João Simões Foto: IMAGO
João Simões Foto: IMAGO

João Simões era a peça que faltava

'Bola Descoberta' é o espaço de análise do treinador Laurindo Filho em A BOLA

Expectativa para ver como o Tondela iria abordar o jogo frente a um Sporting a viver a sua fase menos positiva, no que diz respeito à qualidade exibicional, em jogos a contar para o campeonato.

Ivo Vieira apostou num 1x4x2x3x1 como ponto de partida táctico com intenções claras:

- Sem bola, impedir a utilização do corredor central por parte do Sporting, direccionando o momento ofensivo leonino para os corredores laterais (zonas de pressão preferenciais para a equipa beirã);

- Com bola, explorar o contra-ataque, ora através de ligação directa para Jordan segurar e ligar com Rony Lopes para que este solicitasse Maranhão e Ivan Cavaleiro nas costas de Maxi Araújo e Fresneda, ora através de ligação ainda mais directa entre o ponta de lança e os extremos.

- Se no plano teórico a ideia de Ivo Vieira parecia ter possibilidades de sucesso, a prática (o campo) cedo mostrou que seria muito difícil ao Tondela conseguir suster o ímpeto ofensivo do Sporting.

- Do lado leonino havia também dúvidas sobre quem iria acompanhar Hjulmand no corredor central do meio-campo e quem seria o extremo direito do tridente ofensivo no apoio a Luis Suárez dentro do habitual 1x4x2x3x1 sportinguista.

- Rui Borges optou por lançar João Simões para o duplo pivot do meio-campo e voltou a dar a titularidade a Geny Catamo sobre o lado direito do ataque.

- Ambas as apostas foram importantes para o desempenho da equipa, tendo a titularidade do jovem médio sido decisiva para a manobra colectiva da equipa.

- Ao contrário do que vimos nos jogos frente ao Estoril e o Sporting de Braga, o meio-campo leonino voltou a ter dinâmica e intensidade mental. A isso não é alheia a presença de João Simões, o qual esteve sempre muito disponível em todos os momentos e fases do jogo.

- No momento defensivo, o n⁰ 52 dos leões foi sempre um dos primeiros a reagir à perda de bola e a pressionar com inteligência e intensidade o portador da bola ou a linha de passe mais próxima do portador da bola.

- No momento ofensivo, João Simões foi versátil e inteligente. Na Fase de Construção vimo-lo na linha de 2 sobre o corredor central quando o Sporting construiu em 1x3x2x5, mas também foi possível vê-lo como falso lateral esquerdo na saída de bola em 1x4x1x5.

- Ainda no momento ofensivo, Simões foi importante sem bola, graças a inúmeros movimentos de ruptura vertical ou diagonal de dentro para fora.

- Esses movimentos permitiram não só uma maior variabilidade atacante, baralhando por completo a organização defensiva do Tondela, como também ajudaram a libertar Pedro Gonçalves para terrenos ainda mais interiores, facilitando a ligação com Trincão e Suárez.

- O próprio Maxi Araújo acabou por ter em João Simões uma valiosa ajuda, subindo no terreno com mais critério e melhores possibilidades de êxito no apoio ao ataque.

- Ao confundir a organização defensiva tondelense, criou espaços sobre o corredor central e libertou colegas para surgir nesses e noutros espaços próximos da baliza de Bernardo Fontes.

- Daí a facilidade leonina em explorar o corredor central e as entrelinhas, fosse para construção-criação-finalização, fosse para atracção com intuito de variação do centro de jogo, com natural preferência pelo lado direito, dadas as características de Catamo.

- Graças a isso o Sporting realizou uma 1ª parte de luxo ao nível do ataque posicional. Fez apenas um golo porque Bernardo Fontes esteve em noite inspirada, mas foi claramente dono e senhor do jogo.

- Ao intervalo Ivo Vieira mexeu na equipa e alterou a estrutura táctica. A aposta no 1x4x4x2 clássico revelou-se infrutífera, pois o Tondela não conseguiu ser agressivo do ponto de vista ofensivo nem melhorou no plano defensivo.

- O Sporting entrou determinado a sentenciar a partida, mas esbarrou na "muralha" Bernardo Fontes aos 46' e 48'.

- Porém o guardião tondelense nada pôde fazer para defender o remate certeiro de Pedro Gonçalves, num lance que contou com a participação de João Simões (movimento de ruptura a permitir enquadramento inicial para Pote procurar a baliza).

- Mais confortável após o segundo golo, os leões baixaram índices competitivos e deixaram de recuperar a bola em zonas mais adiantadas.

- Ivo Vieira, percebendo que a alteração táctica operada ao intervalo não tinha surtido efeito, fez regressar a equipa ao ponto de partida táctico, novamente sem qualquer impacto no rumo do encontro.

- Com a cabeça no jogo da Taça da Liga frente ao Alverca, Rui Borges geriu a equipa e refrescou o meio-campo, o ataque e a ala esquerda defensiva.

- Curiosamente o terceiro golo leonino contou com a contribuição de quatro jogadores lançados na etapa complementar, com destaque para o cruzamento milimétrico de Matheus Reis que terminou com a cabeçada certeira de Quenda.

 

- Vitória justa, indiscutível e que pecou por escassa tamanho o caudal ofensivo do Sporting, em especial ao longo da 1ª parte.

- MVP: Bernardo Fontes.