Paulo Alves: «Pablo pode, sem dúvida nenhuma, chegar à Seleção»

Pablo Filipe está a voar esta época com oito golos em 10 jogos no campeonato e para explorar esta época do avançado, A BOLA falou com Paulo Alves, antigo jogador e treinador do Gil Vicente, que associou os números do avançado à força do coletivo.

«Tem sido a principal figura deste Gil Vicente, mas assenta-se sobretudo num processo coletivo muito consistente. A equipa tem algumas individualidades a destacar, Pablo, Andrew, Luís Esteves, mas formam sobretudo um coletivo muito compacto, muito dinâmico, muito organizado e, sobretudo, muito confiante», começa por dizer.

Havendo esta força coletiva, é natural que jogadores como o avançado de 21 anos se destaquem: «Tem demonstrado, apesar da sua juventude, que é um ponta de lança com dotes de goleador. Faz golos com relativa facilidade, com ambos os pés, de cabeça. Tem um sentido de oportunidade muito vincado.»

Paulo e Pablo, dois avançados que sabem o que é marcar pelo Gil Vicente. O primeiro fê-lo por 28 vezes no campeonato, registo apenas batido por Fran Navarro (33). Pablo já tem 13 e pode vir a ultrapassar o registo do ex-jogador português: «Se o Pablo continuar assim, baterá com facilidade, quer a mim, quer ao Fran Navarro.»

Mas para isso, o avançado terá de ficar no Gil Vicente, o que Paulo considera improvável: «O Pablo vai aguçar o apetite de muitos potenciais interessados com outras condições financeiras. E, portanto, não é fácil os jogadores manterem-se muito tempo nestes clubes, sobretudo tendo muito, muito bom rendimento, como é o caso.»

«O potencial está lá, nota-se que é um jogador diferenciado, portanto, a evolução dele só tem de prosseguir. Ainda é novo, vai conquistar mais maturidade, experiência e isso pode, sem dúvida nenhuma, levá-lo a outros voos, a clubes grandes, à Seleção, eventualmente até outras ligas lá fora, não tenho grandes dúvidas disso», remata o antigo internacional português.

Com 22 pontos em 10 jornadas, Paulo Alves considera que o trabalho de César Peixoto tem sido «excelente a todos os níveis» e que advém, na sua opinião, da própria estabilidade em torno do clube.

«Está muito assente naquilo que é a solidificação do Gil Vicente. Tem havido alguma continuidade de alguns dos jogadores, de umas épocas para as outras. O scouting tem funcionado muito bem, os novos jogadores integram-se facilmente e o César tem feito um trabalho extraordinário ligando todos estes pontos.»

Estas condições permitiram, segundo Paulo Alves, que César Peixoto criasse uma equipa à sua imagem: «Gostam de ter um jogo apoiado, curto. A equipa tem muita qualidade técnica e tem confiança para desenvolver isso.»

O futuro pode, por isso, passar pelas competições europeias: «Se o Gil continuar nesta onda de bons resultados e de boas exibições, pode-se incluir nessa luta pela Liga Europa ou Conferência, não me parece que seja nada de mais que o Gil atinja esses objetivos.»