Os que querem derrubar o FC Porto, expectativas e De Jong: tudo o que disse Farioli
O FC Porto desloca-se ao reduto do Famalicão este domingo (18h00), na 11.ª jornada da Liga, e Francesco Farioli defendeu que o arranque de temporada dos dragões colocou «as expectativas demasiado elevadas». Antes do embate com os minhotos e após o empate com o Utrecht, o técnico italiano lembrou que «os rivais querem pôr o FC Porto abaixo» e falou sobre o estado físico de Luuk de Jong.
—É o sexto jogo em 23 dias e o quinto fora de casa. Quais os desafios desta série?
—Estamos a falar de poucas horas de preparação, mas temos tido um calendário apertado. Mas é possível, com o trabalho de todos e o profissionalismo dos jogadores. Amanhã de manhã ainda vamos ter uma sessão no estádio. Queremos estar bem preparados para um jogo que vai ser difícil e exigente. Sabem o quão bem o Famalicão joga desde a chegada do Hugo [Oliveira]. Vai ser um jogo muito exigente e temos de estar preparados para mostrarmos a nossa melhor versão.
—Disse que Famalicão, SC Braga e Gil Vicente eram as equipas em melhor momento. Nesse ranking, onde coloca o FC Porto?
—Não pensei muito nisso. O nosso adversário está num momento muito bom. Do nosso lado, com um calendário apertado, jogámos 80% dos jogos fora de casa. Tentamos gerir isso. O desejo de vencer a cada jogo e a forma como o adversário nos aborda exige algo mais. Até agora, temos estado bem. Com o SC Braga tentámos ter o controlo do jogo, principalmente na segunda parte, e contra o Utrecht fizemos um jogo muito bom, com 75% de posse de bola, 50 toques na área adversária... Acho que estamos no caminho certo. Mas também já foram feitas muitas coisas boas. Mas estamos longe da perfeição e precisamos de tempo para aperfeiçoar algumas coisas.
—Tem hesitado em colocar dois pontas de lança quando procura o golo. Porquê?
—O Deniz estava bastante cansado quando saiu, o jogo foi muito exigente para ele. Pode ser por motivos físicos e táticos. Quis manter o Gabri, que, para mim, foi o melhor jogador em campo em várias fases do jogo. Senti que precisávamos dele até ao fim para aparecermos mais na grande área e não tanto de presença fixa. Mas podem jogar os dois em simultâneo, ainda que mais com o Deniz a extremo. Podem existir muitos cenários.
—O FC Porto venceu os últimos dois jogos na Liga perto do final. É algo que o preocupa?
—O jogo tem 90 minutos, marcar no primeiro ou aos 90 conta o mesmo. Temos de gerir, as expectativas são muitas pela maneira como começámos. Começou-se a sentir que ganhar por 3-0 é o normal, mas não é assim. No campeonato, na Europa e na Taça, os jogos são muito complicados. Há uns que desbloqueamos cedo, mas noutros temos de lutar e competir até ao fim. Já falei disto algumas vezes, acho que foi construída uma narrativa que não é saudável, mas é normal. Os nossos rivais, os media, toda a gente quer deitar o FC Porto abaixo. Mas queremos ver a equipa unida. Vamos enfrentar as dificuldades como uma família e é aqui que reforço o conceito de ‘famiglia portista’. É o momento para estarmos unidos, em que precisamos dos nossos adeptos, para continuarmos a lutar contra tudo, tal como fizemos desde o início da época.
—A abordagem aos jogos com SC Braga e Utrecht foi diferente. A equipa corre o risco de perder a identidade?
—Não foi algo decidido antes do jogo. O que queremos fazer e aquilo para que treinamos é claro. Sermos dominantes, ter bola no terço ofensivo, pressionar alto... Somos os melhores em todas as estatísticas relacionadas com a agressividade defensiva. Mas os jogos podem colocar diferentes cenários. Uma equipa grande precisa de ter a capacidade de mudar de face consoante o tipo de jogo. Contra o SC Braga, se tivéssemos sido mais eficazes, poderíamos ter feito dois ou três golos após quatro ou cinco recuperações. Não fizemos. E a forma de jogar do SC Braga obrigou-nos a defender mais baixo. Mesmo assim, senti que o espírito de equipa esteve lá, o ADN FC Porto. Precisamos de uma flexibilidade que nos permita ser camaleónicos. E a isso não chamo falta de identidade. Se formos pelos estudos, vemos que as equipas bem sucedidas são as que se adaptam a diferentes cenários.
—O Famalicão é a melhor equipa da Liga nas bolas paradas. Preocupa-o?
—Mais de 50% dos golos do Famalicão são de bola parada. Têm qualidade em jogo aberto, jogadores com certas caraterísticas que podem criar perigo, como Gustavo Sá e Elisor. Mas, nas bolas paradas, são muito bons. Temos de ter muita atenção. Claro que há combinações diferentes, que tentamos estudar, mas vão preparar outras coisas e precisamos de estar prontos. O golo contra o Utrecht é uma boa oportunidade para estarmos alerta e para ganhar novamente a confiança para defendermos todas as bolas paradas da maneira certa.
—É possível Gabri Veiga e Mora jogarem juntos no meio-campo?
—É um cenário possível. O nosso meio-campo é adaptável. Dou o exemplo do Pablo [Rosario], que é um 6 que pode jogar a 8. E o Eustáquio é um 8 que pode ser 6. O Rodrigo talvez seja o mais ofensivo, o Gabri é um 8/10. De acordo com o jogo, isso pode ser uma possibilidade. Mas uma das prioridades é ter um certo equilíbrio na equipa e é isso que procuramos.
—Luuk de Jong vai estar apto após a paragem de seleções?
—Estamos ansiosos para que ele esteja apto. O Luuk e o staff médico estão a fazer um trabalho fantástico. Já começou a treinar no relvado, a fazer algumas sessões com bola. A reação é positiva, apesar de ainda ter de lidar com algumas dores. Esperamos que depois da pausa internacional volte a treinar integrado com a equipa.