Injeções da Medicina Regenerativa atrasam ou evitam cirurgias?
Sim. Estamos a assistir a uma revolução nas alternativas terapêuticas da Medicina Regenerativa que adquiriram um papel extraordinário na cicatrização e recuperação de lesões.
Lesões da cartilagem, ligamentos, músculos e tendões relacionados com trauma ou excesso de solicitação (em horas ou carga) são cada vez mais frequentes nos praticantes de exercício físico.
Muitas delas complexas e de recuperação lenta, desafiam métodos terapêuticos tradicionais, que nem sempre conseguem uma recuperação eficaz dos tecidos. Perante esta realidade, a medicina desportiva tem vindo a explorar novas abordagens, com destaque para os tratamentos ortobiológicos — tratamentos baseados na injeção de substâncias que visam ativar os processos naturais de reparação e cicatrização.
Atualmente, já são muitas as alternativas terapêuticas injetáveis à nossa disposição: ácido hialurónico, PRP (plasma rico em plaquetas), Super PRP (plasma rico em plaquetas com alta concentração de plaquetas) e células mesenquimais (stem cells).
O PRP e o Super PRP são obtidos a partir do sangue do próprio indivíduo e contêm elevada concentração de plaquetas e fatores de crescimento, que estimulam o mecanismo de regeneração celular.
As células mesenquimais podem ser colhidas na medula óssea ou no tecido adiposo (gordura abdominal). Estas células apresentam propriedades anti-inflamatórias e regenerativas, com capacidade para atuar em lesões de estruturas músculo-esqueléticas.
Ao contrário dos tratamentos convencionais, estas abordagens intervêm na origem do problema, promovendo a recuperação através de mecanismos biológicos do próprio organismo. A evidência científica destas alternativas é cada vez mais forte, contribuindo para o aparecimento de Centros de Medicina Regenerativa, reforçando a eficácia e validade destas terapias em contextos clínicos específicos. Estudos recentes demonstram benefícios claros na redução da dor, melhoria funcional e qualidade da recuperação.
A aplicação destes tratamentos em contexto desportivo tem revelado resultados surpreendentes. Em lesões de difícil resolução, os doentes relatam melhorias consistentes na dor, na mobilidade e na função. Embora não substituam a reabilitação, os ortobiológicos parecem reforçar os processos naturais de cura, contribuindo para uma recuperação mais eficaz e um regresso ao treino com maior segurança. A crescente adesão de atletas de elite, reflete a confiança que estas abordagens têm vindo a conquistar no panorama desportivo internacional.
No futebol profissional, onde cada momento conta, a aceleração da regeneração tecidular é encarada com especial interesse, com terapias biológicas que promovem a cura celular.
A Medicina Regenerativa não substitui os métodos validos habituais, mas complementa-os, oferecendo novas soluções para proteger o rendimento e prolongar a vida desportiva dos atletas.
João Espregueira-Mendes (Presidente da Sociedade Mundial de Traumatologia Desportiva – ISAKOS), com Tiago Lopes (Especialista em Medicina Desportiva)