Queiroz arrasa Confederação Asiática e Qatar: «Nunca vi isto em 40 anos de futebol...»
Começa esta quarta-feira o play-off asiático rumo ao Mundial 2026 e já há algumas equipas apuradas, mas esse não é o caso de Omã, de Carlos Queiroz, que tem de defrontar o Qatar e os Emirados Árabes Unidos para conseguir um apuramento inédito para uma fase final de um Campeonato do Mundo. Por outro lado, o ex-selecionador de Portugal também se pode tornar no único treinador na história do futebol a garantir cinco qualificações para Mundiais: África do Sul 2002, Portugal 2010, Irão 2014 e 2018.
No entanto, a sua conferência de imprensa de antevisão ao primeiro jogo com o Qatar foi marcada pelas duras críticas ao calendário e o português afirmou mesmo que beneficia o adversário, sendo que o mesmo acontece no grupo da Arábia Saudita. «Conheço muito bem a seleção do Qatar, e eles também me conhecem muito bem. Desse ponto de vista é 50/50. As dificuldades que refiro, agora a 24 horas do jogo, já não têm grande importância. Vocês conhecem-nas melhor do que eu. Jogamos fora, o Qatar joga em casa. Temos dois jogos em três dias, o Qatar tem seis dias de intervalo. Se o cenário é este, eu não tenho mais comentários, é melhor falar com as pessoas que têm a responsabilidade de decidir. Tenho 40 anos de futebol e não me parece que isto seja fair-play. Mas eu sou apenas treinador, tenho de aceitar, aliás, tenho de agradecer, porque os meus jogadores crescem com isto, tornam-se mais fortes com isto», começou por dizer.
«A única coisa que posso dizer, e isto é a minha opinião pessoal, perdoem, mas estou certo de que se fosse treinador do Qatar, o Qatar já estaria qualificado e amanhã Omã jogaria contra um outro adversário. Jogámos, crescemos, depois houve uma mudança... mas o que importa é o presente e não o passado. Estou aqui como treinador de Omã, respeitamos muito a equipa e os jogadores do Qatar, mas, perdoem, amanhã queremos fazer o nosso melhor e ganhar. Sabemos que será difícil. Somos nós contra tudo e todos. Como disse, quando o Qatar jogar contra a UAE, saberá o resultado que tem de fazer. Nunca vi isto em 40 anos de futebol. Mas, mais uma vez, obrigado, porque isso ajuda-nos a estar mais focados, mais concentrados, mais fortes, mais rápidos. Estes rapazes estão preparados para vender cada gota de suor e sangue dentro do campo; acreditem, também não será fácil para o nosso adversário», explicou, sendo questionado se acharia o mesmo se estivesse do outro lado.
«Sentiria o mesmo. Quanto termina um jogo, gosto de ir para casa com o sentimento de que foi bem ganho, com as condições certas. Mas estamos a 24 horas do jogo... não fui eu nem os jogadores que decidiram isto. Quem decidiu isto é que tem de viver com isto para o resto da vida. Não somos nós. Nós deixamos um apelo à inspiração, a um grande jogo amanhã, a fazer os adeptos felizes, que desfrutem e se divirtam. E no fim que ganhe a melhor equipa no campo. As coisas fora do campo nós não controlamos. Neste ponto da minha carreira, já não tenho problema em dizer o que acho, nem fico preocupado com o que acham do que eu digo. Porque acho que a minha opinião está certa. E tenho a certeza que vocês também acham, até as pessoas aqui no Qatar. Mas, mais uma vez, muito obrigado a quem criou este cenário. Agora vamos desfrutar», atirou, comparando ser selecionador de Portugal a de Omã.
«Para mim jogar como treinador de Portugal, Colômbia, Manchester United, Egito, Qatar ou Omã é sempre a mesma coisa. Quando era treinador do Manchester United, do Real Madrid ou do Qatar, o objetivo era sempre o mesmo, ganhar. Agora Omã é a minha família e a minha equipa, e também aqui quero ganhar. O melhor remédio em futebol é sempre ganhar. Não estamos aqui para fazer ópera, estamos aqui à procura de um resultado. Estamos preparados para estes dois jogos e para deixar tudo no relvado. Como qualquer equipa, o Qatar tem pontos fortes e fraquezas, nós também, o que importa é que estejamos preparados e com a devida inspiração», finalizou.