Má sorte do MU
Acada semana que ia passando não deixava de se notar (quase sempre em veemência): que para o Manchester United se mostrar no melhor de si, tinha de ter em si o melhor de Bruno Fernandes - e não apenas o Bruno Fernandes a jogar o jogo (todo o jogo, todos os jogos...) de coração atrevido a que não falta a boa manha e a boa picardia, a que não falta o truque surpreendente e o rasgo audaz, a que não falta a entrega intimidante e a impiedade malandra - a fazer, assim, de cada pedaço de relva uma (arrebatante ) conspiração contra a vulgaridade ou a pequenez…
Ontem, contra o Villarreal, o Manchester United não teve, porém, esse Bruno Fernandes: o jogador de campo inteiro a criar ocasiões de golo como um mago tira coelhos da cartola (ou a marcá-los ele próprio com a polvorosa do atirador furtivo) - o jogador de fulgor quente que com a bola no pé desequilibra e desconcerta, podendo, de um instante para o outro, transformá-la num poema ou num romance, num escanto, num espanto. O jogador que, desse modo, foi resgatando o Manchester United de trevas e sombras através de um talento espicaçado, capaz de romper um jogo que ameace arrastar-se numa rotina frouxa, mudando-lhe o rasto (e o rosto) como que por artes mágicas - pelo engano de não deixar ao adversário a suspeita (por muito ténue que seja…) de perceber antes dele (ou de qualquer outro) o que ele pode fazer nos seus enleios.
Sem isso, o Manchester United a não conseguiu fugir dos armadilhados atalhos em que a argúcia de Unai Emery o foi atribulando - e não tardou que se visse a resvalar para perigosos alçapões (antes ainda de ter acontecido o que aconteceu no pontapé fatal de De Gea). E quando aconteceu o que aconteceu e eu vi a Liga Europa a pintar-se de amarelo na mão de Rulli ( fugindo em forma de troféu das mãos do Bruno Fernandes que parecia destinado a erguê-lo aos céus na vitória...) - eu pensei que tudo só foi o que foi por o Bruno Fernandes não ter sido o que é (e o futebol ser mesmo assim…)