O jogo com a Irlanda, o futebol na Arábia Saudita e o amor pelo Benfica: tudo o que disse Cancelo
Com 62 internacionalizações A, João Cancelo é o 5.º jogador com mais presenças na Seleção Nacional no atual lote de convocados, após Ronaldo (225), Bernardo Silva (105), Bruno Fernandes (84) e Rúben Dias (72), e é o terceiro com mais golos (12) depois de Ronaldo (143), Bruno Fernandes (25) e Bernardo Silva (14). E é defesa lateral. Foi esta terça-feira o escolhido pela FPF para falar com os jornalistas:
-Que expectativas tem para o jogo com a Irlanda?
-Somos uma das melhores Seleções do mundo e não há que escondê-lo. Individualmente, temos muita qualidade e o objetivo vai passar por sair da Irlanda com os três pontos e garantir já a qualificação direta para o Mundial. A expectativa é sempre a mesma: ganhar. Portugal, jogue contra quem jogar, tem que estar sempre pronto para tentar sair com a vitória.
-Sem Nuno Mendes, é o candidato número 1 para a lateral-esquerda?
-Já joguei várias vezes nessa posição, mas não sei se jogarei a titular. Se jogar, o que podem esperar de mim é dedicação, força de vontade e técnica. Vou fazer sempre de tudo para ajudar a equipa a concretizar os objetivos.
-Pensa em regressar ao futebol europeu?
-Sim, obviamente que gostava de voltar à Europa. Tenho mais um ano e meio de contrato com o Al Hilal, mas estou sempre aberto a novas aventuras. Porém, só o futuro dirá. Mas, claro que sim, gostaria de voltar à Europa.
-Este é o grupo mais forte que apanhou na Seleção?
-Sem dúvida. É o grupo mais forte desde que estou na Seleção. Há 11 ou 12 anos que estou na Seleção e este é o grupo mais forte. Temos jogadores incríveis em todas as posições, há muita competitividade, o que acaba por ser bom porque puxamos uns pelos outros. Além disso, o ambiente é fantástico. Muitas vezes estou no Al Hilal e já estou a pensar em vir para a Seleção outra vez, porque o ambiente, principalmente fora do campo, é muito bom, o que se tem refletido nos resultados que temos tido.
-Sim, estava à espera de já estar apurado diretamente, mas o futebol não funciona dessa maneira. Sofremos um golo contra a Hungria nos últimos minutos, num jogo em que não estivemos tão bem. Mas vamos dar já uma resposta forte contra a Irlanda na quinta-feira e mostrar o porquê de sermos os favoritos deste grupo.
-No início do ano deu uma entrevista em que disse que, se vencesse o Mundial, deixava a Seleção. E se Portugal não vencer o Mundial, o que pensa fazer?
-O sonho de qualquer jogador é vencer o Mundial com a sua Seleção. Entre ganhar uma Champions League ou um Mundial, prefiro ganhar um Mundial com o meu país. E sim, se ganhasse o Mundial, deixaria a Seleção. Acabar em grande será sempre melhor do que acabar sem ganhar qualquer título. Agora, se não ganharmos o Mundial, vou tentar mais vezes até conseguir.
-Portugal tem 11 golos marcados nesta fase de qualificação, sendo que 10 deles vieram de jogadores que estão na Arábia Saudita: cinco do Ronaldo, dois seus, um do Rúben Neves e dois do João Félix. Que análise faz a este facto?
-É bom sinal. É sinal de que cada vez há mais qualidade nos jogadores que vão para a Arábia. O nível das equipas tem melhorado bastante. É esse o objetivo do país: ter, a cada ano que passa, um nível melhor. Eles têm tudo para que isso aconteça.
-Assina por baixo as palavras de Ronaldo quando ele diz que a Liga Saudita entraria no top 5 das ligas europeias?
-Não sei. Ainda não joguei na Liga Francesa, por exemplo, mas a Premier League tem um nível muito alto, continua a ser a melhor liga do mundo. A La Liga está muito próxima, e a Serie A está a voltar ao que era há uns anos. Também já joguei na Bundesliga e também tem um nível muito alto. Em relação às outras ligas não posso opinar. Se está no top 5 ou não, não sei. Sei, sim, que a cada ano que passa o nível está muito melhor.
-Tem mais de 60 jogos pela Seleção Nacional e parece ser dos que mais sentem a honra de vestir a camisola. É assim desde o início ou agora o sentimento é ainda maior?
-Representar a Seleção engloba de tudo um pouco. O meu sonho foi sempre representar a Seleção. Estou a cumprir também o sonho dos meus amigos que jogaram comigo na rua onde eu vivia, na casa dos meus avós. Estou a representar a minha família e também o sonho do meu irmão de ser profissional e que, infelizmente, ainda não conseguiu. É por causa disto tudo que sinto tanto jogar pela Seleção. Vem dos meus antepassados, dos meus avós, dos meus pais, do meu irmão, dos meus amigos.
-Que análise faz ao clima que se vive atualmente no futebol português?
-Não fico contente, obviamente. O futebol tem que se jogar dentro do campo e as pessoas, às vezes, abstraem-se um pouco disso. Devemos desfrutar mais do futebol dentro do campo porque o futebol é um desporto muito bonito para que as pessoas vejam mais a parte de fora do campo do que propriamente o que se faz dentro.
-Voltou recentemente de lesão e, no jogo do regresso, fez uma assistência. Sente-se em forma para esta dupla jornada?
-Em forma, não. Sinto-me muito em forma. Já estou a treinar há duas semanas com a equipa. Tive estas adversidades agora, que, se calhar, já são da idade… [risos]
-Em jogos oficiais, Portugal nunca venceu na Irlanda. Isso dá-vos uma motivação extra?
-Não sabia que nunca tínhamos ganho na Irlanda, mas que seja já nesta quinta-feira e que acabemos com essa maldição.
-Acompanhou as eleições do Benfica? Acha que ganhou o melhor candidato?
-Quero é que o Benfica ganhe. Se os adeptos quiseram eleger Rui Costa como presidente do Benfica, eu acho que foi a melhor opção. Mas o que eu quero é que o Benfica ganhe, porque não posso esconder: sou benfiquista e quero o melhor para o clube.
-Gostava de voltar ao Benfica?
-Sim, claro, mas vai depender de como será o meu futuro, que ainda não está definido. Porém, o sonho de jogar no Benfica terei sempre. Agora ou com 40 anos, terei sempre o sonho de jogar no Benfica porque foi o clube que me formou, para além do Barreirense. Mas o Benfica teve uma parte muito importante no meu progresso enquanto jogador, e o meu desejo de voltar ao Benfica é sempre grande.