Ronaldinho entregou Bola de Ouro a Dembélé
Ronaldinho entregou Bola de Ouro a Dembélé - Foto: IMAGO

«Ousmane Ballon D’or»: de 'flop' no clube de sonho a uma nova vida na Cidade Luz

Ousmane Dembélé conquistou a Bola de Ouro depois de uma época de sonho no PSG. Internacional francês chegou cedo ao Barcelona, mas desperdiçou oportunidade no «clube de sonho»

«Ousmane Ballon D’or, Ousmane Ballon D’or!». Foi esta música que se ouviu no Théâtre du Châtelet, em Paris, que voltou a acolher a cerimónia da Bola de Ouro, pelo segundo ano consecutivo numa parceria entre o Grupo Amaury, dono da France Football e L'Équipe, e a UEFA.   

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O avançado viu a época de sonho no PSG, onde venceu Champions e Ligue 1, ser coroada com a conquista da Bola de Ouro. O internacional francês era apontado como grande favorito, algo que se confirmou. Lamine Yamal (Espanha/Barcelona) e Vitinha (Portugal/PSG) completaram o pódio. 

Ousmane Dembélé chegou ao topo da Europa e o próprio duvidava deste final... principalmente quando representava o Barcelona.  

Surgimento no Rennes e mudança para Dortmund

Ousmane Dembélé fez a estreia como sénior no Rennes, em 2015/2016 e deu rapidamente nas vistas com 12 golos e sete assistências em 29 jogos. As boas exibições da na altura jovem promessa francesa valeram-lhe a mudança para o Borussia Dortmund.  

Dembélé com a camisola do Borussia Dortmund

Os alemães pagaram 35 milhões de euros pelo gaulês. 50 jogos, 10 golos e 21 assistências depois, o Barcelona bateu 148 milhões de euros para garantir Dembélé.  

Chegada ao clube de sonho

Em 2017, Neymar surpreendeu ao trocar o Barcelona pelo PSG a troco de 222 milhões de euros e os catalães trouxeram Dembélé por 148 milhões.  

Dembélé sempre assumiu o Barcelona como o «clube dos seus sonhos» e voltou a admiti-lo depois de conquistar a Bola de Ouro. Ainda assim, pode dizer-se que o extremo desperdiçou essa oportunidade. Muitas lesões e mau comportamento fizeram com que não tivesse sucesso na Catalunha.

Dembélé a festejar com Luis Suárez no Barcelona

Em entrevista à DAZN, Samuel Umtiti falou sobre o ex-companheiro de equipa no Barcelona e na seleção francesa, e contou alguns episódios que se passaram nos catalães. 

«É o Ousmane. Não vamos esconder. Os avançados costumam ser recompensados, mas estou feliz pelo Ousmane, que conheço muito bem», referiu, apontando para a falta de pontualidade do extremo: «Ele não pode dizer o contrário. É verdade que eu tinha de lhe ligar de manhã para ver se estava acordado. Ele sabia que o treino era de manhã.» 

Umtiti com Dembélé

Umtiti acrescentou ainda que Dembélé não se comportava como um jogador do Barcelona, dentro e fora de campo: «Não sabia que estava no Barcelona. É realmente um bom rapaz, mas não percebia.»

Esqueceu os filmes para adultos e os jogos para sonhar com a Bola de Ouro

Dembélé chegou à Catalunha sem qualquer lesão no Rennes e no Borussia Dortmund, para num dos maiores clubes do mundo sofrer 14, a maioria delas musculares. No total, esteve 784 dias fora dos relvados, ou seja, mais de dois anos. 

O descanso é crucial para atletas de alta competição e Dembélé ignorava aspetos básicos. Chegava a treinar sem dormir, após passar a noite a jogar PlayStation com amigos e a alimentar-se mal, o que levou o Barcelona a providenciar-lhe cozinheiros particulares. 

No Barcelona era criticado por ver filmes para adultos até tarde em vez de descansar, por violar repetidamente o regulamento disciplinar, sendo castigado. Em Espanha, era visto como um jogador de fogachos, incapaz de aproveitar o enorme potencial. Durante seis anos em Barcelona, mal deu sinais de vida em dois deles. Dembélé não parecia estar interessado no futebol, mas deu a volta por cima. 

A reviravolta

Diz-se que Dembélé mudou depois do casamento em dezembro de 2021. O casamento em Marrocos foi uma surpresa para os seus amigos e colegas de equipa e muitos deles nem sabiam da existência da sua parceira, Rima. Tiveram um filho e Dembélé começou a mudar nas últimas duas épocas no Barcelona. A forma física melhorou e não só.

A chegada a Paris  

Antes, ia para casa, ficava a jogar NBA 2K, via um pouco de televisão

Quis o destino que Dembélé rumasse a Paris no verão de 2023, por cerca de 50 milhões de euros, novamente para render Neymar, desta feita na capital francesa. 

«Agora sou mais profissional. Já o era, mas agora sou mais um pouco. Incluindo nos dias de folga gosto de ir ao centro de treinos, recuperar-me e trabalhar com os fisioterapeutas. Antes, ia para casa, ficava a jogar NBA 2K, via um pouco de televisão. Também era mais jovem, mas sabemos que no final vamos pagar por isso. Vi-o em Barcelona. Ali joguei dos 20 aos 26 anos e tive muitos problemas físicos. Aprendi muito com isso. Agora conheço melhor o meu corpo e lesiono-me muito menos», referiu, recentemente, em entrevista à France Football

Ousame Dembélé com a Bola de Ouro

Na primeira época em Paris, Dembélé fez seis golos e 12 assistências em 42 jogos. Tal como Dembélé, também Luis Enrique chegou a Paris em 2023/2024. O treinador espanhol teve um papel importante no rendimento do extremo e na remodelação do PSG, que viu sair Mbappé, entre outras figuras, e chegar outros jogadores, como João Neves ou Gonçalo Ramos.  

O PSG deixou sair as chamadas estrelas para formar uma constelação. João Neves, Vitinha, Nuno Mendes... e não só. Uma equipa que encantou a Europa na época passada, vencendo a primeira UEFA Champions League da sua história. 

Luis Enrique é como um pai para mim

No discurso de vitória da Bola de Ouro, Dembélé deixou vários agradecimentos, entre os quais à família e a Luis Enrique. 

«Quero agradecer ao PSG, que me foi buscar em 2023, ao presidente, a toda a equipa, ao clube, que é uma família maravilhosa. Desde o primeiro dia, o presidente tem sido muito bom para mim. Gostaria de agradecer a toda a equipa técnica do PSG, que foi fantástica. Ao Luis Enrique, que é como um pai para mim. Foi muito importante para a minha carreira. É um prémio individual, mas vamos levá-lo para casa como uma equipa», atirou. 

Esta temporada, Dembélé leva dois golos e duas assistências em quatro jogos e a conquista da Bola de Ouro pode ser combustível para tentar fazer história novamente.

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