu percurso é notável: trouxe o Heidenheim da distrital, mais concretamente do quarto escalão do futebol alemão, para a Bundesliga. Em 2023/24, a de estreia na primeira divisão, conseguiu ainda um apuramento histórico para as competições europeias. Depois de terminar no 8.º lugar da liga alemã, as coisas ficaram mais complicadas no ano passado, em que lutou pela permanência até ao fim: terminou na 16.ª posição e teve de defrontar o terceiro classificado da Bundesliga 2, o Elversberg, em duas mãos, mas venceu.

Uma das razões para esta queda no desempenho pode ser mesmo devido ao sucesso na temporada passada, portanto, por causa do apuramento para a Europa. Lá, eliminaram o Hacken na fase de qualificação e entraram na fase de liga da UEFA Conference League, na qual somaram 10 pontos em 6 jogos e ficaram a meio da tabela, em 16.º. O seu adversário no play-off foi o Copenhaga, que venceram na Dinamarca (2-1), mas acabaram por ser eliminados na Alemanha (1-3), terminando dessa forma esta sua primeira aventura europeia em 178 anos de história.

Recuando até 19 de setembro de 2007, altura do seu primeiro jogo oficial de 711 pelo Heidenheim, contra o FV Olympia II, o resultado foi uma vitória (3-1), a contar para os oitavos de final da Taça das distritais, competição que ganhou no final da temporada e venceu cinco vezes. No campeonato, terminou no quarto lugar, a quatro pontos do líder, Friburgo II. Na época seguinte, foi afastado nas meias-finais, mas foi campeão - com os mesmos pontos do Leipzig - e conseguiu a subida para o terceiro escalão, no qual esteve até 2013/14, portanto cinco anos, mas sempre na luta pela promoção.

Na Bundesliga 2 demorou mais tempo a dar o salto, mas após nove anos o sonho concretizou-se. Em 2017/18 estiveram a alguns pontos da descida, no ano seguinte da subida e em 2019/20 chegaram mesmo a jogar o play-off com o Werder Bremen, mas foram derrotados (0-2, 0-2). Em 2022/23, o objetivo ficou cumprido e logo com o título de campeão, outra vez, com os mesmos pontos que o segundo, o Darmstadt.

De jogador a capitão, de treinador-adjunto a treinador principal, desde a distrital até à Bundesliga e à Europa, o percurso de Frank Schmidt no Heidenheim é uma das melhores histórias do futebol e não promete parar por aqui.