«Peço desculpa aos árbitros e ao Benfica»
Alfredo Silva está «arrependido» de ter entrado em campo, sábado, depois do final do dérbi entre Benfica e Sporting, no Estádio da Luz, e protestado, no centro do relvado, entre jogadores, contra o árbitro João Pinheiro e o quarto árbitro Gustavo Correia, que apresentaram queixa à Polícia de Segurança Pública (PSP) por ameaças à integridade física. O empresário de Ourém, que completa 57 anos a 25 de maio, falou com A BOLA cerca de 24 horas depois do incidente e aproveitou para «pedir desculpa aos árbitros e ao Benfica». E gostaria de fazê-lo pessoalmente.
Vinte e cinco segundos depois do apito final de João Pinheiro no dérbi, Alfredo Silva estava no relvado na frente de João Pinheiro e Gustavo Correia, insurgindo-se contra os árbitros. Fez até um movimento brusco com o braço direito junto de Gustavo Correia, não o atingindo. Nos relatórios de árbitros, PSP e delegados da Liga o incidente ficou registado como tentativa de agressão.
«Estava com as emoções ao rubro. Quando o jogo acabou entrei, simplesmente, no relvado. Estava uma grande confusão entre os jogadores, empurrões para um lado e para outro. Aproximei-me e manifestei o meu desagrado aos árbitros», partilha a A BOLA Alfredo Silva. Alega que não tinha intenções de agredir alguém: «Até disse ao Kokçu para ficar descansado, que não havia problema algum. Não sei se percebeu. Não fiz mal a ninguém. Depois um funcionário do Benfica disse-me para sair e saí acompanhado de um segurança.»
Alfredo Silva reconhece que a situação «não é normal» e acrescenta que vai ao futebol «há mais de 40 anos» e nunca passou por nada igual. «Jamais fiz uma coisa assim. Hoje não faria isso. Mas foi a emoção do momento. Sei que não é uma situação normal, nem é exemplo», lamentou.
«Peço desculpa ao senhor João Pinheiro e aos árbitros. E peço desculpa ao Benfica. Isto não se deve fazer, foram as emoções. Jamais faria alguma coisa de mal, juro pelos meus filhos e pelos meus netos. Teria o maior prazer em pedir desculpa pessoalmente aos árbitros. Vou enviar já um pedido de desculpa, por carta e email, ao Rui Costa e ao Benfica. E também ao Conselho de Arbitragem. Sei que os árbitros, como eu, são humanos e todos falhamos. As emoções às vezes falam mais alto», prosseguiu.
Alfredo Silva esclareceu que não tinha sido identificado pela polícia, nem tinha conhecimento da apresentação da queixa dos árbitros à PSP por ameaça à integridade física. «Mas eu não agredi ninguém, foi uma situação gestual. Jamais faria alguma coisa de mal. O que quero é que tudo corra bem no futebol português, que deixem os árbitros descansados e não os pressionem», reage.
O Benfica arrisca, agora, castigo de um a três jogos à porta fechada pela invasão de campo e ameaças à equipa de arbitragem, como consta dos relatórios de árbitros, PSP e delegados da Liga. Situação que deixa Alfredo Silva ainda mais triste. «Se isso acontecer é uma injustiça. O Benfica não merece, não deve pagar por uma coisa que fiz pelas emoções. Não fiz mal a ninguém. Seria uma injustiça. Entrei no campo, não invadi, manifestei a minha indignação, estava tudo aos empurrões. Mas não estou a dizer que se deve fazer, não é um bom exemplo», acrescenta, para insistir: «Estou arrependido.»