Lobos «não farão turismo» na Austrália em 2027
Depois de conhecer o sorteio do Mundial de rugby Austrália-2027, Simon Mannix não deixou espaço para dúvidas: Portugal quer competir, não apenas participar. O selecionador nacional reagiu esta quarta-feira à composição do Grupo D - que junta Irlanda, Escócia e Uruguai aos lobos — com um discurso firme e ambicioso.
«Não iremos em turismo, queremos ter um bom desempenho. Sabemos que o nosso grupo é um desafio muito grande, mas vamos dar o nosso melhor e estamos com muita vontade», afirmou o neozelandês, durante a conferência de imprensa no Centro de Alto Rendimento de Oeiras, esta quarta-feira.
A seleção nacional chega ao Mundial depois de resultados recentes pouco animadores frente aos mesmos adversários. Mannix reconheceu isso mesmo, lembrando que Portugal «não teve um bom desempenho contra estes adversários nos últimos 15 meses». Ainda assim, frisou que «qualquer grupo seria muito difícil», sobretudo fruto da posição no Pote 4 do sorteio.
Objetivos? Só mais perto do Mundial
Questionado sobre metas concretas, o selecionador preferiu afastar projeções prematuras. «É ainda muito longe do Mundial», ressalvou, remetendo para o novo duelo com o Uruguai, previsto para daqui a um ano, o momento de «fazer uma autoavaliação e começar a falar de objetivos».
Com o novo formato da competição — agora com 24 seleções — a abrir portas aos quatro melhores terceiros classificados, a possibilidade de Portugal atingir os oitavos de final surge inevitavelmente na discussão. Mannix não escondeu que o pensamento está presente: «Todas as equipas dos Potes 3 e 4 estão, neste momento, a pensar na melhor forma de o conseguirem.»
Ainda assim, deixou o essencial: «Temos de ter o nosso melhor desempenho de sempre e esse será o nosso desafio.»
A campanha recente mostra sinais mistos: a derrota pesada contra a Irlanda, em julho (106-7), o desaire na Escócia (59-21) há pouco mais de um ano, e o revés diante do Uruguai (26-8) em novembro. No entanto, os três ensaios marcados em Murrayfield e o histórico triunfo frente às Fiji em 2023 alimentam a ambição portuguesa — numa edição em que os pontos de bónus podem ser decisivos.
«Os pontos de bónus vão ser importantíssimos… e isso significa quatro ensaios. Se não conseguirmos ganhar o jogo, temos de estar na luta até ao fim», explicou o técnico nacional.
Sobre o Uruguai, Mannix destacou que se trata de uma seleção habituada a grandes palcos: «O Uruguai tem pedigree de mundialista», recordando a vitória sobre as Fiji em 2019 — que, tal como a de Portugal quatro anos depois, «ninguém antecipava antes do Mundial».
Da Escócia, o técnico sublinhou a organização e disciplina, típicas das equipas anglo-saxónicas. Já para o duelo com a Irlanda, o objetivo é claro: «Conseguir aguentar desta vez, o que não conseguimos em julho.»
O sorteio realizado em Sydney ditou que Portugal - atualmente 20.º no ranking mundial - terá pela frente a Irlanda (4.ª), Escócia (9.ª) e Uruguai (14.º). A competição decorre entre 1 de outubro e 13 de novembro de 2027, com a Austrália como palco principal.
Nos restantes grupos, destaque para o reencontro entre Nova Zelândia e Austrália no Grupo A, enquanto a campeã em título, África do Sul, entra no Grupo B. Argentina, Fiji, Espanha e Canadá compõem o Grupo C; França, Japão, EUA e Samoa alinham no Grupo E; e Inglaterra, País de Gales, Tonga e Zimbabué formam o Grupo F.