Jorge Andrade e a Seleção: «Ronaldo e Jota são luzes que nos guiam»
Jorge Andrade considera que a Seleção está bem servida de centrais, hoje em dia jogadores mais técnicos do que no seu tempo. Em entrevista a A BOLA, projeta o Mundial 2026, com Ronaldo, claro, e por Diogo Jota
— Quanto à Seleção, agora sem o Pepe, o Rúben Dias afirmou-se, há Gonçalo Inácio, António Silva. Está bem servida de centrais neste momento?
— Sim. A posição de central e guarda-redes foi a que mudou mais no futebol. Hoje em dia se calhar tocam mais na bola do que outros colegas do meio-campo, até do que um 10. Um jogador que joga atrás do ponta-lança, por vezes, toca menos que o guarda-redes. Ou seja, são funções de jogadores mais técnicos. Na formação, em Portugal e lá fora, os jogadores já começam a introduzir desde muito novo a tática, o passe, o arriscar na saída de bola baixa, a saída ao pé do guarda-redes.
— Coisas que antes estavam mais reservadas aos médios.
— Isso mudou a característica de quem joga a central. Os jogadores como o António Silva, o Gonçalo Inácio, são médios, são jogadores passadores, são jogadores que participam no jogo, que, se fosse na minha altura, jogavam como médios. Os centrais tinham mais característica ‘rústica’, um mais para a marcação, outro para segurar. Não tocávamos tanto na bola, não íamos buscar a bola ao guarda-redes, senão os treinadores ficavam em pânico, porque a podíamos perder em zonas defensivas. E hoje em dia não, para atrair o adversário, faz-se a jogada desde baixo e os guarda-redes quase que nem me defendem. Se a equipa tiver 60% de bola, 70%, o guarda-redes toca muito na bola para construir.
«Ronaldo é a luz que nos guia, tal como Jota»
— Está a começar a qualificação para o Mundial. Como está a correr a renovação da equipa, por um lado, e a manutenção do Ronaldo, que poderá lá estar com 41 anos?
— O Ronaldo é a luz que nos guia, coloca as metas muito altas e toda a gente vai atrás dessas metas, contagia. Agora temos um objetivo maior [jogar pelo] o Diogo Jota, infelizmente, é também uma luz que nos guia. Portugal passou a ter um objetivo claro, que é ganhar um Mundial. Primeiro tem de se qualificar, mas depois da Liga das Nações, com o ganhar à Espanha, que é uma seleção fortíssima, por que não ser campeão do Mundo? A qualificação é perigosa, são seis jogos. Mas depois há um Mundial com muitas seleções, com um formato diferente. A fase de grupos é sempre perigosa e depois, quando for a eliminar, ver se a sorte e a luz que nos guia leva a bom porto.
— Porque o Ronaldo vai estar lá...
— Com certeza, é o nosso capitão. Não pode jogar pelos Legends para o Charity Game, mas já tenho saudades de jogar com ele, com o Figo, com o Deco, com o Maniche. E com certeza que ia encher o estádio com ele, mas vamos encher na mesma.