O «desafio da Hungria» e a posição de João Neves: tudo o que disse Roberto Martínez
Depois da goleada por 5-0 na Arménia, Portugal procura uma nova vitória na fase de qualificação para o Mundial 2026, desta vez na Hungria, e também manter o estatuto de líder isolado do Grupo F. Roberto Martínez fez a antevisão ao encontro da segunda jornada em conferência de imprensa.
- Bernardo Silva disse que este podia ser o jogo-chave do apuramento. Partilha da opinião?
- Já dissemos que a fase de apuramento só tem seis jogos. Então o jogo-chave é o próximo e agora estamos aqui, o jogo de amanhã para nós é essencial. Mostrar o mesmo foco, concentração e atitude com a Arménia, e depois o resultado acontece. É isso, seis jogos, temos de estar focados em todos.
- O crescimento da equipa dá uma confiança ainda maior?
- Sem dúvida, na Seleção o que temos é o talento individual. Depois temos de trabalhar juntos, experimentar aspetos táticos, olhar para dinâmicas, ligações. É o 32.º jogo desde que estou aqui e isso cria um aspeto diferente. Não é o mesmo… o Euro que tivemos na Alemanha e depois ganhar a Liga das Nações, faz tudo parte. Acrescentámos o grupo, há uma maior competitividade, a personalidade e o que nós vemos nos jogadores que entram do banco para fazer a diferença, tudo isso é muito importante. Estamos a falar da Hungria, que o seu selecionador já tem 77 jogos. Portanto vamos defrontar uma equipa que têm ideias claras, então o desafio é muito claro. Continuar a crescer, mostrar competitividade e mostrar um desempenho como já fizemos contra a Arménia.
- Bernardo Silva disse que não sabia se ia jogar, mas que estava preparado. Pergunto se uma das alterações é essa?
- Disse antes do jogo da Arménia que é sempre importante preparar os dois jogos. Gosto de preparar os dois jogos em estágios de 72 horas entre jogos, precisamos de utilizar os nossos jogadores com a informação que temos: o aspeto físico, o momento do jogador durante a época e isso faz parte do que vamos fazer amanhã. A nossa rotina é treinar e decidir depois do treino, portanto precisamos de esperar mais 24 horas.
- Ronaldo transmite uma motivação extra por não ter ainda ganho o Mundial, o balneário sente isso? Como se prepara um jogo contra uma Hungria que parece mais confortável no papel de não favorito?
- Já falei muito do que o capitão transmite no balneário. Não são aspetos do futuro, são aspetos do dia a dia e tem uma fome de ser o melhor em todos os treinos. O que representa vestir a camisola da Seleção… é a mensagem do capitão no balneário. Ajuda muito para os jovens e para todo o grupo. A Hungria... já vimos jogos contra os Países Baixos, Alemanha, com equipas que têm bola, têm uma estrutura defensiva muito boa. É uma equipa muito forte sem bola e o contra-ataque é uma arma muito forte. Faz sentido, quando a Hungria não tem bola, é muito perigosa. Não é só o que podem fazer no contra-ataque, também trabalham muito bem a bola de parada, a qualidade do capitão que tem um papel muito importante. Já falei dos 77 jogos do selecionador com este grupo e a equipa mostra isso, que tem variantes, mas os jogos com Alemanha e Países Baixos são diferentes do que vamos ver amanhã desta Hungria.
- O jogo da Arménia baralha ainda mais as contas para este jogo?
- O selecionador prepara o plano tático, depois é o que acontece no treino. O que o jogador pode fazer durante o treino e os jogos, é que é a decisão. O treinador não toma decisões só pela ideia antes de trabalhar com os jogadores. Uma coisa é o que preparamos no aspeto tático, estratégico para dar vantagem aos jogadores e depois é o nível durante o treino e durante os jogos que põem os jogadores no relvado ou não.
- Quem vai jogar amanhã a lateral-direito? O que Cancelo e João Neves dão nessa posição?
- O João Neves é um jogador que na Seleção só muda a sua posição sem bola. Fica a lateral-direito quando jogamos com uma linha de quatro e é uma posição diferente. Com bola é a mesma posição, joga na zona central, tem ligações com jogadores por fora e tem um papel muito semelhante. O Cancelo é um jogador de ataque, que pode jogar por fora, dentro, é polivalente, pode jogar na ala esquerda, todos o conhecemos. São jogadores diferentes, mas amanhã temos de seguir o plano tático que nós temos e acho que os dois podem executar o que nós precisamos de fazer no relvado. Já experimentámos muito com os nossos jogadores e jogar um jogador ou outro não é um aspeto novo.
- Criticaram-no por ter dito que ia ser um jogo difícil com a Arménia, como responde e como vai ser este jogo com a Hungria?
- Eu respeito todas as opiniões. O selecionador está numa posição onde precisa de tomar decisões, preparar jogos e ganhar jogos. O resto são opiniões. Todos os jogos da Arménia contra Portugal foram jogos muito competitivos e os marcadores estão lá, 1-0, 2-0, 1-1, dois empates, 3-2. A história mostra o que os jogos podem ser. Falar depois de um resultado é fácil, os jogos são todos difíceis. Marcar o primeiro golo, gerir o jogo, controlar. Amanhã a Hungria joga em casa, teve um jogo difícil contra a Irlanda, o cartão vermelho. Então esperamos uma equipa agressiva, que joga em casa e nós temos de igualar isso, e esperamos um jogo muito competitivo.
- Que resultado o deixaria satisfeito?
- Falamos muito de resultados. No futebol, pode-se jogar muito bem e perder. O que nós trabalhámos foi o desempenho. Precisamos de mostrar a mesma atitude, concentração, intensidade que no último jogo e continuar a acrescentar durante os 90 minutos. No fim, podemos olhar para o resultado e avaliar, mas o foco é jogar bem, ser nós mesmos, é um desafio jogar na Hungria. Um estádio cheio com um ambiente espetacular, mas o foco é o desempenho e o resultado vamos ver. Portugal quando joga dá tudo para ganhar.