«Gosto da ambição do Rio Ave»
Com um currículo invejável aos 24 anos, tendo sido formado no Chelsea e passado por quatro países antes de chegar a Portugal, Jonathan Panzo, campeão do Mundo sub-17, é um dos esteios da defesa do Rio Ave. Voltar a Vila do Conde depois de um ano de empréstimo foi a escolha acertada, assegura em entrevista exclusiva a A BOLA.
— Como avalia o regresso ao Rio Ave nestes últimos dois meses?
— Tem sido muito bom. Ganhámos a última partida, isso é positivo para nós. Continuamos a trabalhar e a desenvolver o nosso jogo.
— O que o fez voltar ao clube?
— Gosto das ideias e da ambição do clube. Para mim é importante jogar, e foi uma boa ideia voltar ao Rio Ave para jogar mais vezes.
— Como avalia o nível da Liga?
— É um nível muito bom. Há boas equipas, os quatro ou cinco grandes. Os jogos são intensos, temos bons jogadores na Liga.
— Agora que voltou a tornar-se um jogador preponderante no onze do Rio Ave, como se sente?
— Muito feliz, confiante e quero continuar a ser consistente.
— Jogou em várias ligas (inglesa, francesa e belga) antes de chegar a Portugal. Considera que essas experiências foram boas para o seu crescimento como jogador?
— Sim, sem dúvida. Diferentes culturas, diferentes treinadores também… obviamente isso ajudou-me a ter uma adaptação mais rápida aqui em Portugal.
— O plantel do Rio Ave conta com muitas nacionalidades (14). Que língua falam no balneário?
— Praticamente todos falam inglês, então essa é a língua principal que se ouve. É bom ter pessoas de diferentes países. No campo, falamos todos a língua do futebol. A comunicação é sempre boa.
— Há mais dois ingleses no plantel (Nelson Abbey e Omar Richards). Costuma conviver com eles?
— Sim, conheci o Omar quando era mais jovem, joguei com ele nas camadas jovens em Inglaterra. O Nelson é um pouco mais novo.
— Esta pausa foi importante para a equipa crescer e assimilar as ideias do treinador?
— Sem dúvida. O treinador tem ótimas ideias e é bom termos mais tempo para as treinarmos.
— O jogo frente ao Sintrense está aí a chegar. Quais são as expectativas para a prova rainha?
— Apenas ganhar, ganhar, ganhar. Queremos chegar o mais longe possível e esperamos chegar até a final. Focamo-nos em vencer todos os jogos, não importa se é na Taça ou na Liga.
— O arranque da temporada foi difícil para o Rio Ave, com vários pontos perdidos na reta final dos jogos. O que mudou desde então?
— A atitude, penso eu. Não desistimos e jogamos até ao apito final. Foi frustrante sofrer golos nos últimos minutos. É uma questão de estar sempre pronto para tudo.
— Já estava no clube na última época e agora é orientado por um treinador diferente, Sotiris Sylaidopoulos. Como foi essa transição?
— A transição foi natural. Joguei em alguns países e sei como adaptar-me a essas situações. Tem sido muito bom.
— A longo prazo, quais são os seus objetivos no Rio Ave?
— Tornar-me consistente e ajudar a equipa a atingir a melhor classificação possível. Acredito que tomei a decisão certa ao voltar.
Juventude sempre bem recebida
Recheado de jovens, o plantel do emblema da caravela é o terceiro da Liga com a média de idades mais baixa (24,2 anos). A integração dos mais novos tem corrido bem e o papel dos mais experientes tem sido decisivo, frisa Panzo: «Tem sido muito boa. Não temos muitos jogadores mais velhos, não sei se me quero considerar um deles. Os mais jovens estão a aprender e a crescer também. E os mais experientes estão a ajudá-los a evoluir dentro do campo.» O inglês sublinha ainda que jogadores como Vrousai, capitão, são «muito importantes» para o grupo vila-condense: «Ajudam não apenas os jovens, mas também a mim, por exemplo. Existe um grande sentido de respeito.»
Mundial sub-17 para sempre na memória
Jonathan Panzo foi titular na final de 2017 e conquistou o título pela seleção de Inglaterra, frente à Espanha (5-2).
— Se pudesse escolher um jogo para viver novamente na sua carreira, qual seria?
— A final do Mundial de sub-17, pela Inglaterra. Para mim foi um jogo muito especial. Foi uma partida cheia de emoções. Estávamos a perder 0-2, demos a volta e acabámos por ganhar (5-2, frente à Espanha). Foi um sonho tornado realidade.
— Foi a maior conquista da sua carreira até agora?
— Sim, sem dúvida.
— E ao serviço do Rio Ave, qual foi o jogo mais marcante para si?
— Talvez esta temporada, contra o Benfica [1-1, no Estádio da Luz]. Jogámos bem, estivemos muito bem. Estávamos a perder 1-0, o André [Luiz] entra e fazemos o 1-1. Obviamente teria sido melhor ganhar, mas foi um jogo com emoção até ao fim.
— Em 2023, jogou a final do play-off do Championship, de acesso à Premier League. Nessa época, foi colega de Viktor Gyokeres no Coventry. Na altura, esperava que o sueco atingisse o nível que tem demonstrado?
— Sim, pessoalmente, esperava. Ele sempre teve a qualidade para atingir este nível. Talvez precisasse de uma plataforma maior, e conseguiu isso aqui em Portugal. E agora está no lugar onde merece estar. Dou-lhe os parabéns, e espero que continue no topo.
— Que memórias guarda do Nottingham Forest?
— Foi uma ótima experiência jogar com alguns dos melhores jogadores da Premier League. Poder ver o que fazem de perto e aprender com eles é excelente.