Miguel Oliveira: «Prefiro ver como uma vírgula e não como um ponto final»
A BOLA falou com Miguel Oliveira, que segue do Japão para a Indonésia, onde no próximo fim de semana volta à competição no 18.º GP da época, que conta 22 corridas.
- Miguel, com que perspectivas encara esta nova aventura nas Superbikes?
- Vejo esta nova fase com muita motivação. É um desafio diferente, mas ao mesmo tempo muito estimulante. Acredito que tenho as ferramentas e a experiência para ser competitivo desde o início e para ajudar a equipa a crescer ainda mais.
- Foi uma decisão difícil? Era a melhor opção ou tinha outras alternativas?
- Sim, foi uma decisão difícil porque o MotoGP é a casa onde cresci e onde competi durante 15 anos. Mas senti que este passo era o melhor para mim neste momento da carreira. Havia alternativas, claro, mas esta foi a que mais sentido fez a nível desportivo e pessoal.
- Quando tomou a decisão? Já tinham existido contatos?
- As conversas começaram há algum tempo, mas a decisão foi amadurecida ao longo da época. Não foi tomada de forma precipitada. Foi o resultado de reflexão sobre o meu presente e futuro no motociclismo.
Datas
Estreia
2011 - GP do Qatar (125 cc)
Estreia em MotoGP
2019 - GP do Qatar
Primeira vitória
2015 - GP de Itália (Moto3)
Primeira vitória em MotoGP
2020 - GP da Estíria
Primeira pole position
2013 - GP da Holanda (Moto3)
Primeiro pódio
2012 - GP da Catalunha (Moto3)
Primeiro pódio em MotoGP
2020 - GP da Estíria
- O MotoGP é um capítulo encerrado ou espera voltar?
- Não digo que seja um capítulo encerrado. Prefiro ver como uma vírgula e não um ponto final. O futuro é sempre uma porta aberta e nunca sabemos o que pode acontecer. Para já, estou focado a 100% neste novo projeto.
- O que vai mudar em termos gerais?
- O MotoGP é a categoria rainha, com motos protótipo, feitas exclusivamente para competir. O Mundial de Superbikes usa motos derivadas das de estrada, que o público pode comprar, mas altamente preparadas para pista. A filosofia é diferente, mas a competitividade é igualmente altíssima.
- A adaptação pode ser complicada, como aconteceu com alguns pilotos? Essa nova realidade preocupa-o?
- É verdade que a adaptação pode ser exigente, porque o estilo de pilotagem e a gestão da corrida são diferentes. Mas vejo isso como uma motivação extra. Cada piloto tem o seu processo e acredito que tenho capacidade para me adaptar bem.
Miguel Oliveira
MotoGP
2025 - 25.º (19 pontos)
2024 - 26.º (10)
2023 – 16.º (76)
2022 – 10.º (149)
2021 – 14.º (94)
2020 – 9.º (125)
2019 – 17.º (33)
Moto2
2018 – 2.º (297)
2017 – 3.º (241)
2016 – 21.º (36)
Moto3
2015 – 2.º (254)
2014 – 10.º (110)
2013 – 6.º (150)
2012 - 8.º (114)
2011 – 14.º (44)
- O GP do Algarve vai ser um momento especial de despedida?
- Sem dúvida. Vai ser muito especial correr em casa, perante o meu público, sabendo que poderá ser a última vez com uma moto de MotoGP. Quero aproveitar cada volta e desfrutar ao máximo desse momento.
- Sete anos depois sente que o MotoGP ainda é o seu lugar, como já disse?
- Sim. Sinto que pertenci sempre ao MotoGP e dei o meu melhor em todas as oportunidades. É uma categoria que me fez crescer como piloto e como pessoa.
Total de vitórias: 17
Vitórias em MotoGP: 5
Total de pole positions: 5
Total de presenças no pódio: 41
Presenças no pódio em MotoGP: 7
- Aliás, há várias pessoas que continuam a defender que tem lugar no MotoGP. Sente que deixou a sua marca ou queria ter feito mais?
- Sinto que deixei a minha marca com vitórias, momentos marcantes e importantes. Mas claro que todos os pilotos querem sempre fazer mais. Levo comigo muito orgulho pelo que conquistei, sabendo que representei bem o meu país, patrocinadores e os meus seguidores.
- Algumas pessoas questionam a gestão de carreira, nomeadamente as mudanças de equipa. Faria tudo igual? O que mudaria?
- A gestão de carreira é sempre feita baseada na informação e o contexto que temos no momento. Tomei todas as decisões em consciência e com convicção. Claro que olhando para trás há sempre coisas que podiam ter corrido melhor, mas que não dependeram de mim nem da gestão da minha carreira desportiva. Cada mudança trouxe-me aprendizagens valiosas.