Ricard Sánchez (ao centro) apontou o terceiro golo dos canarinhos na receção aos avenses (Foto: Miguel A. Lopes/LUSA)
Ricard Sánchez (ao centro) apontou o terceiro golo dos canarinhos na receção aos avenses (Foto: Miguel A. Lopes/LUSA)

Lei da criatividade até deu para viver dos rendimentos (crónica)

Magia de João Carvalho e Rafik Guitane elevou o Estoril para outra dimensão. Reação avense surgiu na parte final, mas dos dois golos... apenas um valeu

Quando os processos coletivos funcionam é mais fácil que a criatividade individual venha ao de cima. Quando os jogadores conseguem colocar toda a sua qualidade ao serviço da equipa a(s) vitória(s) fica(m) mais perto. Foi exatamente isto que aconteceu: os pensadores do jogo do Estoril estiveram em tarde inspirada e os canarinhos selaram o primeiro triunfo na presente edição do campeonato.

Com uma entrada forte, o conjunto orientado por Ian Cathro demonstrou, desde logo, que queria colocar fim à malapata - situação idêntica, de resto, à que vivia (e continua a viver...) o Aves SAD, outra das formações que segue sem triunfos nesta Liga - e Kévin Boma e deixou o primeiro aviso (6').

Não marcou o defesa-central togolês, haveria de marcar o médio georgiano: Nodar Lominadze respondeu afirmativamente à assistência de Ricard Sánchez e colocou os da casa em vantagem.

Por esta altura, João Carvalho e Rafik Guitane davam mostras de toda a qualidade que possuem e coordenavam o processo ofensivo do conjunto estorilista. A sociedade fez o filme do segundo golo, com jogada de requinte do franco-argelino e remate letal do português.

Os avenses só entraram verdadeiramente no jogo depois da meia hora, mas Tomané (35'), Óscar Perea (43') e Babatunde Akinsola (45+2') não tiveram sucesso nas suas ações.

Após o descanso, e talvez para se colocar a salvo de qualquer imprevisto, o Estoril voltou a marcar: João Carvalho deu mais um toque de perfume e Ricard Sánchez só teve de encostar para se estrear a marcar na Liga e selar o 3-0.

Parecia estar tudo decidido (e, efetivamente, estava), mas o emblema da Linha não se livrou de um susto. Ou, em bom rigor, dois. Um concreto, outro... efémero.

À imagem do que tinha acontecido na primeira metade, também apenas na reta final da etapa complementar se viu, verdadeiramente, a qualidade do Aves SAD. Já depois de José Mota ter esgotado as substituições para tentar extrair algo do jogo, o conjunto nortenho conseguiu reduzir a desvantagem e ousar reentrar na discussão pelos pontos: Diogo Spencer foi astuto na pressão, antecipou o erro de Tiago Brito ainda dentro da área dos canarinhos e, ato contínuo, rematou cruzado para o fundo das redes da baliza de Joel Robles.

O tempo escasseava, mas Diego Duarte ainda acreditou: o paraguaio rodou e rematou certeiro para aquele que seria o 3-2 (aos 85 minutos...), mas o VAR invalidou o golo por fora de jogo do avançado. A lei da criatividade imperou e o lucro obtido pelos canarinhos até deu para viver dos rendimentos.

O melhor em campo: João Carvalho (Estoril)
A qualidade técnica foi sempre uma das suas imagens de marca e o capitão dos estorilistas potenciou ao máximo esse atributo neste duelo com os avenses. Fez o gosto ao pé na sequência de um remate de primeira (28'), e já depois de vários lances dignos de um mágico ainda teve alma (e pernas!) para fugir pelo flanco esquerdo e oferecer, literalmente, a felicidade a Ricard Sánchez. Fácil!
A figura: Diogo Spencer (Aves SAD)
O jovem lateral-direito, de apenas 21 anos, continua a dar provas de querer aproveitar ao máximo esta nova etapa na carreira e tudo tem feito para agarrar um lugar na equipa nortenha. Se teve problemas defensivos foi, também, pela ineficácia coletiva em todas as zonas de pressão, mas isso não o impediu de manter a cabeça levantada e... estrear-se a marcar na Liga, com um remate colocado.

As notas dos jogadores do Estoril:

As notas dos jogadores do Aves SAD:

Reação dos treinadores:

Ian Cathro (Estoril):

Fizemos um jogo dentro do nosso estilo, as pessoas já têm uma ideia do que é o Estoril e acho que conseguimos demonstrar isso durante muito tempo neste encontro. Quero dar os parabéns aos jogadores pelo trabalho que realizaram.

José Mota (Aves SAD):

No lance do primeiro golo o jogador parecia o Maradona e finalizou como quis. Houve muita passividade nossa. O Estoril aproveitou os erros. Depois reagimos, em vários aspetos, e fico frustrado porque o Estoril não foi melhor do que o Aves.

Notícia atualizada às 18h33