Martín Anselmi e Ruben Amorim: a mesma luta
FC Porto e Man. United são dois clubes com pouco em comum, além de um desânimo atual dos adeptos e talvez de demasiados treinos com nevoeiro e chuva, devido à localização geográfica. É certo que ambos têm uma história de peso, que os obriga a lutar sempre por títulos, mas ainda assim em dimensões diferentes.
Daí que quando um treinador português assumiu os comandos da equipa de Manchester se tenha tornado uma figura à escala mundial. Ruben Amorim foi para Inglaterra com uma aura especial na bagagem e uma estrelinha que se tem vindo a apagar. Ninguém do United o poderá acusar de os ter enganado: é o mesmo treinador, é a mesma ideia, a mesma comunicação (agora mais exagerada pela quantidade de vezes em que é obrigado a falar). Os resultados mostram-no aparentemente menos sorridente, mas a confiança nos seus métodos mantém-se intocável. Foi isto que procuraram em novembro, é isto que vão ter. À sua volta, mais entre comentadores do que adeptos, crescem as dúvidas: por que não muda? Que teimosia é esta? A resposta já foi dada pelo próprio Ruben Amorim: é qualquer coisa como sobreviver até ao verão e depois é que vai ser. Nós, os portugueses, já vimos este filme (e correu bem!), mas os ingleses estão mais à toa.
E é por esta altura que vou chegar a Martín Anselmi, também ele jovem, também ele com um trabalho realizado que chamou a atenção de um clube e campeonato maiores, também ele extremamente fiel à sua ideia, ao seu sistema, aos seus métodos e à sua comunicação. Os resultados estão à vista: duas vitórias em sete jogos e uma equipa que pouco ou nada entusiasma. Por que não muda? Que teimosia é esta? Ora, suponho que tenha sido exatamente por isto que André Villas-Boas o foi buscar ao México: Anselmi tem um plano e a direção do FC Porto entendeu que estava na altura de arriscar e de lhe dar meia época para o ir consolidando. Entretanto, saíram Nico González e Galeno (o melhor jogador portista e um dos mais influentes) e é uma questão de sobreviver até ao verão e depois é que vai ser.
Ruben Amorim e Martín Anselmi têm muito a provar, em clubes que estão longe dos seus melhores dias e num ambiente de permanente dúvida sobre se são capazes de dar a volta. Para já, além do cliché de terem de lutar por vitórias jogo a jogo, só vejo duas formas de ganharem tempo: não caírem no erro de mudar tudo ou de não mudar nada e convencerem os adeptos que são exatamente os mesmos treinadores que alguém contratou para atravessarem a tempestade.