Há samba na loja do mestre André
Só quem andar particularmente desatento à Liga 2 e, em concreto, ao Académico de Viseu é que ficará surpreendido com a melodia que ecoa na Beira: samba puro.
É pela assinatura de André Clovis que surge o conceituado género brasileiro. Afinal, o ponta de lança é uma autêntica máquina de compor. Se querem música de qualidade, sintonizem o posto 33. É número de matador.
A história de Clovis em Portugal já vai longa. Tão longa quanto o repertório que apresenta na hora de visar as balizas contrárias. O canarinho, natural de São Paulo, chegou a solo lusitano na época 2017/20118, então para representar o Portimonense — por empréstimo do Internacional de Porto Alegre, clube onde tinha completado o processo de formação que havia também contemplado passagens por clubes mais modestos, tais como Atlético Sorocaba e Guaratinguetá, ambos do seu país natal.
Ainda logrou a estreia na equipa principal dos algarvios, mas foi nos sub-23 que começou a... disparar de todo o lado: 13 golos em 14 jogos e a certeza de que havia ali muito potencial para explorar. A rota nacional levou-o a outras latitudes e André Clovis representou Leixões e Estoril antes de, na época 2022/2023, assentar arraiais na cidade de Viriato.
A primeira temporada em Viseu foi à sua imagem: letal. Nessa caminhada, o ponta de lança apontou 31 (!) tentos em 43 jogos, mas saltou logo à vista que o faro pelo golo não era o seu único atributo. Longe disso. Porque Clovis é forte no jogo aéreo, é possante com e sem bola, e tem uma passada de tal forma larga que é um explosivo no ataque à profundidade.
No ano seguinte voltou a deixar marca (35 partidas e 13 golos), tendo baixado ligeiramente a fasquia em 2024/2025: contabilizou apenas sete remates certeiros em 33 encontros. Pelo meio, houve até a hipótese de deixar o clube — o mercado tem estado, naturalmente, atento ao possante (1,86 metros) avançado e o Académico sabe que tem ali dinheiro em caixa... —, mas a verdade é que André Clovis continua a sambar (como tão bem sabe) em terras de Viriato.
Na presente campanha, o camisola 33 já leva seis golos em nove jogos. E isto numa altura em que o Académico passa por algumas dificuldades na Liga 2, fruto de um início de campeonato menos conseguido e que colocou os viseenses num lugar (15.º) tão pouco desejado quanto inesperado. Mas Clovis tem feito a sua parte. Assim como na Taça de Portugal, prova em que também já soma três tentos — no passado sábado bisou frente ao Gil Vicente (2-1) e deu aos beirões o fato de tomba-gigantes.
Aos 27 anos, o ponta de lança está... para as curvas. E o salto pode ser dado a qualquer momento...
'El matador' leiriense
Juan Muñoz tem vestido o fato de rei do Castelo de Leiria. Depois dos 15 tentos apontados em 2024/2025, o avançado espanhol, de 29 anos, já leva cinco remates certeiros na presente temporada, mas o mais difícil até começa a ser escolher o melhor. Porque el matador até está a jogar numa posição diferente (como número 10, entrelinhas), mas com a classe de sempre.
E o golão que apontou ao Alverca, no sábado? É ver... e rever. Muñoz tem escola Sevilha e percebeu-se, desde cedo, que é um jogador diferenciado. Os adeptos leirienses vão-se deliciando. O capitão é de nível superlativo!
Liberal...ismo na Serra
As eleições autárquicas já ficaram para trás, mas na Serra mantêm-se uma forte tendência para o... Liberal(ismo).
André está a ficar em ponto de rebuçado e, aos 23 anos, parece ter encontrado na Covilhã o espaço ideal para a afirmação plena. O transmontano tem formação Chaves e Famalicão, mas ainda não conseguiu dar a devida sequência aos seus (muitos) atributos.
Rápido e forte no ataque ao espaço, André Liberal tem facilidade de remate e bom sentido posicional. Nos serranos, onde evolui por empréstimo do Paços de Ferreira, tem três golos em seis jogos e é figura da atual Liga 3. Mas vai pedindo mais...
Pasc(o)al: o filósofo de Âlcantara
Blaise Pascal foi um conceituado filósofo (e não só) francês do século XVII. «O coração tem razões que a própria razão desconhece», escreveu, à época, o gaulês.
Ora, na Tapadinha há um médio que também vai mexendo com o ritmo cardíaco dos adeptos do histórico Atlético: Catarino Pasc(o)al.
O jovem centrocampista, de apenas 17 anos, vai enchendo a intermediária do emblema de Alcântara, ora na luta pela recuperação da posse, ora dando início ao processo de construção ofensivo. E também chega a zonas de finalização (dois golos e duas assistências). Fixem este nome. A ciência fará o resto...