Mourinho em entrevista à UEFA - Foto: SL Benfica

Mourinho: «Se um dia eu sentir menos tristeza por perder um jogo...»

Técnico do Benfica garantiu que vontade de trabalhar não se alterou, recordou conversa com Sir Alex Ferguson e reforçou desejo de aproveitar as vitórias

José Mourinho celebrou há poucos dias 25 anos como treinador principal, mas segundo o próprio a vontade de treinar mantém-se intacta. Em entrevista concedida à UEFA, o técnico do Benfica garantiu que o foco diário é o mesmo do primeiro dia, mas antecipou o futuro: «Se um dia eu sentir menos prazer a levantar-me cedo para vir trabalhar, se um dia eu sentir menos alegria por ganhar um jogo, se um dia eu sentir menos tristeza por perder um jogo, se alguma coisa mudar, é uma luz vermelha que se acende.»

O treinador de 62 anos recordou uma conversa com Alex Ferguson, antes do duelo entre Manchester United e Real Madrid, em 2013, para garantir que o fim não está próximo: «Estive no escritório dele antes do jogo, e eu faço-lhe a pergunta: 'Sir Alex, isto muda com o tempo? No sentido de, antes de um jogo dessa dimensão, a tensão, a adrenalina a chegar.' E ele disse-me: 'Não, não muda', Já passaram mais de 10 anos, e o meu feeling não muda, ou seja, não há red lights, continuo igual a mim próprio.»

Dez clubes, 25 anos e 26 títulos depois, Mourinho, mais altruísta admitiu desejo de alterar ligeiramente a forma como vive cada partida: «No outro dia, mesmo em conversa com o meu staff, eu dizia 'temos de de desfrutar um pouco mais das coisas boas, não de uma forma louca como é óbia, porque depois, quando as coisas más acontecem, não há maneira de escapar. Agarram-nos, o insucesso agarra-nos e não nos deixa fugir. Somos obrigados a dormir mal depois do jogo que perdemos.»

«A vida de jogador e de treinador é a melhor vida do mundo até ao jogo. O jogo é, digamos, o êxtase. E depois do jogo vem a alegria da vitória, a frustração da derrota. A minha motivação é aquilo que eu faço e aquilo que eu quero fazer, não é aquilo que eu fiz. Eu não tenho muito tempo de refletir, nem quero refletir», destacou José Mourinho, orgulho do percurso que trilhou.

O técnico do Benfica remete, ainda assim, qualquer exaltação dos feitos do passado para o término da carreira: «Agora não tenho tempo, nem faz parte da minha mentalidade. Eu digo sempre 'podem roubar-me tudo, mas a história que eu fiz ninguém ma poderá roubar'. Mas já está. Quando tu estás no ativo, quando tu trabalhas, quando tu tens ambições, aquilo que foi feito não conta.»