«Os adeptos querem é saber do resultado, não se o Lamine Yamal tem uma pubalgia»
Antigo jogador espanhol, Nino fez mais de 800 jogos ao longo da carreira, a qual só terminou em 2020/21, já com 41 anos, ao serviço do Elche.
Apesar da longevidade, não se livrou de alguns problemas físicos, nomeadamente de uma pubalgia que o 'chateou' durante alguns meses. Uma lesão que está muito em voga hoje em dia, sobretudo por causa de Lamine Yamal.
Ora, em entrevista ao jornal Sport, Niro deu o seu testemunho sobre o problema físico que tem afetado o craque do Barcelona, e que motivou até um desentendimento entre o clube catalão e a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).
«A pubalgia apareceu-me na época 2002/2003, quando tinha 21 ou 22 anos. Acontece de um dia para o outro. Não se sabe o motivo, mas começam a explicar que há um desequilíbrio na zona lombar, nos adutores, na zona abdominal. Sente-se um desconforto, mas pensamos que pode ser apenas mais uma das mil sobrecargas que um futebolista de elite tem durante uma época. Quando se começa a sentir essa dor ao chutar a bola, a preocupação aumenta. Falamos com os médicos e fisioterapeutas e eles percebem que pode ser um princípio de pubalgia. Começa de forma gradual e torna-se complicado», começou por dizer.
«Chega a um ponto em que incomoda ao sair do carro ou ao tossir, abaixo do umbigo. Chutar a bola, nem pensar. Fazer um passe de cinco metros a um colega era impossível. É como uma chicotada, uma picada na zona abdominal ou no adutor. É um desconforto muito constante, que não nos larga. É impossível. Podemos tomar injeções de Voltaren para aliviar a dor, mas passados 45 minutos estamos novamente muito limitados», prosseguiu.
Nino lembra que nunca se sabe bem quanto tempo se demora a recuperar de uma pubalgia e que há até quem seja operado. «A mim, a lesão permitia-me ir jogando até um certo ponto, mas nunca estava a 100 por cento», disse.
No caso de Lamine Yamal, o ex-jogador refere que o jovem de 18 anos tem ainda um acréscimo na situação: a pressão de que é alvo.
«É um fardo mental muito pesado. Estamos a falar de jovens de 18 anos que se deparam com uma sociedade focada apenas na vitória. Para os adeptos, o que importa é o resultado, não se Lamine tem uma pubalgia e precisa de tempo para a gerir e tratar. Apesar de terem todo o apoio, a recuperação leva o seu tempo e não é fácil regressar ao mais alto nível.»
«A exigência mental é brutal e, por vezes, isso também afeta a condição muscular. Eles sabem que não podem falhar, que entraram num mundo de exigência máxima, onde errar dois passes ou fazer um jogo e meio menos conseguido não é tolerado. Qualquer ação que não beneficie o clube coloca-os debaixo dos holofotes», acrescentou.
Apesar de tudo, Nino acredita que Yamal está a apresentar sinais de melhoria: «No jogo contra o Elche, o controlo de bola e o remate repentino que executou são um bom exemplo. Com uma pubalgia aguda, esse tipo de movimento é incapacitante. A sensação é que ele está muito melhor. O mesmo se viu no outro dia, em Vigo. Nota-se que está mais elétrico, mais "Lamine" em todos os sentidos. Isso significa que a pubalgia está a evoluir favoravelmente, que não está a agravar-se nem a tornar-se crónica. A lesão está a permitir-lhe voltar a ser ele mesmo, e esse é o caminho para atingir os 100 por cento.»
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