Mourinho vê fraquezas no Benfica e vai às compras em janeiro: tudo o que disse
— Que espera do jogo com o Arouca, regresso do Benfica à Liga?
— Precisamos de ganhar. Não estamos em primeiro no campeonato. Temos uma desvantagem de quatro pontos e de um ponto para superar. Precisamos de ganhar jogos. No último jogo do campeonato empatámos fora, no último jogo em casa foi difícil, mas conseguimos os três pontos. O importante para nós é manter a pressão sobre os dois rivais que estão à nossa frente no campeonato. Temos a lesão do Dedic, que o afasta deste jogo. Mas a equipa está bem. Obrigatoriamente, temos de ter a mentalidade e a capacidade de encerrar capítulos. E o capítulo de Newcastle foi encerrado. É hora de esquecer a Champions durante um par de semanas. E relembro: há 16 ou 18 equipas com 0 pontos, 1 ponto, 2 ou 3 pontos. O que significa que estamos a 3 pontos de uma posição de classificação. Claramente há ali um espaço importante para as equipas que ganharam os três jogos ou que têm 6, 7 pontos. Há ali um espaço importante que pode perfeitamente ser controlado por nós, fazendo pontos, ganhando os próximos jogos. Mas amanhã esperamos um adversário típico destes adversários a que chamo de posições tranquilas na tabela. Têm qualidade para terem épocas tranquilas, têm qualidade para poder desenvolver bom jogo, um bom futebol. Não sentem nenhum tipo de pressão, nem a pressão de jogar para o título, nem a pressão de jogar para não descer. São boas equipas, bons jogadores, bem treinadas, o que obviamente vem para nos criar dificuldades. Peço desculpa por ter dado só 15 minutos [de treino aberto], mas precisávamos daquele espaço para trabalhar. Acredito que vamos ganhar.
— Dedic está lesionado. Vai apostar em Tomás Araújo ou Aursnes?
— São as nossas duas opções, diferentes no sentido das qualidades, mas iguais no sentido em que os dois são adaptações. Tomás é um central, Fredrik [Aursnes] é um médio, ambos já jogaram nesta posição, inclusivamente nesta época. Diria que o Tomás é uma opção mais conservadora e o Fredrik uma opção mais ofensiva, obviamente pelo tipo de qualidades. Leandro Santos vai com a equipa B à Vila da Feira. Há miúdos que precisam de jogar, de vez em quando é importante para eles irem à equipa B.
— José Mourinho é sócio? Vai votar?
— Sou sócio e vou votar.
— Recebe o Arouca em dia especial, de eleições, com estádio provavelmente a ferver.
— São equipas que jogam bem, que não têm aquela pressão. Às vezes catapulta as equipas para serem melhores, mas na maioria das vezes a pressão atrofia um bocadinho o desenvolvimento das equipas, principalmente da qualidade do jogo. O Arouca está nesse patamar de tranquilidade. Acredito que vamos conseguir ganhar e quanto à alusão ao dia das eleições, eu acredito que é um dia de grande benfiquismo. Acredito que é um dia em que todas as pessoas vão ao estádio para viver o Benfica, para viver o Benfica ao nível eleitoral, para viver o Benfica ao nível do jogo. Muitos, ou a maioria, frustrados como nós com o resultado da passada terça-feira. Eu, de um modo muito pessoal, acho que somos grandes de mais para estarmos contentes com o mal dos outros. Acho que fomos grandes de mais para isso. Mas a realidade é que as equipas que nesta jornada de Champions jogaram contra as equipas inglesas levaram todas pesado. São equipas com uma dimensão grande. Mas fizemos uma muito boa primeira parte, com personalidade, de uma equipa que quis ganhar, de uma equipa que podia ter marcado primeiro, de uma equipa que foi igual a um adversário mais poderoso. Depois, na segunda parte, colapsámos ao nível mental, ao nível da organização. Acredito que a equipa vai dar resposta e acredito que poderemos ganhar o jogo.
— Disse no final do jogo em Inglaterra que o Benfica sentiu dificuldades na transição. Disse também que Leandro Barreiro era o avô no banco. O plantel é bom ou não é bom?
— Eu gostava tanto do plantel do Benfica que quis tirar-lhe um jogador importantíssimo. E fiz tudo para tirar um jogador importantíssimo. E, se calhar, um dos motivos para sair do Fenerbahçe tão cedo teve a ver exatamente com a frustração de não ter conseguido tirar ao Benfica um jogador que eu considerava fundamental na minha maneira de pensar o jogo. E foi com muita pena que, de maneira indireta, contribuí para que o plantel do Benfica fosse diferente. Culpa minha. Fiz tudo o que era possível para ter esse jogador comigo. Acabei por não tê-lo comigo nem no Fenerbahçe nem no Benfica. É verdade que gosto do plantel do Benfica, que gosto de muitas coisas, é verdade também que vocês me conhecem e conhecem as minhas características como treinador, como comunicador. É verdade que obviamente ao jogar contra o Benfica eu quis também retirar um bocadinho de pressão ao meu lado e pôr um bocadinho mais de pressão no Benfica, inclusivamente do ponto de vista da história, da tradição, da dimensão, da familiaridade dos jogos da Champions. Mas também é verdade que eu acho, e acha a estrutura que trabalha comigo no Benfica, assim como os candidatos e os adeptos, que nos falta qualquer coisa. E essa qualquer coisa não são 10 jogadores, nem 15 jogadores, nem 5 jogadores, porque muitas vezes basta um jogador de um determinado perfil, ou um jogador porque é mais experiente, ou um jogador porque tem características que os outros não têm. Muitas vezes basta um ou dois jogadores para melhorar uma equipa, para melhorar toda uma dinâmica. Em Janeiro o Benfica vai ter seguramente um ou dois jogadores que possam ajudar a melhorar a nossa equipa. Se há alguém que gosta de lançar jogadores jovens, eu sou um deles. Se há alguém que tem na sua história jogadores como Varane, com 18 anos, Scott McTominay, com 18 anos, Petr Cech, com 18 anos, se há alguém que tem uma história com jogadores assim, sou eu. No nosso plantel existe este tipo de jovens, uns vão conseguir chegar mais alto, outros nem tanto. Não é que exista algum tipo de contradição. Estou otimista que ao nível interno vamos estar ali até janeiro, o mais perto possível dos nossos rivais. Eventualmente, à frente dos nossos rivais, não se sabe, mas vamos estar ali numa luta pelo campeonato. E estou absolutamente convencido de que quando fizermos os primeiros três pontos na Champions — espero que sejam obviamente com o Bayern Leverkusen, mas temos o Leverkusen e o Ajax — nos metemos na luta e que vamos lutar até ao fim pela qualificação.
— Já disse que vai votar, revê-se nas ideias de algum candidato?
— Respeito todos os candidatos ao máximo. Olho para o meu presidente como um dos seis candidatos e não como o meu presidente. E sei em quem vou votar. Quer saber em quem? No Benfica. Vou votar no Benfica.
— Prestianni regressou, o que pode ele trazer ao Benfica?
— Acho que foi uma boa decisão deixá-lo ir, é difícil dizer que não. Achámos também que deveria ir, exatamente para isto, para se desenvolver, para jogar, para competir, obviamente contra miúdos da idade dele. Mas competir é importante, sentir responsabilidades é importante, sentir a pressão de jogar pela sua seleção, neste caso uma grande seleção com uma grande tradição, sentir o que é jogar uma meia-final, sentir o que é jogar uma final, acho que foi uma ótima decisão ter ido. Já se treinou ontem, já se treinou hoje, está convocado, está no grupo e pode ser uma opção para nós amanhã, principalmente vindo com confiança, com alegria. Também tristeza de perder, mas alegria por as coisas lhe terem corrido bem, é um miúdo que seguramente terá minutos amanhã e que nos pode ajudar.
— Fica de alguma forma aliviado com a chegada do dia das eleições? Porque houve muito barulho com as eleições.
— Não, nós sempre trabalhávamos tranquilos. Honestamente, acho que o período pré-eleitoral deve ter sido estimulante para os candidatos. Verdadeiramente, o Benfica é assim, deve ser estimulante. Obviamente que chega um mínimo eco, mas honestamente não teve nenhum tipo de influência negativa, sempre fizemos o nosso trabalho o melhor que pudemos, a esse nível não acho que haja nenhum problema.