«Ronaldo não tem nada a provar. Agora é aproveitar, porque o dia em que ele parar vai ser triste para todos nós»

Dimitar Berbatov jogou com Cristiano Ronaldo no Manchester United. Foram companheiros de equipa na temporada 2008/2009. Apenas uma temporada, mas para deixar marca suficiente no antigo avançado búlgaro, que até hoje tem de responder a perguntas sobre o português, seja num campo de verão com crianças, seja em entrevistas... como esta que concedeu a A BOLA desde o Algarve, onde está no Summer Football Camp, iniciativa que reúne lendas dos red devils, no curso de futebol do resort Pine Cliffs, em Albufeira.

Vamos até à Arábia Saudita, onde está Cristiano Ronaldo a jogar no Al Nassr. Numa entrevista há 3 anos, quando ele voltou ao United, disse que ele ainda podia jogar mais 3 ou 4 anos. E ele ainda está a jogar. Quer tentar novo número? 

Bem… a forma como ele se tem cuidado até hoje — esse profissionalismo, essa disciplina, essa consistência — é a chave, obviamente, para se ser um grande jogador. Mas mais do que isso: a chave para a longevidade, para uma carreira de 20, 30 anos. Acho que, na cabeça dele, quer bater o recorde de jogador europeu mais velho de sempre a jogar, ou algo do género. Mas nem sequer lhe podes chamar ‘velho’. Quando o vês em campo — o corpo, a forma como se move, os golos, a motivação… Quando vês os olhos dele, a determinação para continuar a jogar, para continuar a produzir… E vês os jogadores que estão a ir juntar-se a ele — não só na equipa dele, mas na liga saudita, isso dá-lhe motivação para continuar. Dá-lhe vontade de dizer: 'espera lá… eu fui o primeiro a vir para aqui, e agora, por minha causa, todos os outros estão a vir também'. Por isso, ele sente que tem de continuar a fazer crescer a liga. A liga não o vai tornar grande — ele já é grande o suficiente, não precisa de provar mais nada a ninguém. Agora é aproveitar, jogar o máximo que puder, porque o dia em que ele parar de jogar vai ser um dia triste para todos nós — porque um dos maiores de sempre vai deixar o futebol. Quantos anos é que ele tem agora? 

Tem 40. 

Crédito para ele por continuar a jogar nessa idade. E, pela forma como se cuida, porque não mais 2 ou 3 anos? Vindo dele, com essa natureza competitiva… digo isto meio a brincar, mas acho mesmo que ele quer mostrar aos mais jovens — e até aos ‘menos jovens’ — que pode ter 42 ou 43 anos e ainda jogar, ainda produzir. Dizer ‘sim, estou a jogar na Arábia Saudita, mas os jogadores que estão a chegar estão a tornar a liga mais forte, mais rápida — e eu ainda aqui estou. Ainda jogo’. Como se diz de onde sou — ou talvez em todo o mundo — o futebol não é sobre idade. É sobre qualidade.