Mercado Benfica: «Sidny tem uma arrogância positiva»

Sidny Cabral é o primeiro reforço do Benfica no mercado de inverno e falta, agora, saber o que o polivalente internacional cabo-verdiano pode dar à equipa treinada por José Mourinho. Sidny é lateral-direito, mas joga como lateral-esquerdo e também pode ser ala, nos dois flancos.

Argumentos importantes para os encarnados e sublinhados a A BOLA por José Faria, que o treinou no Estrela da Amadora até setembro, nesta que é a primeira época de Sidny no futebol português depois de experiências no RW Erfurt e no Colónia (Alemanha), no Helsingborgs (Suécia) e Twente (Países Baixos).

«É fácil olharmos para o Sidny e vermos as capacidades físicas que ele apresenta. Um jogador rápido, tecnicamente evoluído, forte no pé esquerdo, pé direito, ambidestro, com uma facilidade enorme de jogar por fora, por dentro e grande capacidade no último passe», começa por detalhar José Faria.

O treinador, porém, acrescenta qualidades menos óbvias no jogador de 23 anos que chega às águias.

«A personalidade dele, o perfil, o caráter. Estamos a falar de um jogador que não tem medo de assumir a responsabilidade dos desafios, que tem arrogância muito positiva, saudável, como quem diz: 'sou bom, tenho capacidade e por isso vou fazê-lo, independentemente do que possa vir aí'. A prova disso mesmo é ele assumir, por exemplo, os penáltis, os livres diretos, ou tantas vezes procurar o um contra um ofensivo, o ganho de faltas, por exemplo», diz José Faria.

Segundo a análise do técnico, Sidny «é um jogador que, do ponto de vista da personalidade, apresenta estes índices muito interessantes», além de ser também «muito fiável do ponto de vista físico». José Faria recorda que «não apresenta histórico de lesões» e esteve «sempre muito presente em todos os treinos», mostrando vontade e capacidade para «querer treinar mais, mais e mais».

Além de validar a contratação, o treinador antecipa sucesso: «No Benfica, com jogadores melhores, um nível melhor, Sidny só tem tendência a subir o nível, melhorar cada vez mais. Não tenho dúvidas de que pode ajudar.»

Para contratar Sidny Cabral, o Estrela precisou ser rápido. E contou com um aliado importante.

«O Sidny foi apresentado à equipa técnica através do scouting, e devo dizer que havia outros clubes portugueses na luta. Foi-nos apresentado, avaliámos e achámos que reunia todas as capacidades. Na altura ele estava na seleção [de Cabo Verde] com o Jovane Cabral [avançado internacional cabo-verdiano e jogador do E. Amadora] e liguei ao Jovane para ter mais informações», lembra José Faria. A resposta foi positiva e convincente: «Falou logo maravilhas dele, disse-me que era um craque. Passei a responsabilidade para o Jovane, enquanto capitão, para lhe dizer que tinha de vir para cá, para ajudar a convencê-lo, e depois foi o processo natural. Fizemos uns zooms, umas reuniões, falámos com Sidny, apresentámos-lhe o projeto e foi assim.»

Da contratação à convicção de boa aposta, foi rápido. «Na pré-época, rapidamente percebemos que era um jogador que reunia as capacidades. O contexto diz-me pouco, porque seja um jogador que venha dos sub23 ou da terceira divisão, o que os meus olhos veem a nível de processo de treino é o que vou considerar e ele apresentou indicadores de que era um jogador que podia jogar e impor-se, e foi isso que ele fez com naturalidade», recordou o técnico de 39 anos.

Confrontado com as impressões iniciais de José Mourinho, que já admitiu estar para perceber onde utilizar Sidny numa primeira instância pelo facto de este jogar à direita ou à esquerda, como lateral ou ala, José Faria afirma que o lateral de 23 anos será útil independentemente do papel que venha a ser-lhe atribuído. Principalmente se for visto como concorrente de Dedic na lateral direita ou de Samuel Dahl pela esquerda.

«Acho que pode perfeitamente competir com esses nomes pela respetiva posição. Seja à direita ou à esquerda, entra nesse lote. O Benfica joga com uma linha de quatro defesas, mas sabendo-se que os laterais, neste caso, são muito ofensivos, o Sidny procura muitas vezes estar alto ou fazer movimentos para a frente. Acho que ele, seja com o Dedic ou o Dahl, tem a capacidade de competir pela posição com eles», diz José Faria.

O treinador analisa o comportamento e escolhas técnicas nas águias para suportar a sua ideia.

«Se olharmos para as adaptações mais recentes do Benfica nas laterais, muitas vezes o Aursnes andou a jogar ali, até mesmo o Tomás Araújo, e acho que, claramente, uma equipa como a do Benfica fica a ganhar se tiver um jogador como o Sidny Cabral», diz Faria, atualmente sem clube e no mercado.

Para finalizar, o treinador concluiu o que Mourinho também deve ter entendido quando pediu a contratação: «Com alguém vertical como o Sidny, que tanto poderá dar do ponto de vista ofensivamente, o Benfica terá muito a ganhar.»