Jorge Costa para a eternidade... (foto A BOLA)

O 'Bicho' nunca morrerá! É eterno

Memórias de um homem dócil e tímido fora de campo e que se transformava numa máquina imparável quando pisava os relvados do Mundo. Que ele conquistou! Até sempre, Jorge Costa

As lendas não morrem, vivem para sempre, são eternas. Sim, admito que é uma frase feita, daquelas tantas vezes utilizadas como consolo, mas, quando a ela associamos um nome como Jorge Costa, então aplica-se na perfeição. Como não?

Afinal, estamos perante um dos símbolos imortais do futebol português e uma das maiores figuras da história do FC Porto e das seleções nacionais — que, neste contexto, surgem no plural, porque, para o eterno Bicho, tudo começou naquele verão de 1991 quando, num Estádio da Luz a rebentar pelas costuras, com 130 mil nas bancadas, comandou a defesa dos Sub-20 de Portugal rumo ao segundo título de campeões do Mundo, após vitória sobre o Brasil no desempate por penáltis.

Um momento para a eternidade: a conquista da UEFA Champions League em 2004 (foto A BOLA)

Já seria eterno só por isso, por ter inscrito o seu nome no último título mundial das seleções portuguesas, mas o que se seguiu tornou-o num gigante.

Um gigante cujo corpo decidiu deixar-nos cedo demais e subitamente. Jorge Costa tinha 53 anos e ainda tanto para dar. O coração, porém, traiu O Bicho pela segunda vez e, desta vez, sem salvação.

Jorge Costa em 2002: a imagem foi a que serviu para a coluna de opinião que o 'Bicho' escreveu em A BOLA durante o Mundial-2002 (foto A BOLA)

Partiu o corpo, sim, mas ficam para sempre o legado e o exemplo de um homem dócil e tímido, que conheci no final de 2002 quando, na companhia do meu camarada de profissão e, na altura, também de redação, José Manuel Freitas, num encontro de agradecimento pela participação de Jorge Costa como colunista de A BOLA em pleno Mundial-2002, no qual participara como jogador.

Um homem dócil e tímido que fui reencontrando ao longo da carreira e que sempre me impressionou pelo paradoxo relativamente ao profissional e líder que se via em campo e no balneário, onde se transformava num máquina futebolista, sem medos e sem contemplações.

Não foi o único que conheci com esta dualidade de personalidades entre o homem e o profissional — eram assim, igualmente, Fernando Couto ou Paulinho Santos, só para citar alguns — mas foi o que mais me marcou.

Um portento de força e de energia, de liderança e de explosão que tanto ajudaram a formar e a comandar um balneário de campeões no FC Porto que, já na ponta final da carreira de futebolista, com José Mourinho como treinador, conquistou, em 2003, a Taça UEFA (hoje Liga Europa) e, em 2004, a Liga dos Campeões — e, já em 2005, com Victor Fernández, a Taça Intercontinental.

Momentos inesquecíveis que, nesta hora triste e de dor, me levam a gritar aos quatro ventos: o Bicho é eterno, nunca morrerá!