Nenê (42 anos), após o golo frente ao Gil Vicente. Pede desculpa aos adeptos, porque, antes, havia falhado um penálti
Nenê (42 anos), após o golo frente ao Gil Vicente. Pede desculpa aos adeptos, porque, antes, havia falhado um penálti - Foto: IMAGO

Na escola onde anda Gil, já Nenê foi professor… (crónica)

A turma de Barcelos cantou de galo muito cedo, na tarde de domingo, na Vila das Aves. No final, apareceu o ancião Nenê e tirou-lhe 'o pio'

Foi um empate com um sabor agridoce para a formação o Aves SAD de João Pedro Sousa: por um lado, era imperativo ganhar, uma vez que - 11 jornadas decorridas - a equipa ainda não venceu; por outro, tirou pontos e fez uma boa exibição frente a uma das melhores equipas do campeonato - deixando bons indicadores para o está aí por vir.

É verdade que o Gil Vicente entrou muito melhor e conseguiu 'cantar de galo' logo ao minuto 5. Foi inevitável. Os de Barcelos estavam a sufocar, tendo conquistado quatro cantos, nos quatro primeiros minutos de jogo. Na sequência de um desses lances, Santi Garcia desviou a bola, ao primeiro poste, e fez o 1-0.

Depois, a formação orientada por César Peixoto abrandou o ritmo e geriu a posse de bola. Em cima do intervalo, Pablo desperdiçou uma grande oportunidade para alargar a vantagem e ir para o descanso com mais tranquilidade, ao falhar um penálti… O número 9 não acertou sequer com a baliza. A bola foi para as nuvens…

Ao intervalo, César Peixoto tirou o amarelado Zé Carlos e lançou Hevertton Santos. A braçadeira de capitão passou para Buatu. Já João Pedro Sousa lançou Pedro Lima e tirou Sidi Bane, passando Diogo Spencer (que começou a partida a jogar no meio) para lateral-direito, a sua posição de raiz.

O Aves SAD entrou muito mais perigoso no segundo tempo e criou várias ocasiões de perigo junto à baliza dos forasteiros. Ninguém diria que o que víamos era a única equipa do campeonato que ainda não tem qualquer vitória…

Aos 56', o Gil Vicente voltou a ter uma grande oportunidade para alargar a vantagem. Ninguém conseguiu desviar a bola, após um cruzamento teleguiado de Luís Esteves, na sequência de um livre pelo lado esquerdo. O esférico acabou por bater à frente de João Gonçalves sem que houvesse qualquer desvio e passou a raspar o poste esquerdo da baliza avense.

Se o cantar do galo parecia imperturbável, a entrada do ancião Nenê, aos 71 minutos, mudou tudo e a reta final do jogo foi muito mais animada. O histórico avançado ganhou um penálti a praticamente cinco minutos dos 90. O próprio foi chamado à conversão, mas… falhou: bateu para o meio e Andrew sacou a bola com as pernas.

O pedido de desculpas veio logo a seguir. Depois de falhar o penálti, Nenê não tardou em fuzilar as redes, após passe de Pedro Lima, numa fase em que o Aves SAD estava constantemente em cima da baliza do Gil Vicente - muito por culpa de Nenê que agitou o jogo, foi desorientando o defensiva gilista e mostrou quem manda ali.

O grande destaque do jogo acabou mesmo por ser avançado de 42 anos, que renovou o próprio registo de segundo jogador mais velho a marcar na I Liga. Oliveira ainda é o detentor desse recorde. Marcou aos 43 anos e três meses, pelo Académico FC, em 1939.

Com este resultado permanece tudo igual para as duas equipas, em termos classificativos. Gil Vicente mantém-se no 4.º lugar e Aves SAD em último (ainda sem qualquer vitória).

O melhor em campo: Nenê
Aos 42 anos, três meses e 12 dias, aquele que é já um dos nomes mais marcantes do campeonato português no presente século (melhor marcador na edição 2008/09, com 20 golos), voltou a fazer história a esticar um recorde que o próprio tem vindo a bater desde a época transata. Nenê é o segundo jogador mais velho a marcar na I Liga. O avançado entrou a 20 minutos do fim e mudou o jogo. Apesar de ter desperdiçado uma grande penalidade (ganha pelo próprio), o experiente avançado agitou a partida e conseguiu empatá-la já perto do minuto 90.

As notas dos jogadores do Aves SAD (4x2x3x1): João Gonçalves (6); Bane (4); Rúben Semedo (5); Devenish (5); Kiki (5); Gustavo Assunção (5); Jaume (5); Diogo Spencer (6); Babatunde Akinsola (5); Perea (5); Tomané (4); Pedro Lima (7); Nenê (7); Leonardo Rivas (4); Diego Duarte (4); Carlos Ponck (-)

A figura do Gil Vicente: Luís Esteves
O médio de 27 anos regressou ao onze de César Peixoto, depois de ter cumprido um jogo de castigo (devido a expulsão, frente ao Alverca). Luís Esteves voltou para assumir a batuta da orquestra gilista e foi (como é apanágio) um jogador crucial nos processos ofensivos da equipa. Na segunda parte, não resolveu o jogo por azar (ou por milímetros...), após um livre pelo lado esquerdo, que passou a milímetros da baliza dos Aves SAD. A bola sai sempre redonda do pé do ex-Nacional.

As notas dos jogadores do Gil Vicente (4x2x3x1): Andrew (5); Zé Carlos (4); Buatu (5); Elimbi (4); Konan (5); Caseres (5); Luís Esteves (7); Murilo (6); Santi Garcia (7); Joelson Fernandes (5); Pablo (4); Hevertton Santos (4); Martin Benitez (4); Gustavo Varela (3); Zé Carlos Ferreira (3); Tidjany Touré (5)

O que disseram os treinadores:

João Pedro Sousa, treinador do Aves SAD

A segunda parte foi bastante melhor do que a primeira. Os primeiros cinco minutos, condicionaram-nos bastante. Foram muito estranhos, sofremos ali situações de bola parada junto à nossa área em que não conseguimos sair dali e o Gil chegou ao golo. Ao intervalo falámos e entrámos na segunda parte a acreditar mais e assumimos o risco de pressionar mais alto e de empurrar o adversário para os corredores ou para trás.

César Peixoto, treinador do Gil Vicente

Fizemos uma primeira parte dentro do que projetávamos. Fomos melhores, fizemos um golo e falhámos um penálti quando podíamos ter matado o jogo. Na segunda parte, não entrámos tão bem, houve ali um período em que deixámos de ser uma equipa proativa e isso fez com que o Aves SAD ganhasse confiança e nós a perdêssemos. No cômputo geral, o empate até se aceita. Vamos crescer com isto, não tenho dúvidas.