Mário Branco, observação de jovens e a razão de Bruno Lage: tudo o que disse Mourinho
— Que Vitória espera encontrar e como recuperou o seu plantel, após o jogo com o Tondela?
— O Vitória é o Vitória, jogar em Guimarães é jogar em Guimarães, podem estar num melhor ou pior momento, melhor ou pior classificados, é sempre difícil. Ainda estamos num período do campeonato em que as classificações não refletem o verdadeiro valor das equipas e o Vitória não vai acabar na posição onde está, como quase sempre vai acabar na parte alta da classificação. Tem boa equipa, bons jogadores, um dos apoios mais importantes que temos no campeonato. Não jogaram na Taça da Liga, tiveram uma semana para preparar o jogo, nós não, mas temos de estar preparados. A fadiga existe, não é fictícia, mas o Benfica joga para ganhar o campeonato, temos de ir lá com enorme ambição, mas completamente cientes das dificuldades que vamos encontrar.
— No debate de quinta-feira, Rui Costa prometeu investimento em janeiro. Tem falado com o presidente sobre os jogadores de que precisa em janeiro numa altura em que se fala em Renan Lodi? Fala-se muito também do eventual regresso de Bernardo Silva. Gostava de tê-lo na equipa?
— Não lhe vou mentir, obviamente vi o debate entre os dois candidatos, mas tudo o que possa sair do debate não vou comentar, nem nomes de jogadores que disseram, já falei o suficiente sobre o mercado. Acho que as minhas palavras têm sido deturpadas, porque nunca disse quero e exijo, pelo contrário. Disse sempre que o meu trabalho é melhorar os jogadores que tenho, depois em janeiro se houver a possibilidade de um jogador melhorar o plantel… Sempre fui muito objetivo, nunca pedi jogadores ao presidente, não tenho uma lista, nada que pudesse causar algum tipo de discussão entre os candidatos. Nem no dia 1 de janeiro vou mudar o tema. Estou aqui para melhorar os meus jogadores, depois logo se vê.
— Falou-se muito de formação esta semana. Como olha para este timing de lançamento de jogadores da formação?
— Os jogadores estão todos mais motivados, sejam os mais jovens à procura de oportunidades, sejam os mais velhos a lutar para manter o status na equipa. Honestamente os jogadores para mim não têm idade, se tiver de lançar um jovem de 17 anos não terei problema nenhum. Estou cá há pouquíssimo tempo, estou a tentar conhecer jogadores o mais possível, a equipa B é a que está mais perto e circulamos jogadores, é mais fácil ter conhecimento destes jogadores. Mas há jogadores que têm potencial tão elevado que queimam etapas. É possível que me apaixone por um jogador que não está na equipa B nem nos sub-23 que possa dar o salto direto. Os treinadores são todos diferentes relativamente à forma como avaliamos o potencial. Pode ser que decida que o jogador que esteja menos preparado, mas que sinta que possa ter um maior peso no futuro, possa saltar etapas. Como treinamos de manhã e acabamos o trabalho às 16h, em vez de dormir a sesta vou ver treinos e conhecer os miúdos o melhor possível. Faz parte da cultura do Benfica e, ao mesmo tempo, das coisas mais bonitas que acontece a um treinador é lançar jogadores. Não posso dizer a totalidade, mas diria que uma larguíssima percentagem de jogadores que se estrearam comigo são jogadores com quem continuo com uma relação quase umbilical, é das coisas mais bonitas que acontece no futebol.
— Pedro Ferreira é um nome que João Noronha Lopes tem para diretor-geral e não abdica dele. Está preparado para trabalhar com Pedro Fereira?
— Já disse que vi o debate, mas não quero fazer nenhum tipo de comentário. Se me fizer essa pergunta na segunda-feira após às eleições, respondo sem qualquer problema, neste momento não. A única coisa que digo em relação a este debate e ao outro com todos os candidatos é agradecer o respeito com que se dirigiram a mim e com que falaram da minha pessoa, é muito agradável. Tive sempre esta postura, votei Benfica e depois na segunda-feira em vez de estarmos a falar de situações hipotéticas podemos falar de situações reais.
— Pela relação que tem com Mário Branco, a entrada de Pedro Ferreira poderá ser um problema para si? Independentemente de tudo vai continuar a ser treinador do Benfica?
— Não vale a pena falar de situações hipotéticas, segunda-feira respondo em relação à realidade. Neste momento acho que devo continuar a merecer o respeito de todos e o motivo pelo qual tenho sido respeitado é exatamente porque os respeito.
— No final do jogo contra o Tondela disse que sentiu que tinha falhado na tentativa de apertar com os jogadores. Já começou a apertar com os jogadores tendo em vista a visita a Guimarães ou é preciso apertar mais?
— Acho que os jogadores que precisam de ser acordados para a realidade que é jogar em Guimarães são os jogadores que chegaram esta época. Sou um novo treinador no Benfica e no futebol português, mas já tenho conhecimento do meu campeonato de origem, já joguei muitas vezes em Guimarães. Os outros estão perfeitamente alertados por isso. Sempre que os candidatos ao título vão lá jogar há a expectativa se vão ganhar, perder ou empatar. É difícil, é uma equipa que luta sempre. Os jogadores estão perfeitamente alertados por isso. Contra o Tondela apresentámos uma equipa forte, sentimos, inclusive eu, que íamos ganhar e entrámos naquele ritmo de não precisamos de forçar muito para fazer as coisas diferentes. Guimarães é uma história completamente diferente.
— No segundo golo marcado contra o Tondela, o Richard Ríos fez uma grande jogada e Lukebakio estreou-se a marcar pelo Benfica. Este lance pode retirar um bocadinho de pressão aos próprios jogadores para se mostrarem e jogarem de forma mais tranquila?
— Acho que é agradável para os jogadores terem o feeling de que fizeram um bom jogo. O Richard entrou bem, o Lukebakio marca o seu primeiro golo pelo Benfica. Aquela empatia não egoísta de 'o golo não é meu, é nosso', é uma coisa muito agradável. É muito agradável para um bom jogador que chega a um novo campeonato ser o homem do jogo, apesar de eu ter feito desaparecer o troféu. É muito agradável para o Richard festejar um golo quase seu no Estádio da Luz e receber aquele calor. Pode ser bom para o crescimento deles.
— Tal como aconteceu na Taça da Liga, Barrenechea, Barreiro e Ríos podem coincidir mais vezes no trio de meio-campo?
— Podem jogar os três. Eu acho que o Bruno [Lage], uma vez, até disse que as pessoas pensam que o Barreiro é um médio defensivo, que não era de todo um médioo defensivo. Tinha toda a razão. O Barreiro é um jogador que trabalha muito, mas depois tem um timing fantástico de se projetar no ataque. É um jogador que, na verdade, pode perfeitamente jogar na posição 10. No jogo com o Fenerbahçe, na Luz, no primeiro minuto apareceu numa posição de finalização e quase que faz golo. Contra o Tondela, quando entrou o Richard e começou a jogar mais ofensivamente, aparece no segundo e no terceiro golos. São bons jogadores. Os três que têm jogado mais [Barrenechea, Ríos e Sudakov], o Barreiro e, obviamente, o Aursnes fazem um grupo de cinco jogadores muito interessantes. E depois é uma zona onde há Rego, Veloso, jovens que têm pernas para andar.
— Pode comparar Mário Branco e Pedro Ferreira? Bernardo Silva é o jogador mais desejado pelos sócios do Benfica. Também é o jogador mais desejado pelo sócio José Mourinho?
— Não quero falar do diretor Mário Branco, do Pedro, do Bernardo, não quero entrar por aí. Tenho-me aguentado tão bem, tenho-me defendido tão bem das vossas preocupações que, agora que isto está a chegar ao final, vou aguentar. Vou-me focar no Vitória, no Bayer e no Casa Pia, depois na segunda cá estaremos. O sócio gostava de ganhar o 39 e o 40, até porque gostava de ganhar o 9 e o 10 [José Mourinho conquistou até ao momento oito campeonatos nacionais]. Se o quarenta vier ao mesmo tempo que o décimo...