Alphonso Davies, jogador do Bayern, sofreu uma rotura de ligamentos com danos na cartilagem do joelho direito
Alphonso Davies, jogador do Bayern, sofreu uma rotura de ligamentos com danos na cartilagem do joelho direito - Foto: IMAGO

Lesão da Cartilagem: o princípio do fim?

«Mitos ou Realidade» é um espaço do Prof. Dr. João Espregueira-Mendes sobre lesões e problemas físicos relacionados com a prática do desporto

A lesão da cartilagem é uma das condições mais temidas por futebolistas e praticantes de atividade física. Atualmente, já representa uma das despesas de saúde mais relevantes em todo o mundo. Frequentemente, o diagnóstico de lesão da cartilagem está associado à ideia de que a carreira ou a capacidade de continuar a praticar desporto está em risco. Mas será que essa visão corresponde à realidade?

A cartilagem articular é um tecido liso e resistente que recobre as extremidades dos ossos, permitindo o movimento sem atrito. No joelho, desempenha um papel crucial na absorção de impactos e na estabilidade. Quando lesada – seja por trauma, sobrecarga ou degeneração – pode levar a dor, derrame e limitação funcional.

A convicção de que uma lesão de cartilagem é irreversível e marca o declínio da carreira desportiva é, na maioria das vezes, um mito. A medicina atual, especialmente a medicina regenerativa, oferece soluções inovadoras que podem retardar ou até reverter o desgaste cartilagíneo.

Entre os tratamentos modernos mais promissores está o super plasma rico em plaquetas (SPRP), uma terapia biológica que utiliza os fatores de crescimento presentes no sangue do próprio indivíduo para estimular a reparação tecidular e acelerar a cicatrização. Este tratamento promove a regeneração da cartilagem e é, particularmente, útil em lesões precoces. Existem ainda suplementos vitamínicos muito úteis para a manutenção articular.

No que diz respeito à cirurgia existem também várias novidades. O nosso grupo desenvolveu um enxerto de cartilagem inovador (Porto GUT) que preenche as áreas danificadas do joelho.

A utilização desta cartilagem tem diversas vantagens: menor agressão, preservação da cartilagem saudável do joelho, compatibilidade biológica com rápida integração dos tecidos e resultados funcionais excelentes em atletas.

A lesão da cartilagem deixou, por isso, de ser uma sentença irreversível. 

O futuro da ortopedia desportiva já começou. A combinação de técnicas pioneiras com a medicina regenerativa oferece uma recuperação e a possibilidade de regresso ao mais alto nível, proporcionando recuperações que seriam impensáveis há uma década.

O sucesso dependerá sempre de um diagnóstico precoce, bem como de reabilitação pró-ativa e personalizada.