RTP recua na contratação de comentador Gonçalo Sousa após polémica
A RTP anunciou que reviu a sua decisão de contratar Gonçalo Sousa como comentador para um novo programa, depois de virem a público declarações controversas do próprio, nas redes sociais.
Gonçalo Sousa, antigo militante do Chega, já tinha sido apresentado como um dos rostos do novo programa de opinião Estado da Arte, marcando presença no evento de apresentação da nova grelha informativa da RTP — gravou uma pequena apresentação e surgiu na foto de família. No entanto, a escolha gerou controvérsia imediata.
A polémica intensificou-se quando foram divulgadas publicações antigas do influenciador digital, nas quais este defendia posições contra imigrantes e mulheres. A contestação pública sublinhava que a contratação violaria os princípios do serviço público de televisão ao dar espaço a discursos que se opõem a valores democráticos fundamentais.
Perante a pressão, a equipa de Vítor Gonçalves reconsiderou a decisão. «A Direção de Informação da RTP ponderou e reviu a sua posição, após ter tomado conhecimento de alguns comentários feitos no passado pelo próprio, que a Direção de Informação da RTP considera inaceitáveis», confirmou uma fonte oficial da estação, citada pelo Notícias ao Minuto, acrescentando que, por isso, «Gonçalo Sousa não entrou em funções».
Entre as publicações de Gonçalo Sousa que geraram indignação, encontram-se frases como «se és mulher e ainda acreditas que ganhas menos do que um homem só por causa do teu sexo, tu não és oprimida, és burra» ou «rapaziada, temos de parar de mandar as feministas de volta para a cozinha. A maior parte dessas gajas nem para cozinhar serve». Outra publicação questionava: «Se Portugal é assim tão racista porque é que há milhões de negros e indostânicos a tentar cá entrar?». Também há «É importante que as minorias étnicas tenham orgulho na sua cor de pele. Apenas 15% da população mundial é branca. É preciso dar visibilidade à minoria caucasiana e respeitar o seu orgulho branco» ou «As vacinas da covid vão matar mais jovens do que o Hitler matou judeus».
Em 2023, o próprio chegou a descrever-se na sua conta da rede social X (antigo Twitter) como «analista político, empresário, comunicólogo e embaixador da masculinidade tóxica».