O Famalicão venceu o Aves SAD na Vila das Aves.
(Foto: MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA)
O Famalicão venceu o Aves SAD na Vila das Aves. (Foto: MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA)

Justin de Haas foi ave de rapina em caçada tranquila (crónica)

Central apontou o único golo do jogo, num triunfo tranquilo e justo do Famalicão, que continua sem sofrer golos. Aves ainda sem vencer

O Famalicão caçou os três pontos na Vila das Aves com justiça e mostrando clara superioridade, apesar da diferença mínima no marcador. Justin de Haas foi uma ave de rapina a atacar Aderllan Santos, no momento chave do jogo. E ainda não sofreu qualquer golo no campeonato, nestas quatro primeiras jornadas.

Domínio soberano do Famalicão, mas sem aproveitamento das várias situações de que dispôs. Impulsionado por Gustavo Sá – que aos 5’ deu o mote com um remate que desviou em Rivas e saiu pela linha de fundo - e com a bola a correr pelos dois flancos, os famalicenses foram melhores e poderiam ter ido para intervalo em vantagem.

No corredor direito Rodrigo Pinheiro carrilou muitas iniciativas e destacou-se tanto a servir, como a finalizar. No primeiro caso, aos 14’ colocou com precisão a bola na cabeça de Elisor, com Simão Bertelli a afastar, por instinto, com a mão esquerda e aos 43’ replicou-se a situação, com o avançado a errar o alvo por pouco. A finalizar o lateral-direito deu nas vistas nos descontos antes do descanso quando rompeu numa diagonal na área, com o remate a passar ligeiramente ao lado.

No flanco contrário foi com Sorriso que o Famalicão importunou Bertelli. Aos 7’ o extremo brasileiro atirou por cima e aos 23’ levou para o relvado o estudo de livres trabalhado em Vila Nova, colocando em Pedro Santos, solto na área, para cabecear ao lado.

A troca de flanco de Tunde com Diogo Spencer confundiu um pouco os famalicenses e o Aves SAD criou algum equilíbrio. Momentâneo, diga-se, até porque no ataque à baliza, apenas conseguiu uma oportunidade digna desse nome, num cruzamento perfeito de Rafael Barbosa, que descobriu um espaço entre os centrais do Famalicão para colocar a bola na cabeça de Diego Duarte, mas o desvio saiu ao lado.

O controlo do Famalicão abanou um pouco com a expulsão de Léo Realpe (56’), com o Aves SAD a subir no terreno, mas sem criar relativo perigo para a baliza de Carevic, que só se viu aflito dois minutos depois num desvio de cabeça de Aderllan Santos.

Esse adiantamento da equipa da casa foi muito bem aproveitado por Hugo Oliveira, que adicionou a velocidade de Gil Dias para explorar os espaços que apareceram na defesa adversária e os famalicenses foram mais perigosos e marcaram. Justin de Haas foi mais forte que Aderllan Santos, para cabecear na sequência de um canto apontado por Sorriso.

Em vantagem, o Famalicão geriu de forma tranquila e personalizada o tempo e voltou a vencer na Liga, depois do empate com o Gil Vicente.

A figura do Aves SAD: Simão Bertelli
Com o jogo direcionado à sua área, o guarda-redes do Aves SAD esteve sempre atento. Apesar da maioria dos remates do Famalicão não terem sido enquadrados com a baliza, sempre que foi solicitado, Bertelli respondeu afirmativamente, como num cabeceamento de Elisor que afastou por instinto, com a mão esquerda. No golo sofrido foi impotente face à potência do cabeceamento

As notas dos jogadores do Aves SAD (4x2x3x1): Simão Bertelli (6), Diogo Spencer (6), Aderllan (5), Devenish (5), Rivas (5), Jaume Grau (5), Algobia (5), Molina (5), Rafael Barbosa (6), Tunde (6), Diego Duarte (5), Kodisang (5), Bruno Lourenço (5), Nenê (5), Neiva (5) e Escobar (-)

O melhor em campo: Rodrigo Pinheiro (Famalicão)
Lateral-direito moderno e ofensivo, foi um dos principais transportadores de jogo ofensivo do Famalicão, envolvendo-se com precisão e decisão no ataque à baliza adversária. Cruza a preceito, que o diga Elisor que teve duas bolas teleguiadas para a sua cabeça e não tem receio em partir para cima do adversário e tentar a sorte, como numa tentativa aos 45+1’ que passou ligeiramente ao lado.

As notas dos jogadores do Famalicão (4x2x3x1): Carevic (6), Rodrigo Pinheiro (7), Justin de Haas (7), Léo Realpe (5), Pedro Bondo (6), Marcos Peña (5), Mathias de Amorim (6), Pedro Santos (5), Gustavo Sá (6), Sorriso (6), Simon Elisor (6), Ibrahima Ba (5), Gil Dias (6), Zabiri (5) e Mamageishvili (-)

O que disse José Mota, treinador do Aves SAD

«O jogo tem partes diferentes. Na primeira o Famalicão foi melhor, nós não conseguimos estabilizar ao sair em jogo apoiado, muito por mérito do adversário, e também concedemos muito espaço para que o Famalicão jogasse e fizesse aqueles movimentos característicos da equipa. Sabemos que o Famalicão, individualmente tem uma grande capacidade e qualidade jogo, e se eles chamassem a si o jogo iriam tornar difícil as nossa marcações e forma que queríamos atuar. E isso aconteceu durante a primeira parte, jogou sempre com muito espaço e dominou. Na 2.ª parte retificámos as nossas marcações e posicionamento e fomos mais agressivos nos duelos, equilibrámos e quando acontece a expulsão do jogador do Famalicão pensamos que o jogo se torna mais fácil, e tornou-se. Começámos a ser mais fortes no meio-campo, a tentar jogar e a sairmos, não conseguimos muitas situações de perigo, mas criámos algumas. O Famalicão fez o que lhe competia, jogar na expetativa e em transição e explorar as bolas paradas, em que acabou por marcar dessa forma, em que estávamos mais que avisados para essas situações. Depois a experiência do Famalicão, muito bem posicionado, tornaram o jogo a seu favor.»

O que disse Hugo Oliveira, treinador do Famalicão

«A equipa estava a jogar muito bem 12 para 11 e acabou muito bem o jogo a jogar 11 para 11, porque não jogámos sozinhos durante esta época. Os nossos adeptos têm sido inacreditáveis e mais uma vez deram um show aqui na Vila das Aves. É verdade que estávamos a jogar 12 para 11 depois ficámos 11 para 11 com os dez jogadores e mais os adeptos e continuámos sempre no controlo do jogo. Mesmo em inferioridade dentro do campo, estivemos sempre no controlo. Na 1.ª parte dominámos de uma forma muito poderosa, é verdade também que teríamos de fazer o golo, depois daquilo que construíamos e quando estávamos tão próximo dos momentos de definição, que tem de ser limpa para crédito e valor à forma como lá chegamos. E os jogadores, pelo trabalho que fizeram, merecem essa definição de qualidade, para nós termos o jogo ainda mais controlado. A 1.ª parte foi dominada, a segunda foi controlada. É uma vitória de um grupo que tem um coração muito grande e de uma equipa que joga com alma e ideias e tem talento.»