A emoção de Isaac Nader após a vitória nos 1500 m nos Mundiais de Tóquio. EPA/FRANCK ROBICHON

Mundiais de Tóquio: «Já calei muita gente! Hoje fui campeão do Mundo e fiz história»

Isaac Nader conquistou a oitava medalha de ouro em Campeonatos do Mundo para Portugal ao vencer os 1500 metros no Japão e explicou porque acabou com o tique de olhar para trás.

Isaac Nader lamentou não ter a família do outro lado do Mundo, onde conquistou o título Mundial nos 1500 metros, mas feliz por poder abraçar Salomé Afonso, «companheira de treino e de vida». O algarvio disse mesmo que na véspera ficou triste com o 12.º lugar da portuguesa na final dos mesmos 1500 m e que ela hoje se estava a sentir campeã do Mundo. «É a minha tradutora especial, a minha companheira de todas as horas. (...) Vivemos os momentos menos bons e os muito bons, como hoje», elogiou o algarvio de 26 anos.

«Levo muito tempo a dizer que acreditava muito nisto, que era o meu sonho, ganhar uma medalha. (...) Hoje, sou campeão do mundo. Só há um título maior, que é ser campeão olímpico. (...) A quem dizia que o Nader não podia ganhar: já calei muita gente. Mas essas pessoas não importam, importo eu, a minha família, a Salomé [Afonso, namorada e também atleta], o meu treinador», atirou.

Nader, medalha de bronze nos Europeus em pista curta Apeldoorn2025, em março deste ano, assumiu sempre a satisfação por voltar a uma final de um Mundial, depois de ter sido 12.º e último em Budapeste2023, após quebrar nos derradeiros 200 metros, tendo, em 2024, sido 10.º nos Europeus Roma2024, pagando o desgaste de uma queda na semifinal que o deixou fora da corrida decisiva nos Jogos Olímpicos Paris2024.

Hoje, fez justiça aos percalços e chorou e sorriu, agarrado à bandeira portuguesa onde embrulhou a primeira medalha desta edição dos Mundiais.

«Nos últimos 100 metros, acho que vinha em sétimo, pensei em dar tudo até final, porque ainda podia ser campeão mundial e porque ninguém me tinha de passar. Desta vez, a meta tinha de ser o foco, não podia olhar para trás. Ninguém hoje pode criticar o Isaac por olhar para trás», contou.

Portugal - Medalhas de ouro em Mundiais

  • TÓQUIO2025

    Isaac Nader (1.500 metros)

  • OREGON2022

    Pedro Pablo Pichardo (triplo salto)

  • LONDRES2017

    Inês Henriques (50 km marcha)

  • OSAKA2007

    Nelson Évora (Triplo salto)

  • ATENAS1997

    Carla Sacramento (1.500 metros)

  • GOTEMBURGO1995

    Fernanda Ribeiro (10.000 metros)

    Manuela Machado (Maratona)

  • ROMA1987

    Rosa Mota (Maratona)

«Às vezes, as pessoas não percebem porque olho para trás. Quando não posso passar ninguém, olho ao menos para assegurar o lugar que tenho. Aconteceu nos últimos Mundiais de pista curta. Não é por insegurança, foi um tique que ganhei. Se é bom ou mau... é o que é. Nos últimos 40 metros, acreditei bastante e achava que tinha tanta energia, surpreendi-me a mim mesmo», contou o campeão do mundo do Benfica na zona mista do Estádio Nacional.

Feliz, agarrado à bandeira e a uma falsa medalha, dado que a cerimónia do pódio só se realiza amanhã, revelou: «Hoje, nem sei com quanto [tempo] ganhei, o que importa é que ganhei. No final, faltavam 200 metros, tinha energia, não sabia quanta ainda tinha no tanque. Havia uma pequena fase em que o atleta que vinha nas costas, pela lateral, pedia para que não me complicasse a vida e me ‘fechasse’ para os últimos 100 metros. Tive espaço para acelerar tudo o que tinha. Hoje, fui campeão do mundo e fiz história», repetiu como que ainda a tentar acreditar no que acabou de fazer.