Roger Schmidt tem demonstrado dificuldades cada vez maiores na resolução dos problemas da equipa (Foto: Maciej Rogowski/IMAGO)

Pede desculpa quem tem culpa

Schmidt parece ainda não ter percebido o peso daqueles números com aquele adversário

Não é para pedir desculpas, não fizemos de propósito

(Roger Schmidt, treinador do Benfica, a seguir ao 0-5 no Dragão)

Roger Schmidt não quis pedir desculpa aos adeptos depois de o Benfica ser goleado por 0-5 no Dragão, três dias depois de uma derrota lisonjeira (1-2) em Alvalade, para a Taça de Portugal. O argumento para não o fazer é que não fez de propósito para que a águia fosse humilhada. Rui Costa, presidente do Benfica, pediu, ele sim, desculpas, e assumiu responsabilidades, mas admitiu que «o que Roger Schmidt disse tem lógica».

Não, caro Rui, não tem. Pede-se desculpas quando se tem culpas (e Schmidt teve muitas naquele resultado), não quando se faz de propósito. Se eu for a um casamento e entornar acidentalmente um copo de vinho tinto no vestido branco da noiva, o mínimo que posso fazer é mesmo pedir desculpas.

Não por acaso, o alemão tentou ontem emendar a mão, na conferência de lançamento do jogo com o Rangers. «Claro que lamento pelos adeptos porque queremos que eles estejam felizes», atirou, enquanto se defendia das palavras de domingo. «Pedir desculpa não chega (...). Pedir desculpa como reflexo de uma derrota não é a minha atitude, a minha atitude é diferente, é de querer mostrar um futebol diferente no jogo seguinte.»

Legítimo. Mas também um sinal de ainda não ter percebido totalmente o peso de uma derrota por aqueles números com aquele adversário. Se tivesse sido contra um Manchester City desta vida, ou num jogo em que tivesse manifestamente havido azar, possivelmente ninguém ficaria à espera de desculpas. Mas querer, neste caso, virar a agulha para o futuro sem perceber o que o 0-5 significa para a história é de uma ingenuidade preocupante.