Rodrigo Mora como Aimar ou Deco?
Um número 10, um verdadeiro 10, é admirado por toda a gente, mesmo que num determinado período da sua existência seja odiado por muitos e detestado por outros tantos. Não é um paradoxo. No panorama nacional, nomes como Rui Costa, Aimar ou Deco são sinónimo de talento e genialidade. Marcaram uma era. Eram amados pelos adeptos dos clubes que representavam: Rui Costa e Aimar pelos benfiquistas. Deco, que começou nos encarnados, mas brilhou nos portistas, tornou-se um ícone no Dragão.
E Rodrigo Mora? Não há ainda uma grande clubite à volta do menino de 18 anos. Todos, ou praticamente todos, gostam dele e quase nenhum adepto teria achado graça se tivesse partido para a Arábia Saudita, como aconteceu com outro grande talento jovem, Roger, do SC Braga. Quando se trata de futebol, não há amores incondicionais, só do símbolo que se defende, portanto, lá chegará o dia, se Mora quiser, em que será sobretudo amado pelos portistas, merecendo a repulsa de benfiquistas e leões (mas a admiração de todos, porque ninguém realmente odeia um 10). O pequeno Moradona, com o seu incrível potencial, enfrenta uma realidade diferente daquela vivida por Aimar ou Rui Costa, onde se tolerava um certo desprendimento defensivo em prol da criatividade ofensiva.
No FC Porto de Farioli, que parece ter uma abordagem mais equilibrada, e sobretudo mais coletiva, Mora pode encontrar em Deco um modelo a seguir, adaptando-se às exigências modernas do futebol sem perder a magia que define um verdadeiro 10. Sim, porque Deco não era só arte. Quando perdia a bola, e o controlo da jogada, dava duro no adversário. Em muitos jogos do FC Porto, era o médio que mais faltas sofria e mais faltas cometia. Cada jogador é único, com características e talentos que os distinguem. Por isso, não se espera que Mora seja como Deco, Aimar ou Rui Costa.
Talvez resida aí a sua maior força: o potencial para ultrapassar esses nomes e alcançar um patamar ainda mais elevado. Os jogos contra o Sporting e o Nacional (e os da seleção sub-21) mostraram que não falta a Mora intensidade e compromisso. As palavras de encorajamento de Farioli, que destacou Mora como um «exemplo fantástico» após um período de menor utilização, não foram meras tentativas de elevar o ego do jogador. Pelo contrário, representam o reconhecimento genuíno por parte do líder técnico de que Mora se tem mostrado alinhado com as suas ideias e com as necessidades do FC Porto.