Reinaldo Teixeira, presidente da Liga Portugal, no Portugal Football Summit - Foto: Summit
Reinaldo Teixeira, presidente da Liga Portugal, no Portugal Football Summit - Foto: Summit

Reinaldo Teixeira aborda problemas do futebol português: «Desafio é grande...»

Presidente da Liga Portugal comentou vários temas, incluindo uma possível mudança dos quadros competitivos, a questão da centralização de direitos e pirotecnia ou pirataria em Portugal

Reinaldo Teixeira, Presidente da Liga Portugal, esteve esta quarta-feira no Auditório da Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu, evento organizado pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), para marcar presença na terceira edição do S4 Congress e começou por abordar estes primeiros seis meses na Presidência, analisando, de seguida, para os vários problemas no futebol português.

«Tem sido gratificante. Foram seis meses de trabalho e de interação constante com as Sociedades Desportivas, reconhecendo o empenho, colaboração e disponibilidade de todas as equipas da Liga, para prestarmos os melhores serviços aos clubes. Temos muitas ações e iniciativas em todos os departamentos, sempre em benefício das Sociedades Desportivas», começou por dizer, passando para a questão de uma possível mudança dos quadros competitivos.

«Vamos ficar na história por sermos gente de princípios e valores, com determinação para cumprir ou alterar regulamentos. Estamos a fazer um roadshow às Sociedades Desportivas para ouvir as suas sensibilidades e transmitir as nossas opiniões. No início de dezembro, teremos a Cimeira de Presidentes, onde vamos apresentar duas soluções para os quadros competitivos e chave de distribuição, no sentido de valorizar o produto. Temos de criar mais apetência no espectador, mas que não ponha em causa os demais. Tem de haver equilíbrio. Sinto um compromisso por parte das Sociedades Desportivas e vejo muito consenso na chave de distribuição. Cabe-nos ter a responsabilidade de criar competitividade dentro do campo, mas valorizar a modalidade fora dele. Não contribuir para aumentar o ruído e olhar para os regulamentos, por forma a sensibilizar todos os agentes desportivos de que o futebol é um negócio de todos e para o bem de todos. O bom senso deve imperar sempre», explicou, apontando novamente o objetivo para chegar ao sexto lugar no ranking europeu.

«Como vamos contribuir para que o jogo seja valorizado? Com menos faltas, mais tempo útil, melhores relvados, melhores infraestruturas, mais apoios e equilibrar financeiramente para gerar mais receita. O desafio é grande», afirmou. «Pirotecnia? Hoje está melhor, graças à colaboração das Forças de Segurança e demais entidades na interação com as Sociedades Desportivas, mas é nosso desejo que a pirotecnia fosse banida. Estamos disponíveis para encontrarmos o caminho para que tal aconteça. Muito se faz, mas ainda falta mais por fazer. O futebol não é mais do que um momento de diversão e os adeptos têm de ser capazes de puxarem pelas suas equipas, mas no final respeitarem-se mutuamente», acrescentou, negando novamente a possibilidade de haver bebidas alcoólicas nos estádios, mas deixando a porta ligeiramente aberta.

«Se as bebidas trouxerem insegurança, serei o primeiro a dizer que não!»

«Eles é que me têm de dizer-me o que tenho de fazer para que isso possa acontecer. Temos de ser cumpridores da lei, assim como no consumo de bebidas de baixo teor alcoólico, mas queremos, ao mesmo tempo, segurança nos estádios. Se as bebidas trouxerem insegurança, serei o primeiro a dizer que não. Terá de existir forte articulação entre todos os intervenientes, cada um com total autonomia para fazer com que aconteça, assim como os adeptos têm de transmitir essa confiança para conseguirmos traçar este caminho conjunto. Sei o desejo das Sociedades Desportivas e, passo a passo, chegamos lá», atirou, avançando para o tema da centralização dos direitos audiovisuais, que deverá estar finalizado em 2028/29.

«O regulamento de comercialização devia ser apresentado até junho 2026 e foi entregue em julho de 2025. Em agosto, reunimos com a Autoridade da Concorrência e todos os esclarecimentos foram dados com o conhecimento de todas as Sociedades Desportivas. Agora, até outubro, no máximo novembro, irão pronunciar-se e cá estaremos. Queremos sempre total transparência, por forma a criar mais competitividade e mais receita. Queremos valorizar o produto, os quadros competitivos, a experiência do adepto, estudar o mercado de operadores nacionais e internacionais e, posteriormente, vender o mais alto possível», justificou, enaltencendo a importância de melhorar as infraestruturas em Portugal.

«Esta época, as competições profissionais têm nove relvados novos, algo que requer um grande esforço financeiro, mas também estamos à procura de encontrar financiamento para as Sociedades Desportivas melhorarem ainda mais as suas condições. Tem existido uma grande evolução e sinto que as Sociedades Desportivas estão determinadas a melhorar e a crescer ainda mais. Veja-se os casos do Lusitânia e Alverca, que remodelaram as suas infraestruturas, cumprindo os regulamentos e respeitando as exigências da Proteção Civil», disse, terminando com o problema da pirataria.

«Total disponibilidade e compromisso da Liga Portugal para ajudar a banir a pirataria. Se todos pagassem, pagávamos menos e tínhamos mais receita. Tem de existir total abertura e empenho de todas as entidades nesse sentido, porque o crime não pode compensar», explicou, concluindo com a questão do IVA sobre os espetáculos desportivos: «Temos legitimidade para o pedir. O futebol é um espetáculo e acredito que o Governo vai ajudar.»