Resistir, persistir, prosseguir
1- O Vitória não teve um bom mês de fevereiro. Pelo menos face aos resultados – há que dizê-lo, incomuns – a que esta equipa nos habituou. A derrota em Barcelos e em casa com o Casa Pia e o empate em Portimão (este mais pela postura estranhamente amorfa do que pelo resultado), ceifaram um pouco as possibilidades de sonhar disputar ainda mais do que já conseguimos e que supera constantemente aquilo a que estamos habituados. Agora, em Cascais, com uma vitória clara e categórica sobre o Estoril, a equipa responde da melhor maneira a um mês com resultados menos bem conseguidos.
É o que mais me orgulha nesta equipa e que, valha a verdade, só não se tinha sentido em Portimão. Responde com querer, com futebol agressivo e ofensivo, com bom futebol, resiste a entrar em “fases menos boas”. Responde com atitude e, consequentemente, com resultados. É o que deles esperemos, que lutem, que tentem, que deem tudo. E isso temos visto e apreciado. #RESISTIMOS
2- Contra o Estoril o Vitória apresentou uma produção ofensiva assinalável: 3 golos em 45 mn e outras tantas oportunidades de golo apenas nessa metade. O melhor que podíamos pedir na mesma semana em que perdemos a nossa principal referência ofensiva para o São Paulo. Escudado nesta circunstância, queria também comentar a perda do nosso melhor marcador. A venda dos nossos melhores atletas é a realidade do futebol. E em todos os clubes. Contrariamente ao que havia sucedido com a venda do Dani Silva para o Hellas Verona, parece-me que a venda do André Silva atinge cifras já mais correspondentes ao que considerámos corresponder ao valor do atleta.
Mas mais do que comentar a justeza dos valores das compras e vendas, queria antes debruçar-me sobre a necessidade de ter de proceder à sua alienação. Pegando no tema do João Reis na sua anterior crónica, a entrevista do Presidente do Vitória foi muito clara em referir que o Vitória precisa de realizar 8M€ até final desta época, isto, apenas para cumprir com as suas responsabilidades até lá. A venda do André Silva representa assim apenas metade desse objetivo. Se essa venda não se tivesse realizado, de que outra forma poderíamos alcançar esse objetivo? Sabendo-se como se sabe que o Vitória não consegue aceder aos montantes provenientes dos direitos televisivos até final de 2025, porque no início de 2021 foram antecipados 5 anos dessa que é a principal receita fixa dos clubes, esta é a nossa realidade que não podemos nunca escamotear. Considero por isso fundamental fazer-se esta pedagogia de realismo, este apelo à noção de que as nossas responsabilidades perante terceiros têm que ser cumpridas e não permitir que triunfe uma certa irresponsabilidade que nos procura convencer que no mundo do futebol tudo é possível. Não é. E a nossa realidade financeira está aí para o demonstrar. E a nossa equipa está aí para o contrariar. #PERSISTIMOS
3- Jota Silva. Um jogador de uma dedicação e de uma entrega assinaláveis, que incorpora bem o espírito dos adeptos. Um atleta que conheci no Casa Pia quando assinalou 12 golos na Liga 2. Um jogador que, como esperava, explodiu com o sistema 4-4-2 mais adequado às suas características que não são manifestamente as de extremo. Um jogador de equipa, que ataca e defende, que luta por todas as bolas e que apesar dos muitos golos assinalados nem se tem destacado por aquela que creio ser a principal característica que é a de ser um esclarecido nos espaços curtos, dentro da área, um jogador de resolução rápida. Na transmissão do jogo contra o Estoril a narração comentou por diversas vezes a possibilidade de ser chamado à Seleção Nacional, atendendo a que está nos pré-convocados; o que lhe foi inclusive questionado na flash interview.
Roberto Martinez sabe o que faz. Já aqui tive oportunidade de elogiar imenso o seu trabalho e o percurso imaculado da Seleção por si orientada. O Jota Silva não perde certamente a humildade nem isto aumenta as suas expectativas, prossegue o seu trabalho com a dedicação de sempre. Nós, vitorianos, também não podemos ver essa possibilidade com o nosso olhar naturalmente tendencioso. Não é expectável nem exigível que tal suceda. Mas seria para nós um orgulho se pudesse suceder. Que após 9 anos pudéssemos voltar a ter um atleta convocado para a equipa das Quinas (a última internacionalização foi de André André em 2015). E atingir o que julgo ser o 34º internacional A do Vitória. Um merecido elogio ao percurso assinalável que esta equipa tem feito. #PROSSEGUIMOS